De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de adolescentes de 15 a 17 anos fora da escola diminuiu entre 2019 e 2023. No entanto, cada vez mais o trabalho tem sido apontado como a principal razão pela qual esses adolescentes não estão estudando. Essas informações foram divulgadas no relatório “Uma análise das condições de vida da população brasileira” nesta quarta-feira (4).
O IBGE revelou que, em 2019, 71,6% dos adolescentes dessa faixa etária estavam frequentando a escola. Esse percentual aumentou para 75% em 2023, com destaque para o crescimento entre jovens pretos e pardos, cujos índices passaram de 67% para 71,5% e de 64,5% para 71,4%, respectivamente.
Por outro lado, 25,6% dos adolescentes fora da escola precisam ou preferem trabalhar, ou estão buscando uma ocupação remunerada. Esse número era de 18,6% em 2019. Embora o desinteresse pelos estudos tenha diminuído (passando de 35,8% para 30%), ele ainda é a principal razão que mantém esse grupo longe das aulas.
Outros dados apresentados também explicam motivos pelos quais alguns jovens brasileiros abandonam a escola:
1. Motivos do abandono escolar masculino (2023):
Em 2023, os homens de 15 a 29 anos que interromperam seus estudos apontaram principalmente o trabalho como razão para isso, com 41% deles mencionando a ocupação profissional como fator impeditivo para retornarem à escola.
Além disso, 58,6% deles alegaram que o trabalho os impede de retomar os estudos. Esses dois fatores, juntamente com o desinteresse em continuar os estudos, que também contribui para o abandono escolar, representam juntos 79,9% dos casos de evasão masculina.
2. Motivos do abandono escolar feminino:
Entre as mulheres, a gravidez e os afazeres domésticos foram os principais motivos para a interrupção dos estudos. Cerca de 32,7% das mulheres pararam de estudar devido a essas responsabilidades, com 23,1% mencionando a gravidez como a principal razão, e 9,5% citando a necessidade de realizar tarefas domésticas e cuidar da família.
Cerca de 39,5% das mulheres que não estão mais frequentando a escola atualmente relatam esses fatores como impeditivos, sendo 3,1% devido à gravidez e 36,3% por afazeres domésticos e cuidados com a família.
3. Taxa de pessoas com ensino superior no Brasil (2022):
No Brasil, apenas 23,7% das pessoas na faixa etária de 25 a 34 anos possuíam diploma de ensino superior em 2022. Esse índice é cerca de metade da média dos países membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que registraram uma média
Brasil fica entre os piores em ranking global de matemática
O Brasil ocupa uma das últimas posições em um ranking global que avalia o desempenho de estudantes do 4º e 8º anos do ensino fundamental na disciplina de matemática, evidenciando desafios significativos na área educacional do país.
No caso específico do 4º ano, o cenário é especialmente preocupante. De um total de 58 países analisados, o Brasil aparece na 55ª posição, superando apenas Marrocos, Kuwait e África do Sul. Esses dados refletem a baixa proficiência dos alunos brasileiros em matemática, destacando a necessidade urgente de melhorias no sistema de ensino, principalmente em estratégias de aprendizado para os anos iniciais.
Confira abaixo a comparação entre as médias internacionais e os resultados do Brasil:
Matemática – 4º ano
- Média interacional: 503
- Brasil: 400
Matemática – 8º ano
- Média interacional: 478
- Brasil: 378
Nos dois casos, o Brasil está abaixo da média internacional, demonstrando uma compreensão básica de matemática.
Desempenho por estado
O Rio Grande do Sul é o estado com as melhores médias de proficiência em matemática para os estudantes do 4º e 8º ano, de acordo com o estudo.
O resultado mostrou que o estado gaúcho teve média de 455,4 na proficiência em matemática no 4º ano, acima da média nacional de 400. Em relação aos estudantes do 8º ano, o estado teve 414,3 pontos.
Participação no ranking
As provas do Timss (Trends in International Mathematics and Science Study) são realizadas a cada quatro anos desde 1995 e avaliam o desempenho educacional em diversos países. Em 2024, pela primeira vez, o Brasil participou do ranking, marcando um momento significativo para a educação nacional ao entrar em um estudo internacional de referência.
