Durante o G20 no Rio de Janeiro, o Brasil defendeu uma reforma na governança global, apontando a necessidade de maior participação dos países em desenvolvimento nas decisões internacionais. Para o ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência, Paulo Pimenta, o modelo atual, originado após a Segunda Guerra Mundial, não responde aos desafios contemporâneos, como desigualdade, fome e mudanças climáticas.
A Cúpula de Líderes, que reúne as 19 maiores economias do mundo, a União Europeia e a União Africana, ocorre nos dias 18 e 19 de novembro. O evento busca alinhar propostas concretas para enfrentar questões como a fome e a transição energética.
Críticas ao modelo da ONU
Paulo Pimenta destacou a ineficiência dos fóruns da ONU, como o Conselho de Segurança, ao abordar conflitos globais. Ele criticou a influência desproporcional de países desenvolvidos, especialmente em situações de guerra, e questionou a exclusão de regiões como África e América Latina nos debates globais.
“É possível imaginar discutir o futuro da humanidade sem que a África ou a América Latina tenham espaço relevante? Vivemos num mundo onde a riqueza é concentrada e regiões inteiras enfrentam fome e miséria. Isso exige uma revisão urgente dos acordos estabelecidos no pós-guerra”, afirmou o ministro.
Essa postura reflete a ambição brasileira de posicionar os países do Sul Global como protagonistas em decisões internacionais, reforçando a demanda por um sistema mais inclusivo e equitativo.
G20 Social como ponte de diálogo
O G20 Social, iniciativa promovida pelo Brasil, antecedeu a Cúpula e reuniu organizações da sociedade civil, governos e conselhos de vários países para debater temas globais. As discussões geraram propostas concretas que serão apresentadas aos líderes mundiais.
Entre os temas abordados, destacam-se:
- O combate à fome com a criação da Aliança Global contra a Fome;
- A transição energética, buscando soluções sustentáveis;
- A taxação dos super ricos para financiar políticas sociais.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva será responsável por levar a Declaração Final do G20 Social à mesa principal da Cúpula de Líderes.
Governo do Brasil investe em segurança no evento
Além das questões políticas, o Brasil enfrenta desafios relacionados à segurança durante o evento. Recentemente, um atentado ao Supremo Tribunal Federal (STF) gerou preocupação. Segundo Paulo Pimenta, explosivos encontrados em Brasília indicam uma tentativa da extrema-direita de desestabilizar o G20.
“Apesar das ações criminosas, a segurança foi reforçada para garantir o sucesso do evento e proteger chefes de Estado e participantes”, garantiu o ministro.
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Propostas brasileiras no G20
Com a presidência temporária do G20, o Brasil busca consolidar sua liderança ao propor mudanças estruturais. Entre os pontos centrais, destaca-se a ideia de taxar grandes fortunas, tema já discutido globalmente, mas ainda sem avanços concretos.
Essa proposta visa financiar políticas de combate à fome e apoiar países em desenvolvimento na implementação de ações contra mudanças climáticas. Além disso, o Brasil defende maior inclusão da África e América Latina nas decisões econômicas e políticas globais.
A participação do Brasil no G20 marca uma tentativa de reposicionar o país como protagonista nas discussões globais. Ao propor uma reforma na governança internacional, o governo aponta para um futuro mais inclusivo e equitativo, onde os países em desenvolvimento terão maior voz nas decisões que moldam o destino do planeta.
Com o Rio de Janeiro como palco, o evento destaca a importância do diálogo global e da implementação de políticas que combatam a desigualdade e promovam o desenvolvimento sustentável.
Como o evento ajuda o Brasil?
“O país-sede consegue pautar temas do encontro e, sobretudo, atrair a atenção da comunidade internacional, dando visibilidade para suas demandas. Além dessa presidência inédita, o Brasil tem na figura de Lula, um chefe de Estado que goza de prestígio internacional, com potencial para avançar em suas posições de um integrante fixo do conselho de segurança da ONU, que é uma demanda histórica do país no cenário global”, avalia o professor Vladimir Feijó, doutor em Direito Internacional pela PUC de Minas Gerais, a resposta é positiva.
Oficialmente, o Brasil definiu três eixos de atuação durante o período de mandato na presidência do G20: combate à fome, à pobreza e a desigualdade; as três dimensões do desenvolvimento sustentável (econômica, social e ambiental) e a reforma da governança global.