A Austrália está prestes a introduzir um projeto de lei que limita o valor que os bilionários podem gastar em partidos políticos. O objetivo é garantir um processo eleitoral mais equitativo e menos suscetível à influência financeira das grandes fortunas.
Nos últimos meses, o foco nas ações políticas cresceu, especialmente após o empresário Elon Musk se destacar como um dos maiores doadores de campanhas. Musk já havia contribuído com mais de US$ 250 milhões (R$ 1.287.500.000) para a campanha presidencial de Donald Trump.
Ele também influenciou o pleito através de sua plataforma, o X. Além disso, o CEO da Tesla investiu uma doação de £ 100 milhões (R$ 550.000.000) para o Reform UK (partido político britânico que defende reformas no sistema político e econômico do Reino Unido), gerando debate sobre o impacto do dinheiro nas eleições.
Em resposta a essas preocupações, a Austrália se prepara para dar um passo significativo. O governo australiano busca impedir que bilionários adquiram o poder de influência eleitoral por meio de ações financeiras desproporcionais.
O novo projeto de lei limita os gastos de doadores a A$ 20.000 (R$ 62.000) por candidato anual. A medida visa conter a onda crescente de doações milionárias e garantir que o sistema político australiano se mantenha acessível a uma maior diversidade de candidatos, sem a sobrecarga de poder financeiro.
O Partido Trabalhista, responsável pela proposta, também determinou que os gastos em campanhas políticas federais fossem limitados a A$ 90 milhões (R$ 279.000.000). Don Farrell, Ministro Especial de Estado, destacou a importância da reforma.
Farrel afirmou que ela tem o objetivo de limitar os gastos de campanha, restringir os grandes doadores e pôr fim à corrida armamentista de doações e arrecadação de fundos. Farrell acrescentou que a intenção era evitar que o sistema eleitoral seguisse o exemplo americano, onde grandes somas de dinheiro são gastas de forma descontrolada.
Farrell afirmou que o sistema eleitoral australiano não deve ser regido pela proposta de que apenas aqueles com o apoio financeiro de bilionários tenham acesso ao Parlamento.
Se aprovado, o projeto de lei será um marco importante na luta contra a compra de eleições por grandes fortunas. Ele poderá servir de modelo para outros países que buscam proteger a integridade de seus sistemas democráticos. A expectativa é que a legislação seja validada após a próxima eleição federal da Austrália, conforme informações da SBS News.
Musk e a carga de destaque no governo Trump
Após o forte apoio a Donald Trump (Partido Republicano) durante as eleições americanas de 2024, Elon Musk foi anunciado como chefe do recém-criado Departamento de Eficiência Governamental (DP).
Esse departamento tem como objetivo melhorar a gestão pública, reduzindo os gastos governamentais, cortando regulamentações desnecessárias e aumentando a eficiência das agências federais.
Trump já havia prometido, durante sua campanha, criar um governo mais ágil e com menos burocracia. Musk, com sua experiência de corte de custos e otimização de processos nas empresas que comanda, foi escolhido para liderar esse processo.
A missão do novo departamento trabalhará em conjunto com a Casa Branca e o Escritório de Administração e Orçamento para promover uma reforma estrutural no governo.
Musk e Vivek Ramaswamy, empresário do setor de biotecnologia e ex-candidato à presidência, serão responsáveis por buscar soluções para tornar o governo mais eficiente e promover um ambiente de maior transparência.
Envolvimento de Musk na política é criticado por investidores da Tesla
Investidores da Tesla estão preocupados com a crescente influência política de Elon Musk. A empresa recebeu mais de 100 perguntas sobre a participação do CEO no governo dos Estados Unidos, antes de sua conferência de resultados.
Musk, que doou US$ 270 milhões (R$ 1,58 bilhão) para a campanha de Trump e outros candidatos republicanos, foi indicado para um cargo no Departamento de Eficiência do Governo (DOGE). Após a eleição, o CEO se afastou temporariamente da Tesla e passou um tempo no resort de Trump na Flórida.
Os acionistas questionam quanto tempo Musk dedica à Tesla, considerando seus compromissos políticos. “Quanto tempo ele dedica ao crescimento da empresa e à geração de valor para os acionistas?”, perguntou um investidor.
Em outro ponto, um acionista questionou se Musk se desculparia pelo gesto de mão durante a posse de Trump, interpretado como uma saudação nazista. Outros perguntaram se a Tesla perdeu vendas devido às atividades políticas de Musk e como a empresa lida com os impactos negativos das suas opiniões públicas.
De acordo com a consultoria Brand Finance, o valor da Tesla caiu 26% no ano passado. A postura política de Musk e o envelhecimento da linha de veículos elétricos da empresa foram apontados como possíveis causas dessa queda.
Além dos Estados Unidos, Musk também se envolveu na política alemã, apoiando o partido de extrema-direita AfD, que é contra as políticas de imigração.
Embora a Tesla não seja obrigada a discutir questões políticas na conferência, perguntas semelhantes surgiram antes do terceiro trimestre de 2024, mas Trump não foi mencionado.
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