Organizado pela Associação Internacional para a Avaliação do Desempenho Educacional (IEA), o Timss fornece dados que permitem comparações entre diferentes países ao longo do tempo. Esses dados são importantes para entender os avanços e desafios no ensino de ciências e matemática em um contexto global.
O estudo avalia os conhecimentos de alunos do 4º e 8º anos do ensino fundamental em ciências e também examina os contextos de aprendizagem que influenciam o desempenho desses estudantes. Isso inclui fatores como recursos disponíveis, metodologias de ensino, formação dos professores e engajamento dos alunos, fornecendo uma análise detalhada sobre como esses elementos afetam os resultados educacionais.
Investimento público em educação cai no Brasil entre 2015 e 2021, diz OCDE
No Brasil, entre os anos de 2015 e 2021, o investimento público em educação apresentou uma redução média anual de 2,5%, conforme aponta o relatório internacional Education at a Glance (EaG) 2024, publicado em setembro de 2024 pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Em contraste, no mesmo período, os países membros da OCDE registraram um aumento médio anual de 2,1% nos investimentos públicos em educação, abrangendo os níveis fundamental, médio e superior.
Além da queda percentual, o Brasil investe menos em educação, em valores absolutos, do que a média dos países da OCDE. Nas escolas de ensino fundamental, o investimento médio anual por aluno é de US$ 3.668, aproximadamente R$ 20,5 mil. Nos países da OCDE, esse valor é muito maior, atingindo US$ 11.914, o equivalente a cerca de R$ 66,5 mil.
No ensino médio, o cenário não é diferente: enquanto o Brasil investe cerca de US$ 4.058 (R$ 22,6 mil) por aluno, os países da OCDE aplicam em média US$ 12.713 (R$ 71 mil). Já no ensino superior, o Brasil destina US$ 13.569 (R$ 75,8 mil) por aluno, ainda abaixo do valor médio dos países da OCDE, que chega a US$ 17.138 (R$ 95,7 mil).
Apesar de destinar uma parcela maior dos gastos totais do governo à educação em comparação com os países da OCDE, essa proporção também diminuiu no Brasil, passando de 11,2% em 2015 para 10,6% em 2021. Nos países da OCDE, houve uma leve redução média no mesmo período, de 10,9% para 10,0%.
Notícias relacionadas ao tema mostram que países da OCDE estão reduzindo o percentual de jovens que não estudam nem trabalham (“nem-nem”) e que a escolaridade obrigatória no Brasil é superior à média dos países da organização.
Salários dos professores
No Brasil, os professores recebem salários menores e trabalham mais horas do que a média dos países da OCDE. Em 2023, o salário médio anual dos docentes que atuam nos anos finais do ensino fundamental (6º ao 9º ano) foi de US$ 23.018, ou cerca de R$ 128,4 mil, valor que está 47% abaixo da média da OCDE, de US$ 43.058, ou aproximadamente R$ 240,2 mil.
O relatório destaca que o trabalho dos professores envolve diversas responsabilidades, como ministrar aulas, preparar conteúdos, corrigir trabalhos e manter contato com os pais dos alunos. No Brasil, os docentes dos anos finais do ensino fundamental precisam lecionar 800 horas por ano, superando a média da OCDE, que é de 706 horas anuais.
Quanto à proporção de alunos por professor, a situação no Brasil também é mais desafiadora. Enquanto na OCDE, em média, há 14 alunos por professor nos anos iniciais do ensino fundamental, 13 nos anos finais e 13 no ensino médio, no Brasil esses números sobem para 23, 22 e 22 alunos por professor, respectivamente.
O relatório enfatiza que a relação entre o número de estudantes e professores deve ser analisada considerando as particularidades de cada país. Ter menos alunos por professor pode melhorar a atenção individual aos estudantes, mas também exige maiores investimentos globais em salários para o corpo docente.
O estudo faz parte do relatório “Education at a Glance” (EaG), que reúne indicadores para comparar os sistemas educacionais de países e regiões participantes. O Brasil participa do EaG desde sua primeira edição, em 1997.
A OCDE, uma organização internacional fundada em 1961 para promover o progresso econômico e o desenvolvimento, conta atualmente com 38 países-membros. Até 2022, o Brasil era parceiro da organização e, desde então, figura como um candidato oficial a membro pleno.
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