Desastres naturais em 2024 deixaram 11 mil mortos e causaram prejuízo de R$ 2 trilhões

Furacões, tempestades e inundações lideraram as perdas entre as catástrofes climáticas; cheias no Rio Grande do Sul aparecem como um dos destaques nas Américas

As tragédias naturais de 2024 resultaram na morte de 11 mil pessoas e geraram prejuízos de US$ 320 bilhões (aproximadamente R$ 2 trilhões), segundo estimativas da Munich Re, uma das maiores empresas resseguradoras do mundo. Entre os desastres climáticos mais impactantes do ano, destacaram-se as inundações no Rio Grande do Sul.

Imagem ilustrando os impactos dos desastres climáticos de 2024.
Enchente em Encantado, cidade do Rio Grande do Sul, em 2024  |Foto: Reprodução/Silvio Avila/AFP

Furacões, tempestades e inundações foram responsáveis pela maior parte das perdas associadas às catástrofes naturais ao longo de 2024, que se tornou o ano mais quente da história, superando 2023. As temperaturas médias globais ficaram cerca de 1,5º C acima dos níveis da era pré-industrial.

O relatório, publicado nesta quinta-feira, destacou as enchentes no Rio Grande do Sul como uma das maiores tragédias climáticas das Américas. De acordo com o documento, chuvas extremas ocorridas no final de abril e início de maio provocaram inundações graves, afetando quase todo o estado.

A Munich Re avaliou que essas enchentes, que resultaram na morte de mais de 100 pessoas, causaram prejuízos estimados em cerca de US$ 7 bilhões (cerca de R$ 42 bilhões). Desse valor, apenas uma pequena fração, aproximadamente R$ 12 bilhões, estava coberta por seguros.

Em relação ao Brasil, o relatório mencionou um estudo indicando que condições climáticas semelhantes às de 2024 se tornaram duas vezes mais prováveis devido às mudanças climáticas.

O cientista climático-chefe da seguradora, Tobias Grimm, afirmou que o aumento das temperaturas intensifica a quantidade de vapor de água na atmosfera, liberando mais energia. Ele ressaltou que a “máquina climática” do planeta está operando em uma intensidade maior, e que todos acabam arcando com os custos do agravamento dos eventos climáticos extremos.

Tragédias no mundo

Durante o ano de 2024, os maiores desastres naturais ocorreram nos Estados Unidos, com destaque para os furacões Helene e Milton, que foram considerados os eventos mais devastadores do período.

O furacão Helene atingiu a Flórida em setembro, gerando perdas estimadas em US$ 56 bilhões. De acordo com o relatório, embora os ventos tenham alcançado 225 km/h, o principal fator de destruição foi a inundação que se seguiu à tempestade, afetando áreas ao norte, desde a Geórgia até a Carolina do Norte. O evento resultou em mais de 200 mortes.

Já o furacão Milton foi apontado como o segundo maior desastre do ano, com prejuízos avaliados em US$ 38 bilhões. Esse furacão também impactou a Flórida, especialmente a região de Tampa, que enfrentou ventos de até 200 km/h.

O terceiro desastre natural mais significativo, em termos de impacto econômico, foi o terremoto que ocorreu no Japão na virada do Ano Novo, de 2023 para 2024. O tremor, de magnitude 7,5, atingiu a costa oeste do país, provocando mais de 200 mortes e prejuízos estimados em US$ 15 bilhões.

Incêndio em Los Angeles: perdas podem ultrapassar US$ 50 bi

Na quarta-feira, 8 de janeiro, um novo incêndio florestal começou a avançar lentamente pelos Hollywood Hills, em Los Angeles. Enquanto isso, os bombeiros já lutavam para controlar outros dois grandes incêndios: um em Pacific Palisades, um bairro perto da praia, e outro em Pasadena.

Os incêndios, alimentados por ventos muito fortes, destruíram bairros de alto padrão, causaram a morte de pelo menos cinco pessoas e forçaram mais de 100.000 moradores a deixarem suas casas.

Os danos ainda não foram totalmente calculados, já que o fogo continua se espalhando. A empresa AccuWeather estimou que as perdas podem ficar entre 52 e 57 bilhões de dólares, o que faz deste um dos piores incêndios florestais da história da Califórnia, especialmente devido à quantidade de prédios que podem ser destruídos.

Naquela noite, havia cinco incêndios ativos em Los Angeles. Um deles, chamado “Fogo de Sunset”, gerou ordens de evacuação em áreas muito povoadas, incluindo pontos turísticos famosos como o TCL Chinese Theatre e o Dolby Theatre, onde ocorre a cerimônia do Oscar. Partes do Hollywood Boulevard e algumas áreas de Beverly Hills também receberam alertas de evacuação.

Até agora, os incêndios já queimaram mais de 27.000 acres e mudaram a rotina de Los Angeles, a segunda maior cidade dos Estados Unidos. Casas, lojas, escolas e estradas foram destruídas, o ar ficou poluído e milhares de pessoas perderam suas casas, buscando abrigo em hotéis ou com amigos e parentes.

Incêndio em Los Angeles “pode ser o mais caro da história americana”

O incêndio no bairro de Pacific Palisades, o maior entre os quatro incêndios florestais ativos no Condado de Los Angeles, é uma ameaça grave para pessoas e animais. Ele pode se tornar o incêndio florestal mais caro já registrado nos Estados Unidos.

Daniel Swain, cientista climático da Universidade da Califórnia, acompanha de perto os incêndios no estado e alertou que este desastre pode superar o custo de outros incêndios anteriores.

Segundo o CalFire, o incêndio Palisades já é o mais destrutivo registrado no Condado de Los Angeles. A destruição é enorme, afetando grandes áreas, propriedades e causando impacto social e econômico na região.

Esse incêndio também é o mais grave da história da Califórnia no mês de janeiro, quando os incêndios são geralmente menos comuns. A ocorrência de um fogo tão grande nessa época do ano mostra como as mudanças climáticas estão tornando esses eventos mais frequentes e perigosos.

Swain destacou que o incêndio Palisades pode ser o mais caro de todos os tempos nos Estados Unidos. A área queimada, os danos materiais, os custos para controlar o fogo e a recuperação das áreas atingidas podem gerar despesas enormes.

Os gastos incluem reconstrução de casas, ajuda a pessoas que perderam suas moradias, operações dos bombeiros e restauração de serviços públicos. Isso faz desse incêndio não apenas uma tragédia humana, mas também um desastre econômico.

O tamanho e a intensidade do incêndio Palisades refletem as condições climáticas extremas, como calor intenso, ventos fortes e vegetação seca, que aumentam o risco de incêndios graves. Com o avanço das mudanças climáticas, incêndios devastadores como este estão se tornando cada vez mais comuns, ameaçando vidas, bens e comunidades inteiras.

Leia mais: O que se sabe sobre os incêndios de Los Angeles?

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