No primeiro mês de Donald Trump em seu segundo mandato como presidente dos Estados Unidos, os mercados globais reagiram positivamente, e o dólar registrou uma queda superior a 5% frente ao real. A moeda americana abriu a última quinta-feira, 20 de fevereiro, cotada a R$ 5,70, distante dos R$ 6,03 registrados no dia da posse, em 20 de janeiro.
A principal razão para essa queda está na percepção do mercado de que a política tarifária de Trump não será tão agressiva quanto o esperado. Durante a campanha, o republicano havia prometido impor tarifas entre 10% e 20% sobre todas as importações, além de percentuais ainda mais elevados para China, México e Canadá. No entanto, passados 30 dias de sua posse, os aumentos tarifários foram menores e mais pontuais do que o previsto.
Mercado reage a medidas mais moderadas
Na prática, Trump anunciou uma tarifa de 10% sobre produtos chineses e de 25% sobre importações vindas do México e do Canadá. Entretanto, no caso dos dois países fronteiriços, houve uma reavaliação e parte das tarifas foi retirada.
Além disso, os aumentos foram direcionados a setores específicos, como aço, alumínio, automóveis e farmacêuticos, em vez de uma aplicação generalizada para todos os produtos.
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Essa postura mais moderada gerou um alívio nos mercados, uma vez que havia uma preocupação com o impacto de uma guerra comercial mais agressiva. Investidores temiam que tarifas elevadas levassem a um aumento generalizado de preços nos EUA, forçando o Federal Reserve (Banco Central americano) a elevar os juros. Isso resultaria na valorização do dólar e na consequente desvalorização de moedas emergentes, como o real.
Impacto da queda do dólar no Brasil
No Brasil, a queda do dólar refletiu a melhora da confiança dos investidores, que inicialmente estavam apreensivos com o impacto da nova administração Trump.
Após isso, o próprio Banco Central brasileiro reconheceu que, embora ainda haja incertezas sobre as próximas medidas do governo dos EUA, o primeiro mês trouxe um certo alívio para os mercados financeiros.
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O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou que as expectativas iniciais eram de um cenário mais hostil para a economia global, com tarifas amplas e imprevisíveis.
No entanto, sem medidas radicais no curto prazo, o mercado se ajustou de maneira mais equilibrada, resultando em um fortalecimento do real e de outras moedas emergentes.
Perspectivas futuras
Apesar da queda do dólar e da percepção inicial de que Trump não será tão protecionista quanto o esperado, analistas alertam que ainda é cedo para prever a direção exata da política econômica dos EUA nos próximos meses. O próprio presidente americano indicou que anunciará novas tarifas em breve, o que pode gerar oscilações no mercado cambial.
Para o Brasil, a tendência de curto prazo é de um cenário mais estável, desde que os Estados Unidos não ampliem as tarifas para setores que afetam diretamente as exportações brasileiras, como o agronegócio e a indústria siderúrgica.
No entanto, qualquer movimento brusco vindo da Casa Branca pode reverter a atual tendência de desvalorização do dólar frente ao real.
Com isso, os investidores e analistas seguem atentos a novos desdobramentos da política econômica de Donald Trump, enquanto o mercado cambial reflete a expectativa de que, por ora, a tensão comercial entre os EUA e seus parceiros comerciais será menor do que o previsto inicialmente.