A Cúpula de Líderes do G20, realizada no Rio de Janeiro, reuniu líderes das maiores economias do mundo para debater questões cruciais para o cenário global. Este primeiro dia trouxe resultados significativos, como a aprovação da declaração final e a formalização da Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza, reforçando o papel do Brasil como líder internacional.
Confira os principais destaques que marcaram o evento:
1. Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza
Um dos destaques do primeiro dia (18) foi a criação da Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza, iniciativa liderada pelo Brasil. Com a adesão de 82 países, incluindo potências como Estados Unidos, China, França e Alemanha, a ação é considerada um dos grandes legados da presidência brasileira no G20.
Além dos países signatários, a força-tarefa conta com o apoio de importantes entidades, como a União Africana, a União Europeia, organizações não governamentais e instituições financeiras internacionais. A iniciativa visa unir esforços para reduzir a fome e a pobreza em escala global, destacando a importância da cooperação multilateral em tempos de desigualdades crescentes.
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A adesão da Argentina à Aliança foi um ponto de tensão ao longo do dia. Inicialmente, o país havia hesitado, adotando uma postura cautelosa em relação às pautas defendidas pelo G20. No entanto, após negociações, a Argentina anunciou sua entrada, superando as divergências políticas entre o presidente Javier Milei e o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva.
2. Reforma da governança global
Outro tema que recebeu destaque nas discussões foi a reforma da governança global, com foco na modernização de instituições como o Conselho de Segurança da ONU. Os líderes debateram formas de tornar as decisões internacionais mais inclusivas, fortalecendo a representatividade de países em desenvolvimento e emergentes.
A declaração final reafirma o compromisso do G20 em trabalhar por maior equidade na governança global, além de mencionar a necessidade de tributar os super-ricos como parte das soluções para reduzir desigualdades, respeitando a soberania fiscal de cada país.
3. Tensões geopolíticas e conflitos internacionais
Apesar do tom colaborativo, divergências geopolíticas não passaram despercebidas. Questões como a guerra na Ucrânia e o conflito entre Israel e o Hamas geraram discussões acaloradas e ganharam destaque no decorrer do dia. Enquanto países europeus pressionam por uma abordagem mais rígida em relação à Rússia, outras nações defendem um tom mais neutro para evitar novas escaladas de tensões.
A declaração final evita mencionar diretamente a Rússia, mas destaca a necessidade de um cessar-fogo na Faixa de Gaza e defende uma solução de dois Estados para o conflito israelense-palestino. Sobre a guerra na Ucrânia, o documento enfatiza a importância de iniciativas que promovam uma paz justa e duradoura, alinhada aos princípios da ONU.
4. Cooperação entre EUA e China
Em um cenário de rivalidade crescente entre Estados Unidos e China, o primeiro dia da cúpula também trouxe anúncios significativos de ambas as potências. O presidente americano Joe Biden comprometeu-se a investir US$ 4 bilhões no fundo da Associação Internacional de Desenvolvimento (IDA) do Banco Mundial, voltado para apoiar os países mais pobres do mundo.
Por outro lado, o presidente chinês Xi Jinping destacou planos para intensificar o apoio ao Sul Global, com foco em inovação tecnológica e científica. Essa cooperação busca beneficiar países em desenvolvimento, especialmente na África e na América Latina, fortalecendo laços com economias emergentes e contrapondo a estratégia americana de limitar exportações de semicondutores para a China.
5. Ausências notáveis e momentos tensos
A foto oficial dos líderes presentes no G20 foi marcada por ausências importantes. O presidente americano Joe Biden e o primeiro-ministro canadense Justin Trudeau não participaram da sessão devido a um atraso causado por uma reunião bilateral. Já a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, não apareceu na fotografia oficial, embora a razão de sua ausência não tenha sido esclarecida.
Outro momento que recebeu destaque foi o encontro gélido entre Lula e Javier Milei, presidente da Argentina. Enquanto Lula demonstrou simpatia ao cumprimentar outras autoridades, o cumprimento com Milei foi descrito como distante, reflexo de tensões políticas anteriores. Milei já havia feito declarações públicas ofensivas contra Lula, o que contribuiu para o clima tenso entre os dois líderes.
6. Declaração final aprovada no primeiro dia
Encerrando o primeiro dia de debates, a aprovação da declaração final foi um marco importante que teve grande destaque entre os temas do dia. O documento reafirma o compromisso com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) do Acordo de Paris, abordando temas como sustentabilidade, equidade de gênero e redução da pobreza.
A declaração também menciona a importância de fortalecer a governança global e apela por soluções pacíficas para conflitos geopolíticos. A aprovação rápida do texto reflete o esforço do Brasil em garantir um consenso entre os países membros, mesmo diante de divergências.
O primeiro dia da Cúpula do G20 reforçou a relevância do evento como espaço para diálogo e cooperação global. Sob a liderança do Brasil, temas críticos como combate à fome, reforma da governança global e cooperação tecnológica foram discutidos com seriedade.
Apesar das tensões geopolíticas e dos desafios de alcançar consensos, o G20 reafirma seu papel na busca por soluções multilaterais que atendam aos interesses de uma comunidade global cada vez mais interconectada.