PEC propõe fim da escala 6×1 e jornada de 4 dias no Brasil

A recente proposta da deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) tem mobilizado discussões intensas tanto no Congresso quanto nas redes sociais. A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) defendida pela deputada visa reformular a escala de trabalho 6×1, que garante aos trabalhadores uma folga a cada seis dias trabalhados, para introduzir um novo regime de quatro dias de trabalho por semana.

A proposta de Erika Hilton de reduzir a jornada semanal e extinguir a escala 6x1 marca um importante passo para reformar o regime de trabalho no Brasil. Se aprovada, essa PEC poderá beneficiar milhares de trabalhadores, promovendo bem-estar e adaptando o país às tendências globais | Foto: Reprodução/ Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados
A proposta de Erika Hilton de reduzir a jornada semanal e extinguir a escala 6×1 marca um importante passo para reformar o regime de trabalho no Brasil | Foto: Reprodução/ Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados

Se aprovada, essa PEC poderá mudar significativamente o cenário das relações de trabalho no Brasil, promovendo maior flexibilidade e elevando potencialmente a qualidade de vida dos trabalhadores.

O que é a escala 6×1 e como a proposta altera essa regra

No Brasil, a escala 6×1 é amplamente adotada em diversos setores, especialmente no comércio e serviços, onde a alta demanda exige rotatividade intensa de funcionários. Essa escala permite que os trabalhadores tenham uma folga semanal, geralmente aos domingos, mas ainda os obriga a trabalhar seis dias consecutivos. No entanto, com a nova proposta da deputada Erika Hilton, essa regra poderia ser substituída por uma jornada de quatro dias de trabalho semanal, totalizando 36 horas semanais, com no máximo 8 horas diárias.

Conforme o texto da PEC, a ideia é limitar a jornada semanal, permitindo uma compensação de horários e até a possibilidade de flexibilização, desde que por meio de acordo ou convenção coletiva. Se aprovada, essa alteração traria um modelo inovador e alinhado às práticas de alguns países que já experimentaram a jornada de quatro dias, como o Reino Unido e a Espanha, em busca de um equilíbrio maior entre vida pessoal e profissional.

Como funciona a tramitação da PEC

Para que a PEC passe a tramitar oficialmente, Hilton precisa reunir 171 assinaturas dos 513 deputados federais ou contar com o apoio de 27 dos 81 senadores. Segundo declarações da própria deputada à CNN, ela já tem o apoio de pelo menos 70 parlamentares, o que é um indicativo de que o tema pode atrair mais aliados e gerar debates mais amplos no Congresso Nacional.

Justificativa: o que motiva a mudança?

A proposta defendida por Hilton não surge de maneira isolada. Segundo a deputada, o objetivo da PEC é promover uma jornada de trabalho que atenda à crescente demanda por flexibilidade e qualidade de vida. Essa mudança, segundo Hilton, representa um movimento global em direção a modelos que considerem o bem-estar dos trabalhadores.

Ela argumenta que o ajuste da jornada para quatro dias por semana promove uma justiça social e desenvolvimento sustentável, além de permitir que trabalhadores desfrutem de condições de trabalho mais justas e equilibradas.

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A justificativa exposta pela parlamentar também ressalta a necessidade de adaptação às novas dinâmicas de mercado. Com o avanço da tecnologia e a flexibilização do trabalho remoto em muitas indústrias, as jornadas de trabalho convencionais têm sido questionadas em todo o mundo. Alguns estudos indicam que a redução da carga semanal pode trazer benefícios não só para a saúde e bem-estar dos trabalhadores, mas também para a produtividade das empresas.

Os impactos para os trabalhadores

Para os trabalhadores, a mudança para uma jornada de quatro dias semanais poderia representar uma transformação positiva em suas rotinas. Esse modelo tem o potencial de reduzir o estresse e o esgotamento, oferecendo mais tempo para descanso, lazer e convívio familiar.

Além disso, a diminuição da carga de trabalho semanal pode ajudar a diminuir o número de problemas de saúde relacionados ao trabalho, como ansiedade e burnout, que afetam inúmeros brasileiros.

A experiência de países que já implementaram jornadas mais curtas mostrou que a produtividade pode se manter igual ou até aumentar. A redução das horas trabalhadas por semana é associada à maior motivação dos funcionários e a um ambiente de trabalho mais harmonioso.

Os desafios para o setor empresarial

Para o setor empresarial, no entanto, a proposta levanta alguns desafios. A adaptação a uma jornada de quatro dias exigiria uma reestruturação nas escalas de trabalho e, em alguns casos, um aumento de contratações para cobrir eventuais lacunas nas operações. Para setores onde o atendimento ao público precisa ser contínuo, como comércio e serviços de saúde, a implementação de uma semana de quatro dias pode exigir mudanças ainda mais profundas.

Empresas que já testaram o modelo em países como a Islândia e o Japão observaram que, com ajustes no planejamento e na gestão de tempo, é possível que os ganhos em produtividade compensem o aumento de custos operacionais. No entanto, para empresas de menor porte, a adaptação pode ser mais complexa e demandar um acompanhamento detalhado das condições de trabalho.

O posicionamento do Governo e a possível tramitação

De acordo com fontes da CNN, o Palácio do Planalto está monitorando o debate. Apesar do apoio inicial de 70 parlamentares, a proposta ainda precisa avançar para conquistar as 171 assinaturas necessárias e começar sua tramitação nas comissões da Câmara. A base do governo ainda analisa se apoiará formalmente a iniciativa, já que a mudança é estrutural e exige uma análise dos impactos para a economia brasileira.

O que esperar nos próximos passos

Caso a proposta avance no Congresso, o Brasil poderá se tornar um dos poucos países da América Latina a adotar um regime de jornada reduzida semanalmente. Para os trabalhadores, especialmente aqueles que enfrentam longas jornadas no comércio e serviços, a mudança pode representar uma vitória significativa.

Por outro lado, empresários e sindicatos precisarão negociar novas regras e adaptações, já que, segundo especialistas, a aplicação de uma jornada mais curta requer uma estrutura organizacional e um plano de implementação que permitam a continuidade das operações sem queda na produtividade.

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Trabalho presencial gera menos produtividade, mas mais engajamento entre o time. É importante que os profissionais mantenham o foco em seu bem-estar de modo a evitar extremos | Foto: Reprodução/ Canva

A proposta de Erika Hilton de reduzir a jornada semanal e extinguir a escala 6×1 marca um importante passo para reformar o regime de trabalho no Brasil. Se aprovada, essa PEC poderá beneficiar milhares de trabalhadores, promovendo bem-estar e adaptando o país às tendências globais. No entanto, a discussão ainda está no começo, e as implicações práticas para trabalhadores e empregadores exigem um debate aprofundado. A decisão final dependerá de uma análise cuidadosa dos efeitos sobre a economia e a competitividade das empresas.

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