O custo da cesta básica aumentou em 14 das 17 capitais analisadas pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) em fevereiro de 2025.
As cidades que registraram as maiores altas foram Recife (4,44%), João Pessoa (2,55%), Natal (2,28%) e Brasília (2,15%). Em contrapartida, houve retrações em Goiânia (-2,32%), Florianópolis (-0,13%) e Porto Alegre (-0,12%).
Cesta básica ultrapassa R$ 800 em algumas capitais
Entre os locais pesquisados, São Paulo registrou o maior custo da cesta básica, atingindo R$ 860,53. Em seguida, aparecem Rio de Janeiro (R$ 814,90), Florianópolis (R$ 807,71) e Campo Grande (R$ 773,95).
Os menores valores foram observados em Aracaju (R$ 580,45), Recife (R$ 625,33) e Salvador (R$ 628,80). Nas capitais do Norte e Nordeste, a composição dos itens da cesta é diferente, o que pode influenciar no valor final.
Na análise anual, entre fevereiro de 2024 e fevereiro de 2025, 14 capitais apresentaram aumento no custo da cesta, com variações entre 1,87%, em Vitória, e 13,22%, em Fortaleza. Já as cidades que tiveram redução foram Porto Alegre (-3,40%), Rio de Janeiro (-2,15%) e Belo Horizonte (-0,20%).
Salário mínimo é insuficiente para suprir necessidades básicas
Apesar do reajuste do salário mínimo para R$ 1.518,00, o valor é insuficiente para garantir o sustento de uma família de quatro pessoas. Segundo o Dieese, considerando o custo da cesta mais cara, o salário mínimo necessário para cobrir as despesas essenciais deveria ser de R$ 7.229,32, o que equivale a 4,76 vezes o valor atual do piso.
Com os descontos da Previdência Social (7,5%), o trabalhador que recebe um salário mínimo comprometeu, em média, 51,46% de sua renda líquida apenas para adquirir os alimentos básicos. O tempo médio de trabalho necessário para comprar a cesta básica também aumentou: foram 104 horas e 43 minutos em fevereiro, contra 103 horas e 34 minutos em janeiro deste ano. Em fevereiro de 2024, esse tempo era de 107 horas e 38 minutos.
Impacto no orçamento familiar
O aumento do custo da cesta básica impacta diretamente o poder de compra da população, especialmente das famílias de baixa renda, que destinam a maior parte do orçamento para alimentação.
Com a inflação dos alimentos e a renda comprometida, muitos brasileiros precisam buscar alternativas, como substituir produtos ou reduzir o consumo de alguns itens essenciais.
A alta dos preços pode estar relacionada a fatores como condições climáticas adversas, oscilações cambiais e aumento dos custos de produção e distribuição. Em meio a esse cenário, políticas de incentivo ao poder de compra e medidas para controle da inflação tornam-se fundamentais para garantir a segurança alimentar da população.
Como está a inflação atualmente?
A inflação tem mostrado sinais de resistência, impactando diretamente o poder de compra da população. Em fevereiro, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), principal medidor da inflação no Brasil, registrou alta, puxado pelo aumento nos preços dos alimentos e combustíveis. Esse cenário reforça a dificuldade dos trabalhadores em equilibrar suas despesas básicas dentro do salário mínimo.
Mesmo com algumas medidas governamentais para conter a alta dos preços, como a redução de impostos sobre determinados itens da cesta básica, o custo de vida continua elevado.
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A inflação persistente compromete não apenas a alimentação, mas também setores essenciais como habitação e transporte, tornando o planejamento financeiro das famílias cada vez mais desafiador.