Mais uma vez vestindo suas melhores galas para receber a elite mundial, o Rio de Janeiro nos últimos dias se viu transformado em um verdadeiro palco global, com a realização da Cúpula do G20. Mas, por trás das negociações exitosas no que diz respeito à diplomacia brasileira, uma pergunta ecoa: quem, de fato, se beneficia desse tipo de evento?
Segundo levantamento da fundação Visit Rio, o encontro, bem como os eventos ligados à agenda principal, devem colocar 432,5 milhões de reais nos cofres locais. Desse total, treze iniciativas estão diretamente relacionadas ao G20, com um impacto estimado de 32,6 milhões de reais, além de uma arrecadação de 1,6 milhão em Imposto sobre Serviços (ISS).
É crescimento dos lucros sentido justamente na ponta, pra quem poderia temer o feriadaço que tomou conta da capital. Bares e restaurantes próximos aos locais que sediaram os encontros registraram maior consumo, assim como os de perfil turístico, valida a sensação o Sindicato dos Bares e Restaurantes do Rio, o SindRio.
‘’É importante lembrar que esse é um setor que vem mostrando sua força, especialmente no pós-pandemia, sendo um dos principais responsáveis pela retomada econômica, como o segundo maior gerador de empregos entre as empresas de comércio, bens e serviços desde o fim das restrições sanitárias’’, comenta Fernado Blower, presidente da associação.
Eventos na Cidade Maravilhosa
Até setembro de 2024, os cariocas tiveram 2.163 vagas de empregos formais abertas no setor, de acordo com dados colhidos pelo SindRio através do IFec-RJ. Só neste ano, foram abertos 1.806 bares, restaurantes, lanchonetes e similares na cidade do Rio, capital que além do G20, só neste ano, teve Madonna, Web Summit, Rio2C, Rock In Rio, ExpoFavela e uma lista imensa de outros eventos que ainda devem acontecer até o ano novo.
A ocupação hoteleira também teve bons registros, com média registrada na casa dos 80% na capital, segundo a É claro: a promessa de um legado duradouro pra qualquer evento é frequentemente utilizada para justificar a realização de grandes eventos. Mas, na prática, os legados podem ser limitados e concentrados em determinadas áreas da cidade – como no caso do G20 no Rio, onde a região da Zona Sul foi a mais agraciada. Assim, é preciso ter cuidado para não correr o risco de uma avaliação em que se omita o fator de distribuição de eventos de forma equitativa nas regiões.
O experimentado com a Cúpula e demais eventos mostram que para sediar, é preciso investimento considerável em segurança, infraestrutura e logística. E não basta: é preciso também criar uma atmosfera em que se trabalhe bem para atender às demandas de um público exigente, e sobretudo, para sua própria população, que no dia a dia, é quem mantém a conta ‘verde’.
Os chamados “eventos-teste” precisam ser apenas de ajustes, não uma corriqueira vontade de se chegar a um lugar sem sair dele, sem que se demonstre, mesmo com tempo, habilidade e preparo.
Pra um país que retoma de volta seu posto no mundo como player para grandes discussões, a níveis artísticos e geopolíticos, o trabalho merece atenção, se não, é dinheiro jogado fora. O G20 de hoje é, bem ali em 2025, a COP30, que terá como ‘casa’, Belém. Que seja possível aprender até lá com os amigos pra não deixar o misto-quente queimar.
É o básico.