A Geração Z, formada por jovens nascidos entre 1997 e 2012, está transformando o cenário do empreendedorismo de maneira significativa. Diferente das gerações anteriores, que buscavam estabilidade e crescimento dentro de corporações, esses jovens estão priorizando a autonomia, a inovação e o impacto social em suas iniciativas.
De acordo com uma pesquisa da consultoria McKinsey & Company, 70% dos jovens da Geração Z consideram o empreendedorismo uma opção de carreira desejável, em comparação com apenas 50% dos Millennials na mesma faixa etária.
Geração Z tem como foco a inovação e o impacto social
O interesse da Geração Z pelo empreendedorismo está fortemente ligado ao desejo de causar um impacto positivo na sociedade. Segundo um estudo da Deloitte, 75% dos jovens dessa geração acreditam que as empresas devem atuar como agentes de mudança social, indo além do lucro. Este pensamento se reflete nas startups e nos negócios que eles criam, muitos dos quais têm como base a sustentabilidade, a inclusão e a ética.
Empresas ou marcas fundadas por jovens da Geração Z frequentemente têm propósitos que vão além da mera oferta de produtos ou serviços. Um exemplo é a marca brasileira “Elements“, idealizada e produzida pela jovem Agatha Araújo, 20. Na época em que começou a produzir tinha 17 anos e havia acabado de se formar no ensino médio, não imaginava que comercializaria. “
No início criei a Elê (forma carinhosa de chamar a marca) para mim, queria produtos que trouxessem o skincare com praticidade para o meu dia a dia, mas quando comecei a usar e ver que realmente dava muito resultado, quis levar essa realidade para outras pessoas. Passei um bom tempo estudando, testando e pensando em tudo, para sair tudo perfeito.”, comenta a founder.
A prioridade da jovem sempre foi trazer o cuidado com Bio cosméticos de forma acessível. “Quando eu era mais nova sonhava em ter vários produtos, mas não tinha dinheiro para isso, e hoje em dia consigo proporcionar toda a rotina de skincare de forma acessível para as pessoas, inclusive meninas jovens como eu era. E eu também sempre quis deixar tudo ‘a minha cara’, mostrar que sou realmente eu por trás de tudo isso, sabe?”, conta.
Autonomia e flexibilidade
A Geração Z também valoriza a autonomia e a flexibilidade no ambiente de trabalho. A cultura do “trabalho para a vida toda” é cada vez menos atrativa para esses jovens, que preferem criar suas próprias oportunidades de crescimento.
De acordo com um estudo do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), 57% dos jovens brasileiros entre 18 e 24 anos têm o desejo de abrir o próprio negócio, motivados pela liberdade de serem seus próprios chefes e de trabalharem em projetos que realmente lhes interessam.
Agatha é um dos exemplos de jovens da Geração Z, visto que deixou o CLT, para empreender. Ao questionarmos como era sua rotina e como se organizava financeiramente, explicou que ter clientes fixas ajudavam no processo.
“É uma boa fonte de renda, até porque tenho clientes fixas faz um bom tempo; a rotina acaba sendo corrida, principalmente em dias de produção e épocas de lançamento, mas é muito gratificante porque a correria significa que está dando certo, sabe? Às vezes fico tão voltada para produção/atendimento/entregas que nem tenho tempo de postar nada, mas é muito bom”, comenta.
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Além de seu site, Agatha aprendeu que a tecnologia é uma forma de lhe auxiliar, pois com o crescimento das redes sociais e das plataformas de e-commerce, é um processo muito mais simples para quem almeja lançar seus produtos e serviços com investimentos iniciais relativamente baixos. A internet oferece uma vasta gama de recursos educativos, como cursos online e tutoriais, que ajudam esses jovens a adquirir as habilidades necessárias para iniciar e gerenciar um negócio.
Desafios enfrentados pelos jovens empreendedores
Apesar do entusiasmo, a Geração Z enfrenta desafios significativos no empreendedorismo. A falta de experiência, o acesso limitado a capital inicial e a instabilidade econômica são obstáculos que muitos desses jovens precisam superar.
Dados da pesquisa realizada pela Endeavor, uma organização global de fomento ao empreendedorismo, mostram que 60% dos jovens empreendedores brasileiros apontam a dificuldade de obter crédito como uma das principais barreiras para o desenvolvimento de seus negócios.
Além disso, a Geração Z ainda precisa lidar com o estigma de “inexperiência” associado à sua idade. Muitos investidores e parceiros em potencial ainda preferem apostar em empreendedores mais experientes, o que pode limitar as oportunidades de crescimento para esses jovens.
“Hoje em dia, mesmo estando quase formada na faculdade, ainda tem pessoas que não levam a sério e preferem usar marcas maiores, mais caras e que muitas vezes nem tem quantidades significativas dos princípios que dizem ter e às vezes, não garantem um resultado tão bom, além de toda a questão da agressão ao meio-ambiente. É difícil, mas as pessoas realmente só entendem quando usam os produtos e veem o quanto são bons”, comenta Agatha que atualmente cursa Biomedicina e Ciências Biológicas.
Qualidade dos produtos
A qualidade de um produto é fundamental para garantir a satisfação e a fidelidade dos consumidores, especialmente em mercados competitivos como o de cuidados com a pele. Produtos bem formulados, que atendem às necessidades específicas dos clientes, destacam-se no mercado e conquistam um público fiel. No caso da Elements, a qualidade de seus produtos é um dos principais fatores que impulsiona o sucesso da marca, com destaque para os sabonetes de argila, que são cuidadosamente selecionados para cada tipo de pele, garantindo resultados eficazes e personalizados.
Como ressaltado pela criadora: “O carro-chefe da Elê são os sabonetes de argila, que sabemos qual é o mais indicado para cada pele a partir da avaliação; mas o esfoliante e o hidratante também são os queridinhos de muita gente. Os óleos vegetais também vivem esgotando, o sabonete mousse foi o campeão de vendas na primeira semana de lançamento e tem muitas pessoas que ainda gostam muito de fazer a máscara de argila pura.” Além disso, o diferencial da marca está na capacidade de criar uma rotina completa e personalizada para cada cliente, o que faz com que os consumidores usem os produtos de forma correta e alcancem os resultados esperados.
Perspectivas para o futuro
Apesar dos desafios, a Geração Z está bem posicionada para continuar moldando o futuro do empreendedorismo. Com uma mentalidade voltada para a inovação e o impacto social, e com uma familiaridade inata com as tecnologias digitais, esses jovens têm o potencial de criar negócios que não só geram lucro, mas que também contribuem para a construção de uma sociedade mais justa e sustentável.
“Planejo principalmente ter uma loja física, às vezes fico sonhando acordada com um lugarzinho todo azul tiffany, piso de madeira e com várias coisas em formato de hexágono”, conta a empreendedora sobre seus projetos.
Além desse fator, o apoio institucional, como programas de mentoria, incubadoras e acesso a capital, é fundamental para que empreendedores possam superar as barreiras iniciais e escalar seus negócios. Outro ponto importante, citado pela criadora da marca, é a questão de se especializar ainda mais, Agatha revela que tem planos para fazer uma pós-graduação em cosmetologia. “Logo, logo a Elê vai ser uma marca gigante de Bio cosméticos, trazendo cuidado para todas as pessoas do jeitinho que sempre sonhei.”, conclui.
À medida que mais membros da Geração Z entram no mercado de trabalho, é provável que vejamos um aumento no número de startups e de inovações disruptivas, reafirmando o papel dessa geração como agentes de mudança no cenário empresarial global.