A globalização já não é novidade no mundo há muito tempo, e essa palavrinha mágica já está incrustada no nosso vocabulário. Multinacionais são uma realidade e possuem braços espalhados por todo canto. Ainda assim, países em desenvolvimento – pertencentes ao chamado “sul global” – continuam correndo por fora, sendo vistos, muitas vezes, apenas como lar de mão de obra barata e de um povo com pouco poder de consumo. Porém, o progresso econômico de países emergentes tem mudado esse cenário.
É o que tem acontecido na África do Sul. Segundo dados do Banco Africano de Desenvolvimento, a África possui onze das vinte economias que mais crescem no mundo. Enquanto o continente cresce como um todo, a Cidade do Cabo, capital legislativa da África do Sul, atravessa um período de aumento de investimentos e tem visto muitas empresas chegarem nos últimos anos. O movimento é intenso!
A digitalização pós-pandemia
Tive a oportunidade de conhecer o escritório da Kiyoh, uma empresa holandesa de tecnologia que chegou à África do Sul em 2023. Lá, conversei com Gamza Jones, que é sul-africano e trabalha no setor de suporte ao cliente.
Ele me explicou que a empresa é parceira do Google e possui uma plataforma online que permite que portais e sites tenham, em suas páginas, um espaço vinculado às avaliações do mecanismo de busca, com um ícone visual que mostra a reputação do site.
Esse movimento se intensificou muito no período pós-pandemia. No escritório da Kiyoh, também pude conversar com a gerente Chantal Oosthuizen. Quando perguntei se ela percebeu que, após a covid-19, o país se digitalizou, sua reação foi até engraçada: “Totalmente, e de forma muito intensa!” revelou, aos risos.
África do Sul na vanguarda
Por mais que o continente africano venha crescendo, a África do Sul se destaca. O próprio Gamza me contou que atende clientes de outros países da África, principalmente da África Oriental, e o sentimento é de que eles ainda estão alguns passos atrás.
“Muitas vezes me vejo obrigado a ensinar o óbvio, não apenas sobre como funcionam os sistemas de avaliação, mas também sobre o próprio Google” disse ele, que atende países como Quênia, Tanzânia e Ruanda. Segundo o profissional, isso tem feito com que empresas busquem a África do Sul como um mercado em clara ascensão em todo o continente.
Essa mudança tem provocado um crescimento acelerado nas oportunidades de emprego, ressaltando o aspecto cosmopolita da Cidade do Cabo. Na Kiyoh, por exemplo, há colaboradores de diferentes nacionalidades, como Gana e Camarões. Chantal me contou que isso não se limita à Kiyoh: o mercado de trabalho na cidade como um todo está aquecido.
Até onde vai essa escalada?
Quando perguntei sobre o futuro, Gamza ficou desconcertado para responder. Para ele, é muito difícil fazer previsões, já que, nos últimos anos, o crescimento do mercado de tecnologia foi impressionante.
“Nos últimos anos, as coisas mudaram muito, então eu nem saberia o que esperar. Precisamos ainda evoluir no aspecto da segurança digital, principalmente para minimizar fraudes, o que facilitaria muito minha vida. Mas, para ser honesto, o ritmo de crescimento tecnológico tem sido muito acelerado, então não tenho ideia” afirmou ‘Mr. Jones’, como gosta de ser chamado.
Aparentemente, este é apenas o início de um processo de digitalização muito acelerado pelo qual a África do Sul tende a passar nos próximos anos. De acordo com um levantamento da Proxyrack, provedor de serviços digitais e pesquisas, realizado em 2023, o país já é o que mais usa a internet diariamente no mundo, superando Brasil e Estados Unidos.
Gamza conclui: “Eu poderia te dizer que em 5 anos estaremos dirigindo carros voadores, entende? Eu diria: espere qualquer coisa”.