Dólar bate recorde histórico: entenda o impacto no mercado

A cotação do dólar renovou sua máxima histórica e fechou acima de R$ 6 nesta segunda-feira (2), marcando um aumento de 1,07% e encerrando o dia a R$ 6,0652.

Este é um reflexo direto das incertezas fiscais geradas pelo pacote anunciado pelo governo federal, incluindo a isenção do Imposto de Renda (IR) para salários de até R$ 5 mil.

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Dólar volta a atingir máxima histórica e movimenta o mercado | Foto: Reprodução/Canva

Ao mesmo tempo, o Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, recuou 0,34%, acumulando uma queda de 6,43% no ano.

O que explica a alta histórica do dólar?

A valorização do dólar, que já subiu 3,8% em novembro, é motivada pela combinação de fatores internos e externos. No cenário doméstico, o anúncio de medidas fiscais pelo governo federal gerou incertezas no mercado.

Entre as ações, destacam-se o corte de gastos e a isenção do IR, medidas que levantaram dúvidas sobre a sustentabilidade das contas públicas a médio e longo prazo.

Além disso, as expectativas do mercado financeiro para 2025 foram revisadas para pior. Segundo o boletim Focus do Banco Central, as projeções para a Selic, inflação e dólar foram ajustadas para cima.

A Selic, que está atualmente em 11,25% ao ano, pode chegar a 12,63% no próximo ano. Para 2024, a inflação estimada também subiu, passando de 4,63% para 4,71%.

Como o Ibovespa foi impactado?

O Ibovespa, que é um termômetro do mercado de ações no Brasil, seguiu a tendência de aversão ao risco, recuando para 125.235 pontos. Apesar da volatilidade do dia, o índice segue pressionado pela percepção de riscos fiscais e pela influência do cenário internacional.

Leia também: Pix deve impulsionar PIB em R$ 280,7 bilhões até 2028

Com o fim do ano se aproximando, o desempenho negativo de 6,43% do Ibovespa pode reverter o ciclo de altas registrado em 2022 e 2023. A expectativa do mercado é de que o Comitê de Política Monetária (Copom), em sua última reunião do ano, eleve a taxa Selic em 0,5 ponto percentual, impactando ainda mais o apetite por investimentos em renda variável.

Cenário internacional agrava incertezas

No exterior, o mercado está de olho no relatório de emprego dos Estados Unidos, que será divulgado na sexta-feira (6). Este dado é crucial para avaliar os próximos passos do Federal Reserve (Fed) em relação às taxas de juros.

Atualmente, os analistas preveem uma probabilidade de 61% de corte de 25 pontos-base na próxima reunião do Fed, uma redução na expectativa em relação ao mês anterior.

Outro fator que alimenta a instabilidade é o posicionamento de Donald Trump, presidente eleito dos EUA, contra a criação de uma moeda alternativa pelos países do Brics. Trump ameaçou impor tarifas de 100% aos países que desafiassem o dólar, aumentando as tensões comerciais e geopolíticas.

O pacote fiscal e suas fragilidades

O pacote fiscal anunciado pelo governo busca economizar R$ 70 bilhões em dois anos, mas enfrentou críticas pela falta de detalhamento e por possíveis consequências negativas para o mercado.

A isenção do IR para salários de até R$ 5 mil, apesar de bem recebida por muitos trabalhadores, foi vista como uma medida que pode aumentar o déficit fiscal.

Especialistas apontam que, embora o governo busque equilíbrio nas contas públicas, as medidas apresentadas não foram suficientes para convencer investidores de que haverá um ajuste fiscal sustentável. Essa percepção reforça a valorização do dólar e a queda da bolsa.

O que esperar do mercado nos próximos meses?

O comportamento do dólar e do Ibovespa nas próximas semanas dependerá de vários fatores, incluindo a condução da política monetária pelo Banco Central e pela política econômica do governo. No cenário internacional, a atuação do Fed e as tensões comerciais também serão decisivas.

Para os investidores, é essencial acompanhar os desdobramentos do pacote fiscal e as projeções econômicas para 2025. No curto prazo, a cautela deve prevalecer, com possíveis ajustes nos portfólios em busca de maior proteção diante das incertezas.

A alta do dólar para níveis recordes e o desempenho negativo do Ibovespa refletem um momento de incerteza para a economia brasileira. As medidas fiscais anunciadas pelo governo ainda não trouxeram a confiança esperada, e o mercado permanece atento a possíveis revisões de estratégias tanto no âmbito interno quanto externo.

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