O ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Márcio Macêdo, defendeu que os países do G20 garantam a inclusão de demandas sociais em seus orçamentos, destacando a importância da participação da sociedade civil na formulação de políticas públicas. A declaração foi feita nesta terça-feira (20), durante um evento preparatório para o G20 Social, realizado na Fundição Progresso, no Rio de Janeiro.
O G20 Social é uma iniciativa inédita criada pelo Brasil, que assumiu a presidência do G20 em dezembro do ano passado. O objetivo é criar um espaço de discussão e engajamento social dentro do grupo que reúne as 20 maiores economias do mundo.
O evento no Rio de Janeiro, que contou com a presença de mais de mil representantes populares, marcou a primeira vez que a população teve participação direta no processo de construção de políticas públicas do G20.
Segundo o ministro Márcio Macêdo, os debates promovidos durante o encontro serão transformados em um documento oficial, que será apresentado nas reuniões do G20 Social, programadas para acontecer entre 14 e 16 de novembro.
“Esse debate precisa ser livre e soberano”, afirmou Macêdo, destacando que o documento será uma proposta a ser negociada com os governos, visando a transformação dessas ideias em políticas concretas.
O governo brasileiro estabeleceu três temas prioritários para as discussões no G20: combate à fome, pobreza e desigualdades; sustentabilidade, mudanças climáticas e transição justa; e reforma da governança global. Macêdo ressaltou que a participação social será um marco distintivo da presidência brasileira do G20, buscando uma mudança na dinâmica tradicional de decisões políticas.
G20 discute importância da transição energética e justiça social
Durante o evento, a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, também destacou a necessidade de uma transição energética justa, onde os países mais ricos liderem o processo e ajudem as nações em desenvolvimento. Ela defendeu que a transição para uma economia menos dependente de combustíveis fósseis deve ser financiada em parte pelos recursos oriundos da taxação dos super-ricos e do setor privado.
“O setor privado não pode continuar investindo em atividades que destroem o planeta,” criticou Marina Silva, ressaltando a responsabilidade das grandes economias na condução dessa mudança. Ela ainda destacou que o Brasil tem uma vantagem comparativa devido às suas fontes de energia renováveis, como solar, eólica e biomassa, além da produção de hidrogênio verde, que pode se tornar um importante produto de exportação.
Participação popular como prioridade
O encontro também contou com a participação do ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias, que reforçou o compromisso do Brasil no combate à fome. Dias lembrou a criação recente da Aliança Global contra a Fome, endossada pelo G20, como um exemplo de liderança brasileira no tema.
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A participação popular foi destacada por Preto Zezé, presidente da Central Única das Favelas (Cufa) no Rio de Janeiro. Zezé enfatizou a importância de incluir as vozes das comunidades nas discussões do G20 Social e pediu que essa prática se torne uma constante, mesmo após a presidência brasileira do grupo.
Durante o evento, também foi lançada a plataforma online G20 Social Participativo, que permitirá que pessoas de qualquer parte do mundo enviem propostas e participem de enquetes e consultas públicas até o dia 9 de setembro. A iniciativa busca ampliar ainda mais a participação da sociedade civil nas decisões do G20.
O Brasil continuará na presidência do G20 até a reunião de cúpula do grupo, prevista para novembro, quando entregará o comando para a África do Sul. Com a participação social como um dos pilares da sua gestão, o Brasil espera deixar um legado de maior inclusão e justiça nas decisões globais.
Sobre o G20
O G20 é composto por 19 países e dois blocos regionais, que representam cerca de 85% da economia mundial e mais de 75% do comércio global. Entre os membros estão países como Estados Unidos, China, Alemanha, e Brasil, além da União Europeia e da União Africana. O grupo tem um papel crucial na definição de políticas econômicas globais e busca soluções para os desafios econômicos e sociais contemporâneos.