Saiba como as tarifas ao México e Canadá podem impactar os preços nos EUA

Com o anúncio do presidente Donald Trump sobre a possível implementação de uma tarifa geral de 25% sobre produtos importados do México e do Canadá, os consumidores americanos estão se preparando para enfrentar um aumento significativo nos preços de itens essenciais.

México e Canadá são dois dos principais parceiros comerciais dos Estados Unidos, responsáveis por 30% das importações em 2024, segundo o Departamento de Comércio dos EUA. A medida promete gerar impactos econômicos relevantes, especialmente para produtos como carros, gasolina e alimentos.

Vitória eleitoral de Trump nos EUA começa a repercutir nas economias ao redor do mundo | Foto: Reprodução/ REUTERS tarifa
As tarifas propostas por Trump ao México e Canadá têm o potencial de afetar diversos setores, desde o automobilístico até o agrícola, passando pelos combustíveis | Foto: Reprodução/ REUTERS

Setor automobilístico: tarifas em alta

O setor automobilístico está entre os mais afetados pelas tarifas propostas. Em 2024, os EUA importaram US$ 87 bilhões, cerca de R$ 516,91 bilhões, em veículos e US$ 64 bilhões (R$ 379,52 bilhões) em peças automotivas do México, além de US$ 34 bilhões (R$ 201,62 bilhões) em veículos do Canadá. Esses itens representam uma parcela significativa do comércio entre os países.

De acordo com Mary Lovely, pesquisadora do Peterson Institute for International Economics, as tarifas anulam a economia obtida pelas montadoras americanas ao transferirem parte da produção para o México, onde os salários são mais baixos.

Além disso, mover a produção para outros países é improvável, considerando os altos investimentos feitos em fábricas no México e no Canadá. Como resultado, consumidores devem pagar mais por carros e peças de reposição.

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Gasolina: impacto direto no bolso

Outro setor vulnerável às tarifas é o de combustíveis. O Canadá exportou US$ 97 bilhões (R$ 575,21 bilhões) em petróleo e gás para os EUA em 2024, sendo um dos maiores fornecedores do mercado americano. Com a expansão do oleoduto Trans Mountain, os EUA se tornaram ainda mais dependentes do petróleo canadense.

Segundo Patrick De Haan, da GasBuddy, as tarifas podem aumentar o preço da gasolina entre US$ 0,25 e US$ 0,75 por galão. Esse impacto será mais sentido nas regiões dos Grandes Lagos, Centro-Oeste e Montanhas Rochosas, onde a dependência do petróleo canadense é maior.

Alimentos e bebidas: supermercados sob pressão

O México é um dos principais exportadores de produtos agrícolas para os EUA, com US$ 46 bilhões (R$ 272,78 bilhões) em exportações em 2024. Esse montante inclui vegetais frescos (US$ 8,3 bilhões, equivalente a R$ 49,27 bilhões), cervejas (US$ 5,9 bilhões, aproximadamente R$ 34,99 bilhões) e bebidas destiladas (US$ 5 bilhões, cerca de R$ 29,65 bilhões).

Entre as frutas frescas, os abacates ocupam destaque, representando US$ 3,1 bilhões do total, equivalente a R$ 18,38 bilhões. No entanto, a implementação de tarifas deve encarecer esses itens para os consumidores americanos, já que o setor agrícola tem margens de lucro reduzidas e pouca capacidade de absorver custos adicionais.

A Constellation Brands, importadora das cervejas Modelo e Corona, além da tequila Casa Noble, estima que os custos podem subir 16%, o que levaria a um aumento de 4,5% no preço final para os consumidores, segundo análise do Wells Fargo.

Efeitos amplificados no custo de vida

Embora o presidente Trump afirme que as tarifas seriam pagas pelos exportadores estrangeiros, na prática, o ônus recairá sobre os consumidores americanos. Isso porque varejistas e empresas dificilmente absorverão o aumento de custos.

Mesmo com medidas paliativas, como a estocagem de produtos e a transferência de produção para outros locais, muitos itens não podem ser estocados ou reconfigurados em sua cadeia de produção. Assim, os preços mais altos serão inevitáveis em médio e longo prazo.

As tarifas propostas por Trump ao México e Canadá têm o potencial de afetar diversos setores, desde o automobilístico até o agrícola, passando pelos combustíveis. Para os consumidores americanos, isso significa um custo de vida mais alto e menor poder de compra.

Com a alta dependência dos Estados Unidos dessas importações, a medida pode não apenas impactar os preços, mas também gerar tensões nas relações comerciais com seus principais parceiros. É um cenário que exige atenção, tanto dos consumidores quanto das empresas, para se adaptar às possíveis mudanças no mercado.

*Entrevistas concedidas à CNN.

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