Na agenda desta quarta-feira, 23 de outubro, os mercados financeiros estarão atentos a uma série de dados econômicos importantes tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos. No Brasil, o destaque vai para a divulgação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – 15 (IPCA-15), que deve dar um panorama preliminar da inflação no mês de outubro.
Nos Estados Unidos, a agenda traz números relevantes sobre o mercado imobiliário e o aguardado Livro Bege, publicação do Federal Reserve que oferece uma visão detalhada sobre as condições econômicas do país.
Confira a agenda de cada um dos países
Brasil: IPCA-15 oferece prévia da inflação de outubro
O principal dado econômico do Brasil nesta quarta-feira será a divulgação do IPCA-15, um dos indicadores mais importantes para medir a inflação no país. Publicado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o IPCA-15 é uma prévia do índice oficial de inflação, o IPCA, e cobre o período de meados do mês anterior até meados do mês corrente. Ele é amplamente utilizado como um termômetro da trajetória de preços e oferece um indicativo sobre a política monetária do Banco Central.
A expectativa dos analistas é de que o IPCA-15 de outubro mostre uma leve aceleração em relação ao mês anterior, refletindo a pressão de alta nos preços de alimentos e combustíveis. No entanto, a tendência é de que a inflação permaneça dentro da meta estipulada pelo Banco Central, devido a fatores como a deflação em segmentos como energia elétrica e a redução da demanda em alguns setores da economia.
O comportamento da inflação será crucial para as próximas decisões do Comitê de Política Monetária (Copom), que pode optar por ajustes na taxa de juros dependendo da persistência ou alívio nas pressões inflacionárias.
Agenda dos Estados Unidos: Mercado imobiliário sob os holofotes
Nos Estados Unidos, a agenda econômica desta quarta-feira é dominada por dados importantes do setor imobiliário, que tem sido um ponto focal da política econômica e monetária do país. Às 08h (horário de Brasília), serão divulgados os números referentes às solicitações de empréstimos hipotecários (MBA Mortgage Applications) referentes ao mês de outubro. Este indicador é importante porque fornece uma visão antecipada sobre a saúde do mercado imobiliário, particularmente em relação à demanda por novas hipotecas.
Espera-se que o número de solicitações tenha um leve declínio em relação ao mês anterior, refletindo o impacto das taxas de juros elevadas que continuam a dificultar o acesso ao crédito para a compra de imóveis. O Federal Reserve tem mantido uma política monetária rígida, com juros altos para conter a inflação. Isso, por sua vez, tem impactado diretamente o custo do financiamento imobiliário e, consequentemente, o volume de vendas.
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Além disso, às 11h, serão divulgados os dados sobre as vendas de casas existentes (Existing Home Sales) referentes ao mês de setembro. Este é um dos principais indicadores para avaliar o estado do mercado residencial nos Estados Unidos, pois engloba a venda de casas já construídas que correspondem à maior parte das transações imobiliárias do país.
Livro Bege: Panorama da economia dos EUA
Um dos eventos mais aguardados da quarta-feira nos Estados Unidos será a divulgação do Livro Bege (Beige Book) às 15h (horário de Brasília). Essa publicação, elaborada pelo Federal Reserve, é um resumo das condições econômicas dos 12 distritos que compõem o banco central dos EUA. O Livro Bege é publicado oito vezes ao ano, e seu conteúdo é amplamente acompanhado por economistas, investidores e o mercado financeiro em geral, pois fornece uma visão abrangente da atividade econômica do país.
O relatório compila informações sobre diversos setores, incluindo mercado de trabalho, consumo, produção industrial, setor agrícola e condições financeiras. O documento é uma das principais ferramentas utilizadas pelo Federal Reserve para tomar decisões de política monetária, sendo uma espécie de “termômetro” da economia americana antes das reuniões do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) que definem a trajetória das taxas de juros.
Os mercados esperam que o Livro Bege desta semana confirme que a economia dos EUA segue em desaceleração moderada, mas sem sinais de recessão iminente. O setor de serviços, que é uma parte significativa da economia americana, deve continuar mostrando resiliência, enquanto a indústria pode apresentar sinais de contração, refletindo os desafios globais e o aumento dos custos de insumos.
Impacto nos mercados
A divulgação desses dados presentes na agenda econômica terá impacto direto nos mercados financeiros, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos. No caso do Brasil, o resultado do IPCA-15 pode influenciar as expectativas dos investidores em relação à política monetária do Banco Central, especialmente se os dados vierem acima ou abaixo do esperado. Uma inflação maior pode pressionar a autoridade monetária a manter uma política de juros altos por mais tempo, enquanto uma desaceleração da inflação poderia abrir espaço para a redução das taxas de juros.
Nos Estados Unidos, os dados do mercado imobiliário serão acompanhados de perto pelos investidores, uma vez que o setor tem sido um dos mais afetados pelas altas taxas de juros. A divulgação do Livro Bege também será crucial para balizar as expectativas sobre a próxima decisão de juros do Federal Reserve, que tem tentado encontrar um equilíbrio entre combater a inflação e evitar uma recessão econômica.
Em um cenário global de incertezas e com a política monetária rígida nos dois maiores mercados do continente americano, o comportamento dos dados divulgados nesta quarta-feira poderá trazer novos direcionamentos para as decisões dos bancos centrais e movimentar os mercados de ações, câmbio e renda fixa.
A agenda econômica de 23 de outubro será marcada por dados importantes que vão desde a inflação no Brasil, medida pelo IPCA-15, até indicadores cruciais do mercado imobiliário nos Estados Unidos, além da publicação do Livro Bege. Com um cenário de juros elevados e pressões inflacionárias em ambos os países, esses dados são fundamentais para guiar as expectativas dos investidores e moldar as próximas decisões de política monetária.