O real brasileiro continua se fortalecendo no mercado de câmbio e, nesta segunda-feira, 3 fevereiro, alcançou sua 11ª sessão consecutiva de valorização em relação ao dólar americano. Esse é o maior período de ganhos da moeda brasileira desde abril de 2005, indicando um movimento consistente de recuperação. No fechamento do dia, o real foi cotado a R$ 5,8159 por dólar, seu nível mais forte desde 26 de novembro de 2024, quando encerrou o pregão valendo R$ 5,8096.
Durante a manhã, o dólar chegou a cair mais de 1% frente ao real, refletindo o otimismo dos investidores. No entanto, a moeda norte-americana reduziu parte das perdas após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciar a suspensão das tarifas comerciais sobre o México por um mês. Apesar desse ajuste, o real manteve seu ritmo positivo e terminou o dia com uma valorização de 0,3%.
A recuperação do real ocorre após um período turbulento em 2024, quando a moeda sofreu uma forte desvalorização. No ano passado, o real perdeu mais de 20% de seu valor frente ao dólar, atingindo uma das cotações mais baixas da história. Esse cenário foi resultado da desconfiança dos investidores em relação à política fiscal do governo brasileiro, além da saída de capital estrangeiro do país.
Agora, com essa sequência de valorização, o real já acumula um ganho de quase 6% em 2025, o que pode indicar um movimento mais sólido de recuperação no mercado cambial. No entanto, economistas alertam que o cenário global ainda é incerto, e novos desafios podem influenciar o desempenho da moeda brasileira nos próximos meses.
Por que o real está se valorizando?
Vários fatores explicam a recente valorização do real. Um dos principais é o chamado “carry trade”, uma estratégia utilizada por investidores internacionais para aproveitar a diferença entre as taxas de juros de diferentes países. No Brasil, a taxa Selic está elevada, o que torna o mercado brasileiro mais atraente para o capital estrangeiro, já que os investidores podem obter retornos maiores ao aplicar seus recursos no país.
Além disso, a expectativa de redução das taxas de juros nos Estados Unidos também contribuiu para a valorização do real. Com um cenário de possíveis cortes na taxa básica norte-americana, o Brasil se torna um destino mais interessante para os investidores, já que a diferença entre os juros dos dois países aumenta a rentabilidade dos investimentos em reais.
Outro fator que favoreceu a moeda brasileira foi a postura mais moderada do governo norte-americano em relação às políticas comerciais internacionais. Com menos incertezas no mercado global, investidores tendem a buscar ativos de países emergentes, como o Brasil, aumentando a demanda pelo real.
Apesar do momento positivo, economistas ressaltam que ainda existem desafios. A instabilidade política e econômica interna, os possíveis atritos comerciais entre os Estados Unidos e os países do BRICS e as questões fiscais brasileiras podem influenciar o futuro da moeda.
As moedas que mais se valorizaram em janeiro de 2025
O real não foi a única moeda a apresentar um forte desempenho em janeiro. Confira abaixo as moedas que mais valorizaram no primeiro mês do ano:
1. Rublo russo (+6,8%)
O rublo liderou o ranking das moedas que mais se valorizaram em janeiro. O fortalecimento da economia russa, impulsionado pelo aumento das exportações de energia e por uma política fiscal mais equilibrada, ajudou a estabilizar a moeda. Além disso, as boas relações comerciais da Rússia com a China foram um fator essencial para esse crescimento, já que aumentaram a demanda pelo rublo no comércio internacional.
2. Real brasileiro (+5,6%)
A moeda brasileira teve um desempenho positivo, refletindo a recuperação da confiança no mercado financeiro. A expectativa de cortes nas taxas de juros dos EUA aumentou o fluxo de investimentos para economias com juros mais altos, como o Brasil. Além disso, a estabilidade do cenário político internacional favoreceu a valorização do real.
3. Peso colombiano (+5,2%)
A valorização do peso colombiano foi impulsionada pela recuperação econômica da Colômbia, que registrou um aumento nas exportações de commodities, principalmente petróleo. Além disso, a estabilidade política e o fortalecimento da confiança dos investidores ajudaram a impulsionar a moeda frente ao dólar.
4. Zloty polonês (+4,7%)
A Polônia tem se destacado como uma das economias mais estáveis da Europa, e isso ajudou o zloty a se valorizar. O país mantém uma taxa de crescimento sólida, atraindo investimentos estrangeiros e garantindo mais confiança na sua moeda.
5. Won coreano (+4,5%)
A Coreia do Sul apresentou um desempenho econômico forte, impulsionado pela recuperação do setor tecnológico e pelo aumento das exportações. O won sul-coreano se beneficiou desse crescimento, garantindo uma valorização significativa no mercado cambial.
6. Shekel israelense (+4,3%)
O shekel israelense teve uma valorização notável devido ao fortalecimento da economia de Israel, impulsionada pelo setor de tecnologia e pelas políticas monetárias bem implementadas pelo governo. A confiança dos investidores na economia local foi fundamental para esse crescimento.
7. Baht tailandês (+4,1%)
A moeda da Tailândia subiu impulsionada pela recuperação do turismo e pelo aumento das exportações. Além disso, a estabilização do cenário político ajudou a fortalecer o baht.
8. Peso chileno (+4,0%)
O peso chileno acompanhou a tendência global de valorização das commodities, sendo beneficiado pelo aumento do preço do cobre, uma das principais exportações do Chile. O mercado financeiro do país também mostrou sinais de estabilidade, o que ajudou na valorização da moeda.
9. Iene japonês (+3,9%)
O iene japonês subiu com o suporte das políticas monetárias do Banco do Japão e sua reputação como um ativo de refúgio seguro em tempos de incerteza global. Isso fez com que investidores recorressem ao iene como uma opção confiável no mercado internacional.
10. Forint húngaro (+3,8%)
O forint húngaro teve um bom desempenho graças ao crescimento econômico estável da Hungria e ao aumento da confiança no mercado europeu. A estabilidade política e o interesse de investidores estrangeiros também ajudaram a fortalecer a moeda no início de 2025.
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