Focus: mercado eleva previsões para inflação em 2025 e 2026

A projeção do mercado financeiro para a inflação oficial de 2025 voltou a subir, conforme o Relatório Focus divulgado nesta segunda-feira, 3 de fevereiro. A mediana das estimativas para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu pela 16ª semana consecutiva, de 5,50% para 5,51%.

O número fica 1,01 ponto porcentual acima do teto da meta estabelecida pelo Banco Central, que é de 4,50%. Há um mês, a estimativa estava em 4,99%, demonstrando uma tendência de alta que preocupa analistas e investidores.

Já para 2026, a mediana das projeções aumentou pela sexta semana seguida, passando de 4,22% para 4,28%. Um mês antes, o mercado esperava um IPCA de 4,03% para o período. As projeções são um reflexo do cenário macroeconômico desafiador, que inclui uma política monetária mais rígida para conter os efeitos inflacionários.

Economistas apontam que o equilíbrio entre políticas monetárias e fiscais é a chave para estabilizar os preços e a inflação | Foto: Reprodução/Canva mercadoo
Economistas apontam que o equilíbrio entre políticas monetárias e fiscais é a chave para estabilizar os preços e a inflação | Foto: Reprodução/Canva

Meta contínua de inflação entra em vigor

A partir deste ano, a meta de inflação no Brasil começou a ser apurada de forma contínua, com base na inflação acumulada em 12 meses. O centro da meta permanece em 3%, com uma margem de tolerância de 1,5 ponto porcentual para mais ou para menos. Caso o IPCA fique fora desse intervalo por seis meses consecutivos, o Banco Central considera que perdeu o controle sobre o cumprimento da meta.

Essa nova metodologia visa proporcionar mais previsibilidade ao mercado e reduzir a volatilidade nas expectativas, mas também impõe um desafio adicional para a autoridade monetária. Com a inflação projetada acima do teto da meta, há um risco crescente de que o Banco Central precise manter juros elevados por um período prolongado.

Selic em alta para conter a inflação

Na última quarta-feira, 29 de janeiro, o Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a taxa Selic em 1 ponto percentual, de 12,25% para 13,25%. O colegiado justificou a decisão como “compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante”.

Além disso, o Banco Central sinalizou que pretende realizar mais um aumento na taxa de juros, levando a Selic para 14,25% na próxima reunião, prevista para março. O movimento reflete o compromisso da autoridade monetária em ancorar as expectativas inflacionárias e evitar que o IPCA permaneça persistentemente acima da meta.

Projeções para os próximos anos

O horizonte relevante para a política monetária do Banco Central é o terceiro trimestre de 2026, quando a autoridade projeta uma inflação de 4,0% no cenário de referência. Para 2025, a projeção oficial do Copom é de 5,2%, enquanto o balanço de riscos segue apontando viés de alta para a inflação.

Para os anos seguintes, o relatório Focus manteve a projeção de 2027 em 3,90%, sem alterações nas últimas quatro semanas. Já para 2028, a mediana das previsões subiu de 3,73% para 3,74%, registrando a quarta alta consecutiva – um mês antes, a projeção era de 3,50%.

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Impacto nos mercados e na economia

A trajetória de alta nas projeções de inflação reforça a preocupação do mercado com os rumos da economia brasileira nos próximos anos. A necessidade de juros elevados para conter a alta dos preços pode impactar o crescimento econômico, tornando o crédito mais caro para empresas e consumidores.

Além disso, a incerteza sobre o controle da inflação pode afetar o câmbio, pressionando o real frente ao dólar e aumentando os custos de importação. O cenário exige atenção tanto do governo quanto do Banco Central para equilibrar a política monetária e garantir a estabilidade econômica.

Com as previsões de inflação em alta e a Selic subindo, os próximos meses serão decisivos para entender se o país conseguirá atingir suas metas e evitar um cenário de descontrole inflacionário.

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