As expectativas para o mercado global de fusões e aquisições (M&A) em 2025 são promissoras, com projeções de que o volume ultrapasse os US$ 4 trilhões, marcando o maior número em quatro anos. O otimismo é alimentado pela perspectiva de desregulamentação, cortes de impostos e um ambiente mais favorável aos negócios nos Estados Unidos sob a administração do presidente eleito Donald Trump.
Retomada do crescimento no setor de M&A
Dados da Dealogic apontam que o volume de transações em 2024 já totalizou US$ 3,45 trilhões, um aumento de 15% em relação ao ano anterior, quando o mercado atingiu seu ponto mais baixo em uma década. A mudança é atribuída a cortes recentes nas taxas de juros, melhorias no ambiente de financiamento e a reabertura do mercado de ofertas públicas iniciais (IPOs).
Esses fatores devem favorecer especialmente empresas de private equity, que, nos últimos anos, enfrentaram dificuldades para vender ativos ou listar empresas devido à falta de acordo sobre preços e à baixa atividade nos mercados de capitais.
Impacto das políticas de Trump nas fusões e aquisições
A administração Trump promete criar um ambiente regulatório mais flexível para grandes transações corporativas. A nomeação de Andrew Ferguson como presidente da Comissão Federal de Comércio (FTC) indica uma mudança de postura em relação à aplicação das leis antitruste. Essa nova abordagem pode destravar negócios engavetados durante o governo Biden, proporcionando mais dinamismo ao mercado.
“Com Trump reduzindo impostos e promovendo desregulamentação, as empresas podem estar mais dispostas a investir dinheiro em fusões e aquisições, em vez de distribuí-lo aos acionistas”, avalia Nestor Paz-Galindo, codiretor global de fusões e aquisições do UBS.
Crescimento por regiões
O mercado norte-americano registrou um aumento de 10% em fusões e aquisições, totalizando US$ 1,55 trilhão em 2024. Na Europa e na Ásia-Pacífico, os volumes cresceram 22% e 11%, respectivamente, superando a marca de US$ 800 bilhões.
Na Ásia, mercados como Japão e Índia ganham destaque pela rápida expansão econômica e oportunidades para investidores de private equity. “Esperamos que a atividade continue a crescer em 2025, refletindo um forte impulso na região”, comenta Raghav Maliah, do Goldman Sachs.
Grandes negócios lideram o setor
Embora o número total de transações tenha diminuído, o mercado observou um aumento no número de grandes negócios. Em 2024, 37 transações ultrapassaram a marca de US$ 10 bilhões, contra 32 no ano anterior. Entre os destaques estão a aquisição da fabricante de Cheez-It, Kellanova, pela Mars, por US$ 36 bilhões, e o acordo de US$ 35 bilhões entre a Capital One e a Discover Financial.
Os setores de tecnologia e entretenimento foram os que mais movimentaram o mercado. O setor tecnológico, por exemplo, registrou um aumento de mais de 20% em relação ao ano anterior, alcançando US$ 534 bilhões globalmente.
Riscos e desafios
Apesar do cenário otimista, especialistas alertam para possíveis obstáculos, como as tarifas de importação prometidas por Trump, que podem pressionar a inflação nos EUA. Além disso, a incerteza econômica global e as políticas monetárias do Federal Reserve podem impactar os custos de empréstimos e a confiança do mercado.
“Embora a expectativa seja de crescimento, os mercados precisam de tempo para se ajustar às novas políticas. Há otimismo, mas também cautela”, destaca Stephen Pick, do Barclays.
Perspectivas para 2025
Consultores de mercado acreditam que as fusões e aquisições estão voltando aos níveis pré-pandêmicos, impulsionadas por uma economia global em recuperação e uma demanda reprimida por transações transformadoras. A contratação de novos profissionais pelos principais bancos de investimento reflete a preparação para lidar com o aumento esperado no volume de negociações.
“Os tipos de negócios que estamos vendo agora são mais robustos e promissores. A tendência é de crescimento contínuo”, afirma Mark Bekheit, da Latham & Watkins.
O ano de 2025 surge como um marco no mercado de M&A, com empresas dispostas a apostar em estratégias ambiciosas e aproveitar o ambiente econômico mais favorável.
