A morte de Cid Moreira, aos 97 anos, no último dia 3 de outubro, não apenas marcou o fim de uma era no jornalismo brasileiro, como também acendeu os holofotes para uma polêmica disputa familiar envolvendo seu patrimônio milionário. A notícia de que o ex-apresentador retirou os filhos, Rodrigo e Roger Moreira, do seu testamento causou grande repercussão, especialmente devido à longa briga pública entre os herdeiros e a viúva de Moreira, Fátima Sampaio.
A fortuna deixada por Cid Moreira é estimada em cerca de R$ 60 milhões. No entanto, segundo o advogado Davi de Souza Saldaño, que representa Fátima Sampaio, o jornalista já havia manifestado em seu testamento público a vontade de deserdar os dois filhos com base na “indignidade”, uma previsão do Código Civil brasileiro que permite a exclusão de herdeiros que demonstrem comportamentos inadequados ou interesse apenas financeiro.
A justificativa para deserdar os filhos
Segundo o advogado, Cid Moreira refazia o testamento anualmente, sempre acompanhado de laudos médicos que comprovavam sua capacidade civil. Em vida, o apresentador havia deixado claro que a decisão de retirar os filhos da herança não era apenas financeira, mas uma resposta ao que ele considerava um comportamento inadequado por parte de Rodrigo e Roger Moreira. A relação entre eles havia se deteriorado nos últimos anos, especialmente após acusações dos filhos contra Fátima Sampaio, que culminaram em um processo público em 2021.
Roger e Rodrigo alegaram que Fátima estava utilizando de forma indevida o patrimônio de Cid Moreira, afirmando que ela teria vendido 11 dos 18 imóveis pertencentes ao jornalista e transferido cerca de R$ 40 milhões para o exterior. Além disso, eles a acusaram de manter o pai em cárcere privado, argumentando que Cid não teria condições de gerir sua própria vida nos últimos anos.
Arquivamento da ação e a polêmica da herança
Apesar das graves acusações, o Ministério Público do Rio de Janeiro arquivou a ação movida pelos filhos contra a madrasta em 2023. A investigação não encontrou provas suficientes para sustentar as alegações de Roger e Rodrigo, o que fortaleceu a defesa de Fátima Sampaio e, por extensão, a decisão de Cid Moreira em manter o testamento que deserdava os filhos.
Com a morte do jornalista, a disputa pelo patrimônio entrou em uma nova fase. Logo após o falecimento, Rodrigo e Roger solicitaram a abertura do inventário, sinalizando que pretendem contestar judicialmente o testamento. De acordo com o advogado Davi de Souza Saldaño, essa ação só reforça a alegação de que os filhos estariam interessados apenas no patrimônio do pai, um dos motivos que levou Cid Moreira a excluí-los da sucessão.
O testamento de Cid Moreira segue as regras estabelecidas pelo Código Civil que permite a exclusão de herdeiros por indignidade quando estes agem de forma contrária à moral ou ao desejo do falecido. No entanto, o processo de contestação de um testamento costuma ser complexo e pode durar anos nos tribunais. Por isso, o futuro da herança de R$ 60 milhões do icônico apresentador ainda é incerto.
O patrimônio de Cid Moreira e seu legado

Ao longo de sua extensa carreira, Cid Moreira acumulou um patrimônio considerável. Além de apresentador do “Jornal Nacional” por mais de 20 anos, ele também foi locutor, radialista e produtor, atividades que lhe renderam fama e fortuna. Seu nome está fortemente associado à televisão brasileira, sua voz grave e marcante foi eternizada na mente de gerações.
O patrimônio deixado por Moreira inclui diversos imóveis, investimentos e outros ativos. A maior parte desses bens era composta por imóveis, localizados em áreas valorizadas, tanto no Rio de Janeiro quanto em outras regiões do país. Com o passar dos anos, o jornalista fez investimentos significativos, aumentando ainda mais seu patrimônio.
Leia também: Relações homoafetivas e sucessão de patrimônio: a importância do planejamento jurídico
Contudo, a gestão desse patrimônio se tornou um dos principais pontos de discórdia entre seus filhos e Fátima Sampaio, sua esposa. Embora o apresentador tenha refutado as acusações feitas pelos filhos em vida, o confronto familiar foi amplamente explorado pela mídia desde 2021. A disputa trouxe à tona questões sobre o envelhecimento, a administração de bens e as dinâmicas familiares em torno do legado financeiro de uma figura pública.
A briga pública e suas repercussões
A exposição pública do embate familiar de Cid Moreira gerou grande repercussão. Muitos se perguntam até que ponto os filhos de figuras públicas têm o direito de contestar decisões tomadas por seus pais em vida, especialmente quando essas decisões envolvem patrimônio considerável. O caso de Cid Moreira também levanta reflexões sobre o impacto da mídia nas disputas familiares e o papel que os advogados desempenham em proteger a vontade dos falecidos.
Embora o desfecho dessa história ainda dependa de questões legais, o testamento de Cid Moreira e a decisão de deserdar seus filhos revelam um cenário complexo, em que laços familiares, patrimônio e disputas públicas se entrelaçam. Cid Moreira, mesmo após sua morte, continua a ser uma figura de grande interesse público, não apenas por seu legado profissional, mas também pela polêmica em torno de sua herança.
A decisão de Cid Moreira de deserdar seus filhos, Rodrigo e Roger Moreira, e o testamento que deixou um patrimônio de R$ 60 milhões para sua esposa Fátima Sampaio, traz à tona uma das disputas familiares mais midiáticas do Brasil. Com acusações de ambos os lados e um processo de contestação iniciado, o caso pode durar anos nos tribunais. Enquanto isso, o nome de Cid Moreira segue associado não apenas à sua carreira marcante no jornalismo, mas também a uma briga familiar de grandes proporções.