Leilão de arte feita com IA da Christie’s tem resultados mistos

O primeiro leilão da Christie’s dedicado às obras feitas com inteligência artificial (IA) terminou nesta quarta-feira, 5 de fevereiro, com resultados variados. O evento mostrou tanto o interesse crescente nessa tecnologia quanto as polêmicas em torno dela.

Durante os 14 dias de leilão on-line, 14 dos 34 lotes não receberam lances suficientes ou foram vendidos por menos do esperado. Mesmo assim, algumas peças alcançaram valores altos, mostrando que esse mercado tem potencial.

 Leilão da Christie's com obras de arte feitas por inteligência artificial.
Emerging Faces, obra do artista Pindar Van Arman, em exibição na Christie’s |Foto: Reprodução/AFP

Um dos destaques foi a animação Machine Hallucinations – ISS Dreams – A, do artista digital Refik Anadol, que foi vendida por 277.200 dólares (cerca de 1,6 milhão de reais), superando as expectativas. Por outro lado, a obra Emerging Faces, do americano Pindar Van Arman, criada com a interação de duas inteligências artificiais, não recebeu nenhuma oferta.

Nicole Sales Giles, diretora de vendas de arte digital da Christie’s, disse em nota à imprensa que os resultados mostram o reconhecimento dos artistas participantes. No entanto, alguns especialistas acham que a seleção das obras poderia ter representado melhor o avanço da arte digital com IA.

Além das dificuldades para vender, o evento também enfrentou críticas da comunidade artística. Cerca de 6.490 artistas assinaram uma petição pedindo o cancelamento do leilão, argumentando que algumas das peças foram feitas com modelos de IA que usaram imagens protegidas por direitos autorais sem permissão.

Apesar de este ter sido o primeiro leilão exclusivo de arte criada por IA, a Christie’s e sua concorrente Sotheby’s já vinham incluindo esse tipo de obra em vendas anteriores. No total, o evento arrecadou 728.784 dólares (cerca de 4,2 milhões de reais), mostrando tanto as oportunidades quanto os desafios da presença da inteligência artificial no mercado de arte.

Sobre a Christie’s

A Christie’s é uma das mais prestigiadas casas de leilão do mundo, fundada em 1766, no Reino Unido, por James Christie. Especializada na venda de obras de arte, antiguidades, joias e itens de luxo, a empresa se destaca por leilões históricos e recordes de vendas, movimentando o mercado global da arte.

Com sedes em cidades como Londres, Nova York, Paris e Hong Kong, a Christie’s combina tradição e inovação, sendo pioneira na digitalização dos leilões e na comercialização de arte digital e NFTs, que são registros digitais que garantem a autenticidade e a exclusividade de uma obra ou item na internet.

O leilão gerou revolta entre artistas

Embora a Christie’s já tenha apresentado obras criadas por inteligência artificial (IA) em leilões anteriores, esta é a primeira vez que a casa dedica um evento exclusivamente a essa tecnologia. A iniciativa acompanha a expansão do mercado de arte digital, impulsionada pelo avanço da IA generativa.

O representante da casa de leilões, Giles, explicou que a decisão de promover esse evento reflete a crescente presença da IA no cotidiano. Ele ressaltou que, conforme mais pessoas compreendem como a tecnologia funciona, fica mais fácil reconhecer seu potencial também no universo artístico.

A utilização de algoritmos na produção artística não é novidade. Entre as peças leiloadas, destaca-se um trabalho do artista americano Charles Csuri (1922-2022), criado em 1966. Csuri, um dos precursores da arte computacional, foi pioneiro no uso de softwares para modificar desenhos feitos manualmente.

Controvérsias e acusações de plágio

Apesar do entusiasmo gerado pela iniciativa, a proposta enfrentou forte resistência. Uma petição online pedindo o cancelamento do leilão recebeu mais de 6.300 assinaturas. Os organizadores do protesto alegam que muitas das obras foram geradas por modelos de IA treinados com imagens protegidas por direitos autorais, o que, segundo eles, configura uma apropriação indevida do trabalho de artistas humanos.

A polêmica reflete um debate cada vez mais intenso sobre propriedade intelectual na era da IA. Em 2023, empresas como Midjourney e Stability AI foram processadas por artistas que as acusaram de violar leis de direitos autorais ao utilizar suas criações sem consentimento para treinar modelos generativos.

Um debate em constante evolução

O leilão da Christie’s acontece em um momento de grande transformação na arte digital, impulsionada pelo avanço da inteligência artificial. A IA generativa trouxe novas possibilidades criativas, mas também levantou preocupações sobre originalidade e direitos autorais.

Enquanto alguns artistas denunciam que muitos algoritmos utilizam obras protegidas sem autorização, outros veem a IA como uma ferramenta inovadora que expande as formas de expressão artística.

Com a crescente influência da IA no universo artístico, o debate entre inovação e propriedade intelectual continuará moldando o mercado. O evento da Christie’s reflete essa mudança e reforça a necessidade de equilibrar tecnologia e ética no setor.

Conheça as obras mais caras já leiloadas na Christie’s

A casa de leilões Christie’s é conhecida por vender algumas das obras de arte e itens mais valiosos do mundo. Entre os leilões mais impressionantes realizados por essa renomada casa, destacam-se peças de arte, joias raras e objetos históricos que alcançaram cifras milionárias.

A casa de leilões Christie’s é conhecida por vender algumas das obras de arte e itens mais valiosos do mundo. Entre os leilões mais impressionantes realizados por essa renomada casa, destacam-se peças de arte, joias raras e objetos históricos que alcançaram cifras milionárias.

Um dos recordes mais notáveis foi estabelecido pelo quadro “Salvator Mundi”, atribuído a Leonardo da Vinci, vendido em 2017 por impressionantes US$ 450,3 milhões (R$ 2,58 bilhões). A pintura, considerada uma das obras mais raras ainda existentes do mestre renascentista, se tornou a obra de arte mais cara já leiloada.

Outro destaque foi a escultura “L’Homme au doigt” de Alberto Giacometti, arrematada por US$ 141,3 milhões (R$ 809,65 milhões) em 2015. A peça é uma das mais icônicas do escultor suíço e estabeleceu um recorde para esculturas vendidas em leilão.

No mundo das joias, o diamante Pink Legacy chamou atenção ao ser vendido por US$ 50 milhões (R$ 286,5 milhões) em 2018. Com uma cor excepcional e pureza impecável, a pedra preciosa se tornou uma das mais valiosas já leiloadas pela Christie’s.

Além das artes e joias, objetos históricos também foram destaque. O manuscrito “Codex Leicester”, de Leonardo da Vinci, foi comprado por Bill Gates por US$ 30,8 milhões (R$ 176,48 milhões) em 1994. Essa coleção de anotações científicas do gênio renascentista oferece um vislumbre raro de sua mente brilhante.

A Christie’s continua sendo uma referência no mundo dos leilões, sempre trazendo ao mercado peças que fazem história e conquistam colecionadores dispostos a pagar cifras astronômicas por itens únicos.

Leia também: Como usar a IA para organizar sua vida após o Carnaval?

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