Empreender no Brasil já é um grande desafio, mas para as mulheres essa realidade se torna ainda mais complexa devido à sobrecarga de funções. De acordo com a pesquisa “Mulheres empreendedoras: contexto de atuação”, realizada pela startup Olhi em 2024, 63,4% das mulheres que possuem um negócio acumulam tarefas domésticas e profissionais, muitas delas dedicando mais de oito horas diárias ao trabalho e entre duas a quatro horas aos afazeres do lar.
Essa dupla jornada tem impacto direto no desempenho dos empreendimentos femininos. O estudo revelou que, em 2023, 54,9% das entrevistadas relatavam essa sobrecarga, indicando um aumento significativo no último ano.
Além disso, apenas 56,3% das mulheres se sentem confortáveis em discutir seus negócios com amigos e familiares, enquanto esse número sobe para 79,7% quando a conversa é com pessoas do mercado.
Motivos para empreender
A pesquisa também apontou que, para mais da metade das mulheres entrevistadas, o empreendedorismo é uma necessidade, seja para complementar a renda familiar ou para conciliar a maternidade. “As mulheres acumulam a carga do cuidado. Quando empreendem, o fazem porque tiveram uma ideia inovadora, mas também para sustentar a família”, explica Stefanie Schmitt, CEO da Olhi em entrevista para a CNN.
Dentre os principais motivos para o empreendedorismo feminino, destacam-se:
- Necessidade financeira;
- Independência profissional;
- Investimento em uma ideia inovadora;
- Flexibilidade para conciliar carreira e família.
Porém, o apoio emocional e a confiança também se mostram desafios significativos. Segundo o levantamento, 42,6% das mulheres afirmam que não se sentem preparadas para empreender, muitas vezes por falta de incentivo familiar e dificuldade em serem levadas a sério no mercado.
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Disparidade de gênero nos negócios
Outro fator que influencia essa insegurança é a forma como os negócios femininos são vistos. Segundo a pesquisa, 50,8% das mulheres sentem que suas empresas são tratadas com menos seriedade em comparação às fundadas por homens. Essa percepção afeta diretamente o acesso a oportunidades, investimentos e crescimento empresarial.
No Brasil, a desigualdade de gênero nos negócios também se reflete na captação de recursos. Estudos apontam que startups lideradas por mulheres recebem menos investimentos em comparação àquelas fundadas por homens, o que limita o crescimento dessas empresas e reforça a desigualdade econômica.
Perfil das mulheres empreendedoras
O levantamento revelou que a maioria das empreendedoras brasileiras tem entre 35 e 44 anos, é branca e tem pós-graduação. Os principais setores em que atuam são:
- Outros setores: 42,6%;
- Negócios (contabilidade, finanças e marketing): 12%;
- Bem-estar: 10,4%;
- Educação: 10,4%;
- Saúde mental: 9,3%;
- Alimentação: 8,2%;
- Tecnologia: 7,1%.
Desafios e soluções para o empreendedorismo feminino
Para reduzir a desigualdade e incentivar o crescimento dos negócios femininos, é fundamental que haja mais políticas de apoio, acesso a crédito e redes de networking voltadas para mulheres. Algumas soluções incluem:
- Programas de mentorias: mulheres empreendedoras podem se beneficiar de mentorias com empresários experientes para impulsionar seus negócios.
- Linhas de crédito específicas: bancos e instituições financeiras podem oferecer condições especiais para negócios liderados por mulheres.
- Divulgação e apoio mútuo: criar redes de networking femininas para compartilhar experiências e oportunidades.
O empreendedorismo feminino no Brasil segue crescendo, mas ainda enfrenta desafios significativos. Para que mais mulheres possam prosperar nos negócios, é essencial que a sociedade e o mercado incentivem sua participação e reduzam as barreiras que dificultam seu sucesso.