A falta de políticas ambientais, sociais e de governança (ESG – Environmental, social and Governance) é o principal fator que leva consumidores brasileiros a deixar de consumir produtos de certas marcas, segundo a pesquisa Reputação das marcas: o que move o comportamento dos brasileiros, realizada pela Nexus.
Segundo o levantamento, 26% dos consumidores no Brasil avaliam negativamente empresas que não adotam práticas responsáveis, priorizando a transparência em governança, o respeito ao meio ambiente e o impacto social das marcas.
O resultado revela um cenário cada vez mais desafiador para empresas que ainda não se adequaram a práticas ESG. Além da preocupação ambiental, os consumidores no país estão atentos à maneira como as empresas impactam a sociedade e a economia, buscando marcas que demonstrem compromisso com esses valores.
Neste cenário, Marcelo Tokarski, CEO da Nexus, destaca a importância da qualidade dos produtos e do atendimento, mas pontua que as falhas na atuação em questões relacionadas a ESG podem causar danos mais graves à reputação de uma empresa, especialmente aquelas ligadas à governança, como casos de corrupção ou fraude.
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Qualidade e atendimento ainda são relevantes, mas ESG assume protagonismo
Apesar de a adoção de políticas ESG ser um fator crucial, a pesquisa indica que o brasileiro também valoriza a qualidade dos produtos e o atendimento ao cliente. De acordo com Tokarski, a qualidade e o serviço oferecido ao consumidor são pontos centrais na construção da reputação de uma marca.
“O brasileiro admira uma marca que lhe entregue qualidade naquilo que oferece ao consumidor, seja um produto ou um serviço. Isso não quer dizer que os demais aspectos não sejam relevantes, mas atender bem o cliente acaba por ser o primeiro passo”, afirmou.
Ainda que o atendimento e a qualidade dos produtos sejam diferenciais, a pesquisa mostra que, em longo prazo, a ausência de políticas ESG é o que compromete a imagem da empresa. A questão ESG afeta diretamente a credibilidade da marca, sobretudo quando estão envolvidas questões relacionadas à corrupção, falta de investimento social e negligência ambiental.
Governança e impacto econômico: um olhar mais atento para as empresas
Outro aspecto importante que os consumidores brasileiros consideram ao avaliar uma marca é o impacto econômico da empresa no país. Esse critério está relacionado à capacidade da empresa de gerar emprego, contribuir para a renda nacional e apoiar o desenvolvimento econômico das regiões onde atua. Ao lado das práticas de ESG, o “impacto na economia do país” é um dos três principais motivos que levam os consumidores a manterem uma visão positiva sobre determinada marca.
Tokarski também enfatiza que “ser bom no que se faz e gerar emprego e renda para o país são fatores muito importantes para que uma marca seja admirada pelos consumidores”. Dessa forma, empresas que promovem o desenvolvimento econômico, ao mesmo tempo que seguem práticas responsáveis e transparentes, estão mais bem posicionadas na preferência dos consumidores.
Impacto da ausência de ESG no mercado brasileiro
Para as empresas que ignoram as políticas ESG, o preço a pagar vai além da reputação. A percepção negativa por parte dos consumidores pode resultar em um impacto financeiro direto, refletindo na queda das vendas e na perda de fidelidade do público. Com o aumento do acesso à informação e a crescente importância da responsabilidade social, os consumidores brasileiros têm se tornado mais criteriosos e exigentes.
No Brasil, onde a corrupção é, frequentemente, um tema discutido e onde há a carência de políticas públicas ambientais e sociais consistentes, os consumidores passaram a ver as empresas como agentes ativos na busca por um futuro sustentável. Esse novo perfil de consumo sugere que as empresas precisam ter clareza sobre os impactos de suas operações no meio ambiente e na sociedade e agir para que esses efeitos sejam minimizados.
O caminho para um futuro mais sustentável e lucrativo
Empresas que adotam práticas ESG não apenas atraem mais consumidores, mas também aumentam sua competitividade no mercado. A economia verde e as práticas de governança transparente se consolidam como diferenciais, especialmente entre consumidores jovens, que se mostram mais engajados em questões ambientais e sociais. Organizações que buscam crescer no Brasil devem, portanto, considerar a adoção de políticas ESG como uma vantagem estratégica, capaz de promover uma imagem sólida e alinhada com as expectativas do público.
Como resposta à demanda crescente por práticas responsáveis, algumas empresas no Brasil têm avançado em direção à economia circular e à descarbonização de processos. Dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI) indicam que 85% da indústria brasileira já pratica a economia circular, uma iniciativa que ajuda na reutilização de materiais e na redução de resíduos.
Para Tokarski, o papel das empresas é fundamental para essa transição. A pesquisa da Nexus mostra que, no Brasil, o consumidor está cada vez mais exigente e atento às práticas de ESG, algo que representa tanto um desafio quanto uma oportunidade. A implementação dessas políticas não é mais uma questão de escolha, mas sim uma necessidade para que as empresas se mantenham relevantes e competitivas.
O estudo da Nexus deixa claro que a adesão às práticas ESG, aliada à qualidade dos produtos e ao atendimento, é essencial para conquistar e manter a confiança dos consumidores brasileiros. Marcas que ignoram a importância dessas práticas arriscam não apenas sua reputação, mas também seu valor de mercado.
Portanto, para empresas que buscam crescer e se consolidar no Brasil, investir em práticas ESG é um diferencial e uma exigência do mercado. O cenário econômico e social atual demanda comprometimento por parte das organizações, e os consumidores estão cada vez mais atentos e dispostos a premiar empresas que estejam alinhadas com valores de sustentabilidade, transparência e responsabilidade social.