Eventos climáticos extremos afetam 95% das maiores cidades do mundo, revela estudo

Os eventos climáticos têm se tornado um problema cada vez mais grave para as grandes cidades do mundo ao longo dos últimos anos. Um dos fenômenos que mais preocupam os especialistas é o chamado “efeito chicote” (ou “climate whiplash”, em inglês).

Esse efeito acontece quando uma região passa por períodos de seca extrema e, logo depois, enfrenta chuvas muito intensas. Essas mudanças bruscas no clima estão se tornando cada vez mais frequentes e afetam diretamente a vida das pessoas.

Um estudo publicado nesta quarta-feira, 12 de março, analisou as 112 maiores cidades do mundo e revelou que 95% delas já estão enfrentando esse problema. Entre as cidades mais afetadas, estão Lucknow (Índia), Madrid (Espanha) e Riyadh (Arábia Saudita). No Brasil, São Paulo e Rio de Janeiro também são citadas como cidades vulneráveis a essas mudanças climáticas.

Impacto dos eventos climáticos extremos nas grandes cidades
O principal motivo para o aumento desses eventos climáticos extremos é o aquecimento global, impulsionado pela emissão de gases do efeito estufa |Foto: Reprodução/Getty Images

Os impactos desse fenômeno são graves. Com secas prolongadas, os reservatórios de água secam, dificultando o abastecimento para a população. Quando as chuvas intensas chegam, muitas vezes o solo já está tão seco que não consegue absorver a água, o que causa inundações. Isso gera prejuízos para a infraestrutura da cidade, danifica estradas, prédios e casas, além de colocar a vida das pessoas em risco.

As populações mais pobres são as que mais sofrem com essas mudanças, pois muitas delas vivem em áreas vulneráveis, com pouca infraestrutura para lidar com eventos climáticos extremos. Um exemplo são cidades como Karachi, no Paquistão, e Cartum, no Sudão, onde a falta de um bom sistema de abastecimento de água torna a situação ainda mais crítica. Segundo o estudo, 90% das catástrofes climáticas no mundo estão relacionadas ao excesso ou à falta de água.

O desafio da adaptação climática

O principal motivo para o aumento desses eventos climáticos extremos é o aquecimento global, que está sendo impulsionado pela emissão de gases do efeito estufa. Esses gases são liberados na atmosfera principalmente pela queima de combustíveis fósseis (como petróleo, carvão e gás) e pelo desmatamento. Com isso, as temperaturas da Terra estão subindo e tornando os padrões climáticos mais imprevisíveis.

A professora Katerina Michaelides, da Universidade de Bristol, uma das autoras do estudo, afirma que as mudanças climáticas são “dramáticas” e difíceis de prever. Isso torna o desafio da adaptação ainda maior para as cidades, que já lidam com problemas como falta de saneamento básico, dificuldades no abastecimento de água e ausência de proteção contra enchentes.

Os impactos dessas mudanças já são visíveis em várias partes do mundo. Em Nairóbi, no Quênia, por exemplo, houve secas prolongadas que causaram falta de água e perdas nas colheitas. Logo depois, a cidade sofreu com chuvas muito fortes que provocaram enchentes devastadoras, destruindo casas e deixando muitas pessoas desabrigadas.

O estudo identificou 24 cidades que passaram por mudanças climáticas extremas nos últimos anos. Algumas das mais afetadas foram Cairo (Egito), Madrid (Espanha), Riyadh (Arábia Saudita), Hong Kong (China) e San José (EUA). Em muitas dessas cidades, o clima mudou drasticamente de úmido para seco, o que afeta diretamente a vida da população.

Além da falta de água, esses eventos climáticos extremos também prejudicam a produção de alimentos. Quando há seca, as plantações morrem, o que reduz a oferta de comida e aumenta os preços dos alimentos. Já as chuvas intensas podem destruir plantações inteiras e interromper o transporte de mercadorias.

Em alguns lugares, a escassez de água também afeta a geração de energia, especialmente em cidades que dependem de usinas hidrelétricas para produzir eletricidade. Isso pode levar a apagões e dificuldades para manter serviços essenciais funcionando.

Como podemos lidar com esse problema?

Diante dessa nova realidade climática, é essencial que as cidades se preparem para enfrentar esses desafios. Algumas medidas importantes incluem:

  1. Investir em infraestrutura hídrica: construção de reservatórios, sistemas de captação de água da chuva e redes eficientes de distribuição de água para evitar desperdícios.
  2. Melhorar o planejamento urbano: criar áreas verdes para ajudar na absorção da água da chuva e reduzir enchentes, além de construir sistemas de drenagem mais eficientes.
  3. Reduzir a emissão de gases do efeito estufa: apostar em fontes de energia renováveis, como solar e eólica, reduzir o desmatamento e investir no transporte público para diminuir a poluição.
  4. Criar políticas de adaptação climática: desenvolver programas de conscientização para que a população esteja preparada para lidar com esses eventos extremos.

Se as cidades não tomarem medidas rápidas, os impactos do efeito chicote serão cada vez mais severos. Por isso, é fundamental que governos, empresas e cidadãos trabalhem juntos para minimizar os danos e garantir um futuro mais seguro e sustentável para todos.

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