A população brasileira está cada vez mais concentrada nas áreas urbanas. Dados do Censo 2022, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelam que, nos últimos 12 anos, o Brasil perdeu 4,3 milhões de moradores na zona rural, enquanto 16,6 milhões se somaram às áreas urbanas. Esse movimento evidencia um avanço acelerado da urbanização no país.
Hoje, 87,4% da população brasileira vivem em cidades, o que representa um aumento significativo em relação aos 84,6% registrados em 2010. Já as zonas rurais abrigam 14,3% da população, frente a 15,6% do período anterior. Especialistas apontam que fatores como migração, alterações nas taxas de fecundidade e melhorias no sistema de coleta de dados explicam essas mudanças.
Centro-Oeste lidera o crescimento urbano
Entre as regiões brasileiras, o Centro-Oeste se destacou como o epicentro do crescimento urbano, registrando um aumento de 19% em sua população urbana e uma queda de 10,5% na zona rural. Esse cenário reflete o maior crescimento populacional regional do país, com um avanço de 1,23% nos últimos 12 anos, acima da média nacional de 0,52%.
O aumento urbano no Centro-Oeste está ligado à expansão de cidades como Goiânia, que ganhou 138 mil novos habitantes urbanos, e à perda de moradores em áreas rurais, como ocorreu em diversos municípios da região. Por outro lado, estados como Amapá e Distrito Federal foram as únicas unidades federativas a apresentar queda populacional.
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São Paulo e Manaus são os maiores polos urbanos
No ranking de cidades, São Paulo lidera com o maior crescimento urbano, somando 282 mil novos habitantes urbanos em 12 anos. Contudo, a capital paulista também registrou uma redução de 83 mil pessoas em áreas rurais. Manaus aparece em segundo lugar, com um acréscimo de 250 mil pessoas na população urbana, consolidando-se como uma das maiores metrópoles da Região Norte.
É importante ressaltar que Manaus e Belém possuem particularidades marcantes: ambas apresentam mais da metade de sua população vivendo em favelas, refletindo desafios sociais e estruturais associados à urbanização acelerada.
Mudanças demográficas e suas causas
A migração do campo para as cidades não é um fenômeno novo no Brasil, mas tem se intensificado nos últimos anos. O IBGE aponta que a redução nas taxas de fecundidade em áreas rurais tem contribuído para essa transição, já que as famílias no campo estão tendo menos filhos em comparação ao passado.
Além disso, o desenvolvimento de centros urbanos, que oferecem mais oportunidades de trabalho, educação e acesso a serviços, atrai moradores das áreas rurais. A modernização da agricultura também tem um papel importante: com mais tecnologia no campo, a necessidade de mão de obra diminui, levando trabalhadores a buscarem alternativas nas cidades.
Desafios da urbanização acelerada
Embora a urbanização traga benefícios, como maior acesso a infraestrutura e serviços, também impõe desafios significativos. O crescimento urbano desordenado pode resultar em problemas como a expansão de áreas informais, aumento da desigualdade e pressão sobre os sistemas de transporte, saúde e educação.
Cidades como Manaus e São Paulo, que lideram o crescimento urbano, enfrentam dificuldades para acomodar essa nova população de maneira planejada. A falta de políticas habitacionais e de investimentos em infraestrutura pode agravar problemas sociais e ambientais.
Reflexos econômicos e sociais
A urbanização está diretamente relacionada ao desenvolvimento econômico. Com a migração para as cidades, há uma maior concentração de mão de obra disponível, o que pode impulsionar setores como a indústria e os serviços. No entanto, isso também exige políticas públicas para promover a inclusão social e reduzir desigualdades.
O IBGE destaca que o fenômeno da urbanização no Brasil está conectado a tendências globais. Segundo dados da ONU, mais da metade da população mundial já vive em áreas urbanas, e essa porcentagem deve aumentar nas próximas décadas.
Os dados do Censo 2022 evidenciam a transformação do Brasil em um país predominantemente urbano. O avanço da urbanização, liderado por regiões como o Centro-Oeste e grandes centros como São Paulo e Manaus, reflete mudanças estruturais na sociedade e na economia brasileiras.
Para enfrentar os desafios decorrentes desse processo, é essencial investir em políticas públicas que promovam o desenvolvimento sustentável das cidades, garantindo qualidade de vida para a crescente população urbana e equilíbrio para as áreas rurais.