Impacto econômico do apagão: 537 mil imóveis continuam sem energia em SP

A cidade de São Paulo enfrenta um dos maiores apagões dos últimos anos, causado por um temporal na última sexta-feira (11), que deixou milhares de pessoas sem energia elétrica e resultou em sete mortes. Hoje (14), no terceiro dia consecutivo sem luz, 537 mil imóveis continuam sem energia, segundo dados da Enel, concessionária responsável pelo fornecimento no estado. O impacto do apagão vai muito além da falta de luz: a situação revisitou uma série de problemas que afetam diretamente a vida cotidiana da população e sua segurança.

Enel. Foto: Metrópoles

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Enel revela ter aumentado o quadro de funcionários para resolver as pendências, mas a população ainda clama por ajuda após três dias sem energia. | Foto: Reprodução/Metrópoles

Na capital paulista, a situação também é grave: 354 mil imóveis permanecem sem eletricidade, forçando moradores a lidar com os transtornos causados pela interrupção prolongada no fornecimento. Embora a Enel tenha afirmado que cerca de 1,5 milhão de clientes já tiveram o serviço restabelecido até a manhã de hoje (14), a lentidão na recuperação total da rede elétrica está gerando frustrações e desafios para os paulistas.

A causa e as consequências do apagão

O apagão foi causado por uma forte tempestade que atingiu São Paulo na sexta-feira, resultando na queda de árvores, postes e outras estruturas que danificaram a rede elétrica. Além das consequências físicas do temporal, que causou a morte de sete pessoas, o evento deixou um rastro de destruição e colocou milhares de paulistanos em uma situação de vulnerabilidade.

Com três dias sem eletricidade, os impactos desse apagão são amplos e diversos. O primeiro deles é na rotina das famílias, que tiveram suas atividades diárias interrompidas. Sem energia, muitos lares estão sem acesso à água potável, pois a falta de luz interrompe o funcionamento de bombas d’água em edifícios. Alimentos que estavam refrigerados estragaram, causando prejuízos financeiros, e o acesso à internet foi limitado, prejudicando quem depende dela para trabalhar ou estudar.

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Em áreas periféricas e vulneráveis, a falta de energia agrava a sensação de insegurança. Sem iluminação pública e em bairros onde o policiamento já é precário, moradores relatam um aumento no medo de crimes como furtos e assaltos. Além disso, a ausência de eletricidade afeta o funcionamento de hospitais e unidades de saúde, que precisam recorrer a geradores para manter os serviços essenciais.

Comércio e economia paralisados

O comércio de São Paulo também foi severamente impactado. Muitos comerciantes tiveram que fechar suas portas por falta de eletricidade, resultando em perda de vendas e de produtos perecíveis. Pequenos empreendedores, que muitas vezes dependem da renda diária para sustentar suas famílias, estão entre os mais prejudicados. Supermercados, mercearias e farmácias enfrentam dificuldades para manter produtos refrigerados e, em alguns casos, já há relatos de falta de itens essenciais, como água mineral e alimentos não perecíveis.

A economia local sofre, ainda, com a interrupção de serviços bancários e de pagamento, uma vez que muitos estabelecimentos que continuam abertos não conseguem processar transações com cartões de crédito ou débito. A paralisação afeta não só o comércio físico, mas também serviços essenciais como transporte público, que teve a circulação prejudicada em algumas áreas devido à falta de eletricidade para o funcionamento dos sistemas de sinalização.

Reação da Enel e demora na recuperação

Desde o início da crise, a Enel vem sendo alvo de críticas pela lentidão na restauração dos serviços. Embora a concessionária tenha informado que mobilizou um contingente extra de técnicos e reforçou as equipes em campo, a promessa de normalizar o fornecimento em toda a região ainda não foi cumprida. A empresa declarou que está enfrentando dificuldades operacionais devido à complexidade dos danos causados pelo temporal, mas a população segue insatisfeita com a falta de respostas claras e soluções rápidas.

Além disso, a Enel afirmou que equipes de outros estados foram convocadas para ajudar no trabalho de reparo, mas a dimensão do problema ultrapassa a capacidade inicial da concessionária de resolver a crise em tempo hábil. A demora está causando transtornos em diversas frentes e levando a uma crescente onda de reclamações por parte dos consumidores, que não estão apenas sem energia, mas também sem perspectiva de quando terão o serviço restabelecido.

O apagão como alerta para infraestrutura e mudanças climáticas

O apagão em São Paulo é mais um episódio que chama a atenção para a vulnerabilidade da infraestrutura elétrica brasileira diante de eventos climáticos extremos. O aumento na frequência e na intensidade de tempestades, vendavais e outros fenômenos, potencialmente agravados pelas mudanças climáticas, demonstra que o sistema atual não está preparado para lidar com essas situações. Isso exige um debate urgente sobre os investimentos necessários para tornar a rede elétrica mais resiliente.

Especialistas alertam que, sem uma modernização robusta da infraestrutura, episódios como o de São Paulo podem se tornar mais comuns e prejudiciais, afetando não apenas a vida dos moradores, mas também a economia local e nacional. O apagão expôs a necessidade de revisões em práticas de planejamento urbano, para que as redes de energia estejam melhor protegidas contra desastres naturais. Medidas como a poda preventiva de árvores, melhorias nos sistemas de distribuição e a manutenção regular das linhas de transmissão são apenas algumas das ações necessárias para evitar novos colapsos.

O apagão que afeta São Paulo desde sexta-feira trouxe à tona uma série de problemas que evidenciam a falta de preparo da infraestrutura elétrica para enfrentar eventos climáticos extremos. Com 537 mil imóveis ainda sem luz no terceiro dia de crise, os impactos na vida da população são inúmeros: prejuízos financeiros, insegurança, paralisação do comércio e dificuldades no acesso a serviços essenciais.

A resposta lenta por parte da Enel agrava a insatisfação dos consumidores, que exigem maior agilidade e transparência na resolução do problema. No entanto, além da crise imediata, o apagão serve como um alerta para a necessidade de investimentos em infraestrutura e na preparação para os desafios que as mudanças climáticas impõem.

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