Brasil é o 33º melhor país para se aposentar, diz pesquisa

O Brasil foi classificado como o 33º melhor país para se aposentar em um ranking que avalia a qualidade dos sistemas previdenciários ao redor do mundo. A pesquisa, conduzida pela consultoria Mercer, analisou os sistemas de 48 países, levando em consideração três critérios principais: adequação de renda, sustentabilidade e integridade do sistema de aposentadoria.

Apesar de mostrar boas características, o Brasil enfrenta desafios significativos que podem afetar sua capacidade de garantir uma aposentadoria sustentável para seus cidadãos no longo prazo.

Classificação do Brasil: uma visão mista

O Brasil recebeu a classificação geral C no Índice CFA de Aposentadoria da Mercer, o que indica que o sistema previdenciário brasileiro possui boas características, mas também apresenta problemas que necessitam de melhorias urgentes.

O Brasil ocupa o 33º lugar no ranking global de aposentadoria, destacando-se na renda, mas enfrentando desafios em sustentabilidade | Foto: Reprodução/Canva
O Brasil ocupa o 33º lugar no ranking global de aposentadoria, se destaca em questões de renda, mas enfrenta desafios em relação a sustentabilidade | Foto: Reprodução/Canva

O índice utiliza três subíndices para avaliar os sistemas: adequação, sustentabilidade e integridade. Cada um desses componentes é importante para determinar se um sistema pode fornecer uma aposentadoria adequada e sustentável a longo do tempo.

Em relação à adequação de renda, que mede a capacidade do sistema de fornecer uma aposentadoria suficiente para garantir o bem-estar dos aposentados, o Brasil obteve a nota B, o que indica um desempenho razoavelmente positivo. Isso significa que o sistema é capaz de garantir uma renda de aposentadoria para uma boa parte da população.

No entanto, o subíndice de sustentabilidade, que avalia a capacidade do sistema de continuar funcionando no futuro, foi o ponto mais fraco, com uma nota E — a pior possível na escala utilizada pela Mercer. Isso levanta preocupações sobre a viabilidade do sistema previdenciário brasileiro a longo prazo.

Sustentabilidade: o grande desafio

O subíndice de sustentabilidade reflete a capacidade de um sistema previdenciário de continuar pagando benefícios de aposentadoria ao longo do tempo sem sobrecarregar as finanças públicas ou futuras gerações de trabalhadores. Nesse aspecto, o Brasil enfrenta desafios sérios, o que justifica a nota baixa. As dificuldades surgem principalmente devido ao envelhecimento da população e ao aumento da expectativa de vida, combinados com um número crescente de aposentados e uma base de contribuintes que não cresce na mesma proporção.

Sem reformas que abordem essas questões, a sustentabilidade do sistema pode ser comprometida. Isso poderia levar a déficits previdenciários e a pressões fiscais, exigindo medidas como o aumento das contribuições ou a redução de benefícios, afetando negativamente os futuros aposentados. Segundo a Mercer, “sem melhorias, a eficácia ou sustentabilidade do sistema brasileiro a longo prazo pode ser questionada”, deixando claro que o país precisa de ajustes para evitar problemas maiores no futuro.

Aposentadoria no Brasil comparada ao cenário global

No cenário internacional, o Brasil está consideravelmente atrás das nações com sistemas previdenciários mais robustos. No topo do ranking está a Holanda, que recebeu a classificação A, por ter um sistema previdenciário sólido, de alta integridade e sustentabilidade. O sistema holandês inclui uma pensão pública fixa e planos de aposentadoria profissionais quase obrigatórios, o que garante que a maioria da população tenha acesso a uma renda suficiente na aposentadoria.

A Islândia e a Dinamarca ocupam, respectivamente, o segundo e terceiro lugares no ranking. Ambos os países nórdicos oferecem sistemas previdenciários robustos, com pensões básicas públicas e complementos obrigatórios pagos por empregadores e empregados. Esses sistemas são altamente sustentáveis e oferecem pensões suficientes para garantir o bem-estar dos aposentados, além de serem financiados de maneira que não comprometem as finanças públicas no longo prazo.

No entanto, o Brasil não é o único país que enfrenta desafios. Muitas nações ao redor do mundo estão lidando com o aumento da expectativa de vida e com uma base de contribuintes que não cresce na mesma proporção. Mesmo alguns países desenvolvidos enfrentam dificuldades em manter seus sistemas de aposentadoria funcionando de maneira sustentável.

Oportunidades para melhorias

A classificação do Brasil como o 33º melhor país para se aposentar destaca tanto as forças quanto as fraquezas do sistema previdenciário nacional. Se, por um lado, o sistema é capaz de oferecer uma renda razoável para os aposentados, por outro, a falta de sustentabilidade é um problema sério que precisa ser resolvido.

A reforma previdenciária de 2019 foi um passo importante na direção de corrigir algumas dessas falhas, mas ainda há muito a ser feito. Medidas como o aumento da idade mínima de aposentadoria, o incentivo à previdência privada e a adoção de políticas que aumentem a base de contribuintes podem ser soluções viáveis para garantir a sustentabilidade do sistema a longo prazo.

Além disso, a conscientização da população sobre a importância de economizar e planejar para a aposentadoria é essencial. Muitos brasileiros ainda dependem exclusivamente do sistema público de previdência, o que pode ser insuficiente, especialmente se os desafios de sustentabilidade não forem resolvidos.

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A posição do Brasil no ranking mundial de aposentadoria, em 33º lugar, reflete um sistema previdenciário que, embora tenha pontos positivos como a adequação da renda, enfrenta desafios significativos relacionados à sua sustentabilidade. As reformas recentes trouxeram melhorias, mas a falta de sustentabilidade continua sendo um problema que ameaça o futuro dos aposentados no país.

Comparado a nações como Holanda, Islândia e Dinamarca, o Brasil tem um longo caminho a percorrer para garantir um sistema previdenciário que não só ofereça uma renda adequada, mas também seja sustentável e de alta integridade. A necessidade de reformas adicionais e de uma abordagem mais integrada para garantir a sustentabilidade do sistema é fundamental para que o Brasil suba no ranking global e, mais importante, garanta uma aposentadoria digna e segura para sua população.

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