O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirma que mais de 50% dos eventos relacionados a falta de luz foram provocados por queda de árvores
Durante o temporal que afetou o fornecimento de eletricidade para mais de 2,1 milhões de imóveis em São Paulo nos últimos 6 dias, a prefeitura da cidade afirmou que há 6.081 pedidos de podas de árvores que necessitam da intervenção prévia da Enel, companhia responsável pelo abastecimento de energia na região, para afastar folhas e galhos que estão em contato com a rede elétrica.
A Enel negou os dados apresentados pela administração da capital paulista. Segundo a empresa, “estão em aberto e dentro do prazo acordado cerca de 1,8 mil solicitações de poda realizadas pela Prefeitura, sendo dessas apenas 130 em atraso”. Além disso, a companha “realiza reuniões semanais com representantes do Município para acompanhar esse trabalho”, informou ao Estadão.
Quantas podas foram realizadas em SP?
No entanto, dados levantados pelo telejornal Bom Dia São Paulo, dos 240.426 pedidos de podas realizados, a Enel concluiu apenas 1.730. Ou seja, menos de 1%. A empresa afirmou desconhecer essas informações.
A companhia ressaltou ainda que fez um multirão de podas preventivas ao longo do ano. “De janeiro a setembro, foram 433 mil podas, o que representa 72% da meta anual de 600 mil intervenções nos 24 municípios onde a companhia opera, incluindo a capital. Esse total é o dobro do número de podas realizado em 2023″, afirmou a distribuidora.
Queda de árvores pode agravar crise elétrica
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou na semana passada que “mais de 50% dos eventos relacionados à falta de luz foram causados por árvore caindo em cima do sistema de média e baixa tensão em São Paulo”.
Desde os problemas provocados pelo apagão, foram registradas 386 ocorrências de quedas de árvores só em São Paulo. Desse total, 49 precisariam de uma intervenção da empresa por contato com a fiação.
Embora a poda de árvores, geralmente, seja responsabilidade da administração pública, o contrato com a Enel prevê que a concessionária deve manejar a vegetação que impacte o sistema de alguma forma, seja por meio de uma queda ou apenas em contato.
Queda na qualidade do serviço
O diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Sandoval Feitosa Neto, afirmou que a atuação da Enel neste ano ficou abaixo das expectativas e foi, inclusive, pior do que no apagão de novembro do ano passado. Naquela ocasião, a empresa levou 24 horas para restabelecer 60% dos consumidores interrompidos. Esse mesmo patamar foi atingido no evento atual em 42 horas.
“Nos preocupa a capacidade de mobilização da empresa neste momento e a velocidade do restabelecimento do serviço”, afirmou Tiago Mesquita, diretor-presidente da Agência Reguladora de Serviços Públicos do Estado de São Paulo (Arsesp), órgão responsável por apoiar a Aneel na fiscalização da qualidade do serviço de energia elétrica prestado pelas concessionárias.
Segundo Mesquita, é possível realizar a comparação, pois ambos os episódios impactaram a cidade de maneira semelhante. Na Grande São Paulo, área de concessão da Enel, pouco mais de dois milhões de pessoas foram afetadas em ambos os eventos. Em 2023, porém, outras regiões do estado também ficaram sem energia.
Até quando irá o contrato com a Enel?
O contrato de concessão com a Enel foi firmado em outubro de 1998, com prazo de 30 anos, ou seja, a concessionária prevê o abastecimento da região metropolitana de São Paulo até 2028. O documento prevê a possibilidade de prorrogação por mais 30 anos a critério da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), em caso de solicitação da concessionária.