Os grandes shows realizados em estádios são eventos que atraem multidões e movimentam bilhões de reais. Mas por trás das luzes, sons e multidões, há uma complexa engrenagem econômica que envolve produtores, artistas, empresas patrocinadoras, e até o comércio local. Essa estrutura vai muito além do palco e do público, abrangendo desde os custos operacionais até o destino dos valores arrecadados com a venda de ingressos.
Entender como funciona essa cadeia e o impacto econômico gerado por esses eventos é essencial para compreender por que shows em grandes arenas se tornaram um dos principais motores de receita da indústria do entretenimento.
A operação de um show em estádio
A realização de um show em estádio envolve uma série de etapas que vão desde a logística de montagem até a venda de ingressos. Tudo começa com a negociação entre o artista ou a banda e o produtor do evento. O produtor é a figura central nesse processo, responsável por contratar o artista e coordenar todos os aspectos do show: locação do estádio, negociação de patrocínios, venda de ingressos, promoção e gestão de equipes técnicas e de segurança.
O aluguel do estádio é uma das primeiras grandes despesas no planejamento de um show. Os valores podem variar dependendo da capacidade do local e da cidade em que está localizado, mas em geral, o custo de locação pode representar uma fatia considerável do orçamento. Em cidades grandes, como São Paulo e Rio de Janeiro, esses valores podem alcançar milhões de reais.
Além disso, há custos com a montagem do palco, sonorização, iluminação, segurança, equipe técnica e suporte médico. Dependendo da escala do show, o custo total para montar um espetáculo em um estádio pode chegar a dezenas de milhões de reais.
Para onde vai o valor dos ingressos?
O valor arrecadado com a venda de ingressos é distribuído entre vários envolvidos. Parte significativa desse montante vai diretamente para o artista, seja por meio de um cachê fixo previamente acordado ou por uma porcentagem da bilheteria. Normalmente, artistas de grande porte negociam contratos que garantem tanto um cachê mínimo quanto uma participação sobre os lucros das vendas de ingressos.
Outra parte significativa da receita é destinada ao produtor do evento. Esse profissional utiliza os recursos para cobrir os custos operacionais, incluindo o aluguel do estádio, equipe técnica, publicidade e todos os serviços contratados para que o show aconteça. Os produtores, em muitos casos, também obtêm lucro através de acordos com patrocinadores que investem no evento em troca de visibilidade de marca.
Os estádios também recebem uma fatia da receita, que geralmente está embutida no valor do aluguel. Esse montante cobre os custos de manutenção do local, energia, segurança e outros serviços logísticos. Em alguns casos, os estádios negociam uma porcentagem adicional da venda de ingressos ou de alimentos e bebidas vendidos durante o evento.
O papel dos patrocinadores
Os patrocinadores desempenham um papel fundamental no financiamento de grandes shows. Muitas empresas veem esses eventos como uma oportunidade de expor suas marcas para um público massivo e diversificado. Os patrocínios ajudam a cobrir parte dos custos operacionais, permitindo que os organizadores invistam em mais infraestrutura e ofereçam uma experiência de maior qualidade ao público. Além disso, em alguns casos, os patrocínios podem ajudar a reduzir o valor dos ingressos, tornando-os mais acessíveis ao público.
As marcas patrocinadoras têm seus nomes estampados em materiais de divulgação, no próprio palco, em telões, nas redes sociais e, em muitos casos, podem realizar ativações dentro dos estádios, como distribuição de brindes ou promoções exclusivas para os espectadores. Em contrapartida, essas empresas pagam uma quantia que varia conforme o tamanho e a relevância do show.
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O impacto econômico local
Os shows em estádios não impactam apenas a economia do evento em si, mas também trazem um efeito positivo para a economia local. O turismo gerado por esses eventos é significativo, especialmente quando o show atrai pessoas de outras cidades ou estados. Hotéis, restaurantes, bares, serviços de transporte e comércio local costumam sentir um aumento considerável na demanda em dias de shows.
Segundo um levantamento da Fundação Getulio Vargas (FGV), o impacto de um grande show pode gerar uma movimentação de milhões na economia local, especialmente em grandes metrópoles. No Rio de Janeiro, por exemplo, um único show internacional no Maracanã pode gerar mais de R$ 100 milhões em receitas, considerando o turismo e a movimentação de negócios locais. Isso sem contar os empregos temporários gerados, como seguranças, vendedores e atendentes que são contratados para trabalhar durante o evento.
A venda de alimentos e bebidas
Outro aspecto importante na economia dos shows em estádios é a venda de alimentos e bebidas. Em muitos casos, essa atividade é terceirizada para empresas especializadas que pagam uma taxa de concessão para operar dentro do local. O valor arrecadado com a venda de lanches, bebidas alcoólicas e não alcoólicas pode ser significativo, principalmente em eventos de grande porte, e geralmente é dividido entre o estádio e a empresa concessionária.
Além disso, o comércio ambulante fora dos estádios também se beneficia, oferecendo alternativas de alimentação e bebidas a preços muitas vezes mais acessíveis que os praticados dentro do estádio. Para muitos trabalhadores informais, os shows representam uma oportunidade de aumentar sua renda.
Os shows em estádios movimentam uma complexa rede de recursos financeiros que envolve artistas, produtores, patrocinadores, estádios e o comércio local. O valor dos ingressos é distribuído entre diversos atores, sendo uma parte significativa destinada ao artista e ao produtor do evento, enquanto a cidade que sedia o show também se beneficia, graças ao impacto econômico gerado pelo turismo e pela movimentação no comércio. Esses eventos, além de proporcionar entretenimento ao público, são verdadeiras máquinas de movimentar a economia.