A produção brasileira de carnes bovina, suína e de aves superou 31,5 milhões de toneladas em 2024, marcando o maior volume já registrado na série histórica, conforme divulgado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) nesta segunda-feira, 27 de janeiro. Esse desempenho foi impulsionado pelo pico do abate no ciclo pecuário, fenômeno que envolve flutuações nos preços da carne e do gado, que se repetem de tempos em tempos.
Para 2025, a Conab prevê que o setor manterá a estabilidade, com uma produção total de 31,56 milhões de toneladas. A expectativa é de crescimento na produção de carne suína e de aves, enquanto a bovina tende a registrar leve retração.
Carne bovina
Em 2024, a produção de carne bovina atingiu 10,91 milhões de toneladas, estabelecendo um novo recorde. A China seguiu como principal mercado, representando 46% das exportações.
Para 2025, espera-se um início de retração no ciclo de produção, com maior retenção de fêmeas pelos criadores. A estimativa da Conab aponta para uma produção de 10,37 milhões de toneladas, ainda assim o segundo maior volume já registrado.
Carne suína
Com 5,36 milhões de toneladas produzidas em 2024, o segmento de carne suína também alcançou seu maior volume histórico. Apesar da menor demanda da China, países como Filipinas (+100%), Chile (+29%), Japão (+131%), Cingapura (+23%) e México (+51%) ampliaram significativamente suas importações.
Para 2025, a produção deve crescer 3,1%, atingindo 5,53 milhões de toneladas.
Carne de aves
A produção de carne de aves encerrou 2024 com 15,31 milhões de toneladas. A exportação foi impactada por uma redução de 18% nas vendas para a China, compensada pela alta demanda de mercados como México (+23%), Iraque (+18%) e Chile (+44%).
Em 2025, espera-se um novo recorde, com produção projetada em 15,66 milhões de toneladas, enquanto as exportações devem alcançar 5,16 milhões de toneladas.
Ovos
O setor de ovos também registrou alta expressiva em 2024, com produção estimada em 45,8 bilhões de unidades, um aumento de 11% em relação a 2023.
Para 2025, a expectativa é de um crescimento mais moderado, em torno de 4,8%, o que pode levar a uma produção recorde de 48 bilhões de unidades.
Com esses números, o Brasil consolida sua posição como um dos principais produtores globais de proteínas, mostrando resiliência e capacidade de adaptação frente às variações do mercado internacional.
Diminuição da colheita de soja
A colheita da safra brasileira de soja 2024/25 ganhou leve impulso na última semana, puxada principalmente pelo Paraná. Segundo levantamento da AgRural, até o dia 23 de janeiro, 3,9% da área total estimada para o Brasil havia sido colhida, o índice mais baixo para este período desde a safra 2020/21.
Na semana anterior, o avanço era de 1,7%, enquanto, no mesmo período do ano passado, o índice era significativamente maior, 10,8%. No Mato Grosso, a diminuição das chuvas auxiliou a colheita, mas o atraso persiste. Além disso, parte da soja colhida no estado chegou aos armazéns com alta umidade, o que pode afetar a qualidade do grão.
No Paraná, o avanço foi mais expressivo, com o estado liderando o ritmo da colheita, seguido por Mato Grosso do Sul. O clima seco das últimas semanas acelerou o ciclo das lavouras em ambas as regiões, embora tenha impactado negativamente a produtividade em algumas áreas, conforme apontado pela AgRural.
Revisão de projeções para a safra de soja
A consultoria ajustou sua estimativa para a safra de soja 2024/25, reduzindo a projeção para 171 milhões de toneladas, uma queda de 500 mil toneladas em relação à previsão de dezembro. O corte reflete as perdas de produtividade no Mato Grosso do Sul, Paraná e Rio Grande do Sul. Por outro lado, Mato Grosso segue com uma excelente safra, embora as chuvas persistentes possam comprometer a qualidade dos grãos caso o clima úmido persista em fevereiro.
Colheita de milho e plantio da safrinha
A colheita do milho da primeira safra 2024/25 alcançou 9% da área cultivada no Centro-Sul, avanço em relação aos 4% da semana anterior, mas ainda abaixo dos 12% registrados no mesmo período de 2023. Os trabalhos concentram-se principalmente nos estados do Sul, que possuem um ciclo de plantio e colheita mais curto.
Já o plantio da segunda safra (safrinha) de milho no Centro-Sul avançou para 2,2% da área estimada, acima dos 0,3% da semana anterior, mas ainda distante dos 11,4% registrados no ano passado. O ritmo lento em Mato Grosso, devido ao atraso na colheita da soja, tem sido compensado pelo Paraná, que lidera o plantio no momento.
Com essas dinâmicas, o Brasil enfrenta desafios climáticos que afetam o ritmo da colheita e a produtividade, mas ainda mantém perspectivas de uma safra robusta, especialmente em estados como Mato Grosso.
Governo Federal busca soluções para reduzir preços dos alimentos
O aumento no custo dos alimentos continua sendo uma das principais preocupações do governo federal. Em reunião realizada no Palácio do Planalto, na quinta-feira, 23 de janeiro, ministros e representantes discutiram estratégias para tornar os produtos alimentícios mais acessíveis à população.
Embora algumas expectativas tenham se voltado para mudanças no sistema de prazos de validade como possível solução, o governo descartou essa ideia.
A reunião, convocada pelo ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT), contou com a presença de Paulo Teixeira (PT), ministro do Desenvolvimento Agrário, Carlos Fávaro (PSD), ministro da Agricultura, e Guilherme Melo, secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda. O objetivo principal foi debater iniciativas para conter a alta nos preços, atendendo a uma das prioridades do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O presidente reforçou o compromisso de sua gestão ao afirmar que o foco é “reconstrução, união e comida barata na mesa do trabalhador”. No entanto, os detalhes sobre as propostas ainda não foram revelados. Uma nova reunião será agendada em breve para apresentar as medidas diretamente ao presidente.
Discussão sobre prazos de validade
Uma sugestão apresentada pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras) envolvia a adoção do conceito de “Best Before” (melhor antes), que indica uma data de preferência para o consumo, sem determinar um descarte imediato após o vencimento. Essa abordagem já é utilizada em países como Estados Unidos e Reino Unido, com o objetivo de reduzir o desperdício de alimentos.
Apesar disso, o governo rejeitou a proposta. O ministro Paulo Teixeira destacou que não há planos para alterar o sistema atual de prazos de validade, citando o risco de confundir os consumidores e comprometer a segurança alimentar.
Inflação agrava o custo da alimentação
O aumento nos preços dos alimentos foi um dos principais fatores que impulsionaram a inflação de 2024, segundo o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). O segmento de alimentos e bebidas acumulou uma alta de 7,69% nos últimos 12 meses, superando a inflação geral, que ficou em 4,83%.
Esse cenário tem impactado especialmente as famílias de baixa renda, que destinam uma parcela maior de seu orçamento à alimentação. Com isso, o controle dos preços no setor alimentício tornou-se uma das prioridades do governo federal para aliviar o peso da inflação no dia a dia da população.
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