Está nos corredores das universidades, nos escritórios de startups e nas mesas de jantar de lares por todo o mundo: o futuro da Geração Z. Sim, aquela que dança, roda e serpenteia, nascida entre 1995 e 2010. Aquela em que faço parte, forjada na familiaridade digital e de uma confiança que impressiona…
E que por trás da desenvoltura tecnológica, apresenta uma fragilidade que não podemos ignorar: os desafios que ameaçam nossa saúde mental individual e coletiva, nossas perspectivas de futuro e identidade.

Afinal de contas, com uma crise climática, a instabilidade econômica e um mercado de trabalho precarizado, são estes os obstáculos que se erguem diante de nós, testando a resiliência e a capacidade de adaptação. Neste ano, representaremos pouco mais 25% da força de trabalho global, de acordo com um levantamento recente da WeWork parceria com a consultoria PageGroup, que ouviu as opiniões de mais de 10 mil profissionais em 5 países da América Latina, o que torna ainda mais urgente a necessidade de compreendermos seus anseios e angústias.
Aqui mora o desafio: fomos criados para ter um futuro palpável e possível, mas nos entregaram dilemas que serão impossíveis de serem resolvidos a curto e médio prazo. Imbuídos de uma busca por propósito, um trabalho que faça sentido e por um equilíbrio entre vida pessoal e profissional, esbarramos na dura realidade de baixos salários iniciais, dívidas precoces e uma competição acirrada, onde a inteligência artificial surge como um concorrente implacável – apesar de anos entregues a formação acadêmica. Não, não estou dizendo que o tempo e a energia gasta foi em vão. Mas confesso que esperava um pouco mais do que a informalidade e o home office.
Qual a construção do nosso futuro?
Não é incomum flagrar a dependência, ainda que velada, de muitos em relação aos pais. O apoio financeiro e emocional se torna um porto seguro em meio a tantas incertezas. O que também mostra uma dependência maior e mais alargados de nossos mais velhos, muitos deles sobrevivendo em um país de realidades distintas e que paga muito pouco ao contribuinte de toda uma vida.
Lanço um questionamento: será que a Geração Z está fadada a ser apenas mais uma engrenagem em um sistema que valoriza o lucro acima de tudo? Ou seremos capazes de subverter a lógica do mercado, reinventar o mundo do trabalho e de construir um futuro mais justo e sustentável para todos?
Acredito que a resposta reside na capacidade de nos unirmos. É preciso questionar as leis trabalhistas arcaicas, combater a precarização e exigir políticas públicas que incentivem a criação de empregos dignos e que garantam o bem-estar de todos. Temos como potencial ser a força motriz de uma transformação profunda, mas precisamos despertar para a urgência do momento e assumir o protagonismo na construção de um futuro que valha a pena ser vivido.
Não é disso que serve a vida?