Entre 2002 e 2022, o Brasil observou mudanças significativas na participação econômica de diferentes estados, segundo a pesquisa Sistema de Contas Regionais 2022, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Enquanto Rio de Janeiro e São Paulo apresentaram redução no peso de suas economias no Produto Interno Bruto (PIB) nacional, estados como Mato Grosso, Santa Catarina e Minas Gerais ampliaram sua relevância econômica.
Segundo os dados, São Paulo, que historicamente lidera o ranking econômico, viu sua participação no PIB cair de 34,9% para 31,1% (-3,8 pontos percentuais) no período. O Rio de Janeiro também sofreu redução, passando de 12,4% para 11,4% (-0,9 p.p.). Apesar disso, ambos seguem como os estados com maior contribuição para a economia do país.
Em contrapartida, Mato Grosso foi o estado que registrou o maior crescimento relativo no mesmo período, aumentando sua participação no PIB de 1,3% para 2,5% (+1,2 p.p.). Santa Catarina e Minas Gerais também mostraram avanços notáveis, com crescimentos de 0,9 p.p. e 0,7 p.p., respectivamente.
A ascensão de novas potências na economia nacional
O crescimento de estados como Mato Grosso reflete mudanças estruturais na economia brasileira. A forte expansão do agronegócio foi um dos principais fatores que impulsionaram o estado, consolidando-o como um dos maiores produtores de grãos e carnes do país.
Santa Catarina, por sua vez, destacou-se pela diversificação econômica, com avanços em setores como tecnologia, indústria e agroindústria. Já Minas Gerais, tradicionalmente conhecido pela mineração e agropecuária, tem investido na modernização de sua indústria e infraestrutura, o que ajudou a manter sua posição de destaque.
Essas mudanças demonstram a importância de diversificar a matriz econômica e reforçam o papel estratégico de estados fora do eixo tradicional Rio-São Paulo na composição do PIB brasileiro.
Impactos no ranking regional
Além das transformações de longo prazo, a pesquisa do IBGE também identificou mudanças mais recentes no ranking dos estados entre 2021 e 2022. Sete estados trocaram de posição no período. O Paraná superou o Rio Grande do Sul, assumindo o quarto lugar no ranking de participação econômica, enquanto o Pará caiu da décima para a 12ª posição.
Mato Grosso e Pernambuco subiram uma posição cada, ocupando a décima e 11ª colocações, respectivamente. Tocantins e Sergipe também trocaram de posições, com Tocantins assumindo o 23º lugar, devido a um leve ganho de participação no PIB.
Esses movimentos evidenciam a dinâmica da economia brasileira e como fatores como investimentos regionais, políticas públicas e setores produtivos podem influenciar a evolução de cada estado.
A importância da descentralização econômica
A redução da participação de São Paulo e Rio de Janeiro no PIB nacional não deve ser interpretada como um enfraquecimento absoluto de suas economias. Esses estados continuam liderando em termos de contribuição total, mas a descentralização econômica permite que outras regiões ganhem relevância e reduzam as desigualdades regionais históricas do Brasil.
Ao longo das últimas décadas, políticas de incentivo ao desenvolvimento regional, aliadas ao crescimento de setores como o agronegócio, tecnologia e energias renováveis, têm contribuído para o fortalecimento econômico de estados que antes tinham menor peso na economia nacional.
Essas transformações são beneficiais como a geração de empregos locais, aumento da arrecadação tributária e melhoria na qualidade de vida em regiões antes menos favorecidas. Além disso, a diversificação econômica reduz a dependência de poucos polos industriais e comerciais, tornando a economia brasileira mais resiliente a crises.
O futuro da economia regional
Com as tendências observadas entre 2002 e 2022, é possível que estados como Mato Grosso e Santa Catarina continuem ganhando relevância nos próximos anos. A expansão do agronegócio, investimentos em infraestrutura e o crescimento de setores como tecnologia devem continuar a impulsionar essas regiões.
No entanto, é fundamental que estados líderes, como São Paulo e Rio de Janeiro, mantenham seus esforços em inovação e modernização para consolidar suas posições no cenário econômico nacional. Investimentos em educação, infraestrutura e novas tecnologias serão essenciais para que esses estados acompanhem as mudanças globais e permaneçam competitivos.
Por outro lado, estados emergentes terão o desafio de sustentar seu crescimento sem comprometer questões como sustentabilidade ambiental e inclusão social. O equilíbrio entre expansão econômica e preservação ambiental será um dos grandes desafios, especialmente para estados com forte atuação no agronegócio, como Mato Grosso.
Leia também: Explosões em Brasília aumentam incertezas sobre decisões do Governo e G20
As mudanças na participação regional na economia nacional refletem o dinamismo da economia brasileira e apontam para um futuro mais descentralizado e equilibrado. A diversificação das atividades econômicas e o fortalecimento de estados emergentes são fatores essenciais para o desenvolvimento do Brasil em sua totalidade, promovendo oportunidades em diferentes regiões e reduzindo desigualdades históricas.
Esses movimentos mostram que, apesar da redução relativa de São Paulo e Rio de Janeiro, o país como um todo está se beneficiando de um modelo econômico mais plural e resiliente, com contribuições significativas de estados antes subvalorizados.