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Relatório Focus: previsão da inflação sobe para 4,55%

A previsão de inflação para o Brasil em 2024 subiu de 4,5% para 4,55%, de acordo com o Boletim Focus, divulgado pelo Banco Central nesta segunda-feira (28). Esse aumento nas expectativas coloca a inflação acima do limite superior da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) para este ano, que é de 4,5%.

A meta central definida pelo CMN era de 3%, com uma margem de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Com isso, a nova projeção da inflação passa a estourar o teto definido para o período, indicando desafios adicionais para o Banco Central e seu papel na contenção dos preços.

O Boletim Focus e as novas previsões

Divulgado semanalmente pelo Banco Central, o Boletim Focus compila as previsões de diversas instituições financeiras e traz expectativas atualizadas para indicadores como inflação, Produto Interno Bruto (PIB) e taxa básica de juros (Selic).

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No Focus desta semana, além do aumento na previsão de inflação para 2024, houve também uma revisão para o IPCA de 2025, que subiu de 3,99% para 4%. Já para 2026 e 2027, as expectativas permanecem em 3,6% e 3,5%, respectivamente, indicando uma tendência de gradual controle no longo prazo, mas ainda acima da meta.

O Banco Central utiliza a taxa Selic, atualmente fixada em 10,75% ao ano, como principal ferramenta para controlar a inflação. Este índice, determinado pelo Comitê de Política Monetária (Copom), influencia diretamente o custo do crédito e, por consequência, o consumo e os investimentos. Com a projeção do IPCA superando o teto da meta, aumenta a possibilidade de novas intervenções na taxa de juros, já que o Copom deve avaliar a necessidade de reajustes para conter a alta dos preços.

Meta contínua de inflação para 2025

Uma mudança importante no sistema de metas de inflação ocorre a partir de 2025, quando o Brasil adotará o modelo de meta contínua. Nesse modelo, o CMN fixará uma meta de inflação de 3% ao ano, com tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos, eliminando a necessidade de uma meta anual específica. Dessa forma, o Banco Central passa a trabalhar com uma referência de longo prazo, ajustando a política monetária conforme as necessidades econômicas.

Essa transição para a meta contínua é considerada uma estratégia que favorece a estabilidade e permite que o Banco Central tenha mais flexibilidade para lidar com flutuações econômicas sazonais, como variações em commodities e mudanças de demanda internas e externas. No entanto, a implementação bem-sucedida dessa meta requer controle inflacionário no curto prazo, o que coloca ainda mais pressão sobre o Banco Central neste final de 2024.

Impactos da taxa Selic e o desafio de controlar a inflação

Painel financeiro exibe dados econômicos. O Relatório Focus, divulgado pelo Banco Central, traz semanalmente projeções de mercado para inflação, PIB, taxa Selic e câmbio, ajudando a mapear as expectativas para a economia brasileira | Foto: Reprodução/Canva
O Relatório Focus, divulgado pelo Banco Central, traz semanalmente projeções de mercado para inflação, PIB, taxa Selic e câmbio, ajudando a mapear as expectativas para a economia brasileira | Foto: Reprodução/Canva

Para reduzir a inflação, o Banco Central usa a taxa Selic como um dos principais instrumentos. Atualmente em 10,75%, a Selic é influenciada por fatores como alta do dólar e incertezas econômicas, que também pesaram na decisão do Copom de elevar a taxa em reuniões recentes. Com o aumento da taxa básica de juros, o crédito se torna mais caro, reduzindo o consumo e, teoricamente, contribuindo para conter a alta de preços.

Para o fim de 2024, o mercado financeiro projeta que a Selic atinja 11,75%, considerando a necessidade de um controle mais rígido da inflação. Para 2025, a estimativa é de que a taxa caia gradualmente para 11,25% e, para 2026 e 2027, chegue a 9,5% e 9% ao ano, respectivamente. Esse movimento é considerado importante para que a economia brasileira possa retomar uma trajetória de crescimento sustentável, com inflação controlada e juros em níveis que favoreçam a atividade econômica.

Contudo, o aumento da Selic também apresenta um impacto negativo na expansão da economia. Juros altos encarecem o crédito e dificultam investimentos e aquisições de bens duráveis, como imóveis e automóveis. Ao mesmo tempo, setores voltados ao consumo de bens e serviços de maior valor tendem a sentir o impacto das taxas elevadas, o que pode frear o crescimento do PIB e aumentar a pressão sobre o governo para que adote políticas de incentivo econômico.

PIB e cotação do dólar

Apesar dos desafios impostos pela inflação, a projeção para o crescimento do PIB brasileiro em 2024 é positiva, com estimativa de 3,08%. No segundo trimestre, o PIB subiu 1,4% em comparação com o primeiro trimestre, registrando uma alta de 3,3% em relação ao mesmo período de 2023, segundo o IBGE. Para 2025, a previsão de crescimento é de 1,93%, enquanto para 2026 e 2027 a expectativa é de uma expansão de 2% ao ano.

A cotação do dólar, por sua vez, também tem sido monitorada de perto pelo mercado financeiro. Com a moeda norte-americana prevista para fechar 2024 em R$ 5,45, o impacto nas importações e no custo de produção interna preocupa empresários e analistas. Para o fim de 2025, a expectativa é de que o dólar fique em torno de R$ 5,40, um leve recuo que pode trazer algum alívio para a economia brasileira.

Perspectivas para o futuro econômico

Com a meta de inflação de 2024 ultrapassada, o Banco Central enfrenta um dilema entre aumentar ainda mais a Selic para conter os preços ou buscar alternativas que possam sustentar o crescimento do PIB sem comprometer o controle inflacionário. O modelo de meta contínua, que entra em vigor em 2025, visa proporcionar uma política monetária mais estável, mas até lá o Brasil ainda terá que lidar com os efeitos da inflação elevada e das altas taxas de juros.

A resposta do Banco Central e do governo a esses desafios será fundamental para determinar se o país conseguirá manter uma trajetória de crescimento econômico sustentável, com níveis de inflação controlados e uma política de juros que permita a expansão do consumo e dos investimentos. Em meio a um cenário global de incertezas e pressões inflacionárias, a atuação do Banco Central se torna ainda mais estratégica para manter a estabilidade econômica e proteger o poder de compra dos brasileiros.

O que é o Relatório Focus?

O Relatório Focus é um documento publicado semanalmente pelo Banco Central do Brasil que apresenta as expectativas do mercado financeiro para os principais indicadores econômicos do país, como inflação, Produto Interno Bruto (PIB), taxa básica de juros (Selic) e câmbio.

Ele é compilado a partir das projeções de diversas instituições financeiras, como bancos e consultorias econômicas, e tem como objetivo fornecer uma visão das tendências econômicas com base na opinião dos especialistas de mercado.

A divulgação do Focus ocorre todas as segundas-feiras e serve como uma referência para a atuação do próprio Banco Central e para o planejamento de políticas econômicas, além de auxiliar empresas, investidores e o público em geral a entenderem as previsões e expectativas do mercado em relação à economia brasileira.

Por exemplo, quando o relatório indica uma projeção de alta na inflação, o Banco Central pode considerar isso ao definir a taxa Selic, já que essa taxa é um dos principais instrumentos para controlar a inflação. O Focus, portanto, é um importante termômetro econômico e reflete a percepção do mercado sobre o desempenho econômico do Brasil em curto, médio e longo prazo.

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