A regulamentação das apostas online no Brasil está passando por mudanças importantes. Segundo o secretário de Apostas e Prêmios, Regis Dudena, as bets que forem banidas no país são obrigadas a devolver os valores depositados por seus usuários. Em coletiva realizada nesta terça-feira (1º), Dudena afirmou que o depósito feito por apostadores “é um contrato” e, como tal, as casas de apostas têm a responsabilidade de garantir a devolução desses valores.
Devolução garantida aos apostadores
Conforme esclareceu Dudena, a responsabilidade das empresas vai além do simples fornecimento de um serviço. “Quem tem dinheiro depositado tem o dever de guardar e devolver esse dinheiro. Então é de responsabilidade das casas que têm dinheiro [das pessoas] depositado providenciar meios de devolução”, explicou o secretário, que concedeu a entrevista na porta do Ministério da Fazenda, em Brasília. O objetivo do governo é assegurar que, mesmo com a retirada dessas empresas do mercado brasileiro, as pessoas não fiquem prejudicadas.
O Ministério da Fazenda já disponibilizou uma lista de bets autorizadas a operar no Brasil, sendo esta a principal referência para os usuários que desejam saber se estão fazendo apostas em um ambiente legal e regulamentado. A lista completa pode ser encontrada no site do próprio ministério.
Retirada de valores de bets irregulares
Para aqueles que ainda mantêm dinheiro em bets que não estão regularizadas no país, Dudena reforçou a recomendação para que os valores sejam retirados até o dia 10 de outubro. Este prazo visa proteger os participantes antes da exclusão definitiva dessas plataformas.
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Até o momento, o Ministério da Fazenda já recebeu mais de 180 pedidos de autorização para o funcionamento de novas plataformas, mas apenas as que entraram com o pedido até o dia 17 de setembro estão autorizadas a continuar operando até o fim deste ano. As demais ainda estão em análise, processo que, segundo Dudena, não tem prazo para ser finalizado.
O processo de autorização envolve critérios rigorosos para garantir que as casas de apostas que operam no Brasil sigam todas as exigências legais e regulatórias. “Nós vamos derrubar os sites que não estão regularizados, mas as casas com dinheiro depositado sempre terão o dever de devolver esse dinheiro para os apostadores”, assegurou o secretário.
Advocacia Geral da União e o papel da regulamentação
O secretário também destacou o papel fundamental da Advocacia Geral da União (AGU) na garantia da segurança jurídica do processo de regulamentação das apostas no Brasil. Em caso de disputas jurídicas, a AGU está preparada para intervir. Segundo Dudena, o órgão é uma “excelente aliada” e está pronto para atuar em casos de judicialização que possam surgir com o banimento de casas de apostas.
Ele ressaltou que o processo de regulamentação das bets é dinâmico e pode ser ajustado conforme as necessidades do setor e as demandas da sociedade. “Sempre que houver necessidade, o órgão regulador, a secretaria, precisa receber, estudar e tomar novas decisões”, afirmou. Dessa forma, a regulamentação das apostas no Brasil pode ser adaptada à medida que novos desafios e oportunidades surgem no setor.
Publicidade de apostas e responsabilidade dos meios de comunicação
A publicidade das bets também entrou em discussão durante o encontro entre o secretário, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e representantes da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert) e do Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar). O foco do debate foi garantir que apenas as bets regularizadas possam anunciar nos meios de comunicação.
Flávio Lara Resende, presidente da Abert, afirmou que foi firmado um acordo com o Ministério da Fazenda para que os veículos de comunicação veiculem apenas propagandas de casas de apostas que estão regularizadas no país. “Encaminharemos para todos os nossos associados [a lista de bets regulares] e vamos dar publicidade exclusivamente às empresas regulares”, afirmou Resende, enfatizando a importância de manter a integridade da publicidade veiculada nas emissoras brasileiras.
Sérgio Pompilio, presidente do Conar, reforçou a necessidade de cooperação entre o governo e os agentes do mercado publicitário. Ele lembrou que o Conar já possui uma longa história de regulação responsável da publicidade, mencionando como exemplos anteriores o controle de propagandas de bebidas alcoólicas, alimentos e publicidade infantil.
O futuro das apostas no Brasil
O mercado de apostas no Brasil tem mostrado um crescimento exponencial nos últimos anos, atraindo a atenção de milhões de apostadores e grandes empresas internacionais. No entanto, com a popularização desse tipo de entretenimento, surgem também desafios regulatórios, como a necessidade de proteger os consumidores e garantir que as atividades ocorram em um ambiente seguro e legal.
Com o processo de regulamentação em andamento, o governo brasileiro busca criar um mercado mais transparente e justo para todos os envolvidos. A devolução de valores depositados por usuários de bets banidas é um passo fundamental para garantir a confiança do público e estabelecer um padrão de operação responsável no setor de apostas online.
A expectativa é que a regulamentação continue a evoluir, com ajustes e atualizações, à medida que o mercado se consolida no Brasil. Para os apostadores, a recomendação é clara: acompanhar a lista de casas regularizadas e, caso necessário, retirar os valores depositados em bets não autorizadas até o prazo estipulado pelo governo.