A taxa de desemprego no Brasil aumentou para 6,5% no trimestre encerrado em janeiro de 2025, apresentando uma alta de 0,3 ponto percentual em relação ao trimestre anterior (6,2%). Os dados foram divulgados nesta quinta-feira, 27 de fevereiro, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) por meio da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua).
Este aumento representa a segunda variação positiva consecutiva após o menor nível de desocupação já registrado na série histórica, de 6,1%, no trimestre de setembro a novembro de 2024. Apesar da alta, o resultado ficou abaixo das expectativas do mercado, que esperava uma taxa de 6,6%, conforme apontado pela mediana das previsões de analistas consultados pela Reuters.
O número total de desempregados no país somou 7,2 milhões de pessoas, o que representa um aumento de 5,3% (364 mil pessoas) em comparação com o trimestre móvel anterior (agosto a outubro de 2024).
Além disso, a população ocupada encolheu para 103 milhões, uma queda de 0,6% (menos 641 mil pessoas), e o nível de ocupação, que indica o percentual de pessoas empregadas na população em idade de trabalhar, recuou para 58,2%, representando uma diminuição de 0,5 ponto percentual frente ao trimestre anterior (58,7%).
William Kratochwill, analista da pesquisa, destacou em nota que, embora a taxa de desemprego tenha sido inferior à do mesmo período de 2024 (7,6%), a variação de 0,3 ponto percentual entre o trimestre de outubro de 2024 e janeiro de 2025 foi a maior desde 2017. “Essa alta é relevante, pois marca uma retomada da trajetória de aumento da desocupação, que não acontecia desde 2019”, concluiu.
Redução da Informalidade
A taxa de informalidade, que representa a proporção de trabalhadores informais na população ocupada, foi de 38,3%, o que corresponde a 39,5 milhões de pessoas nessa situação.
Esse índice foi inferior ao registrado no trimestre anterior (38,9%) e também ao do mesmo período de 2024 (39,0%).
De acordo com o IBGE, a diminuição da informalidade é atribuída à redução do número de trabalhadores sem carteira assinada (13,9 milhões), acompanhada pela estabilidade dos trabalhadores autônomos (25,8 milhões) tanto na comparação trimestral quanto anual.
Apesar disso, o número de trabalhadores no setor privado com carteira assinada (39,3 milhões) permaneceu estável em relação ao trimestre anterior e teve um crescimento de 3,6% em comparação com o mesmo período do ano passado.
Estabilidade nos rendimentos
O rendimento real habitual de todos os trabalhadores foi de R$ 3.343 no trimestre de novembro de 2024 a janeiro de 2025, o que representou um aumento de 1,4% em relação ao trimestre anterior e de 3,7% se comparado ao mesmo trimestre de 2024.
A massa de rendimento real habitual (a soma de todos os salários) atingiu R$ 339,5 bilhões, mantendo-se estável no trimestre, mas apresentando um crescimento de 6,2% no ano, equivalente a um aumento de R$ 19,9 bilhões.
Brasil abre 137 mil vagas de emprego em janeiro, diz Caged
O Brasil abriu 137,3 mil novas vagas formais de emprego em janeiro, de acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados nesta quarta-feira, 26 de fevereiro.
Esse desempenho é resultado de 2,27 milhões de contratações e 2,13 milhões de demissões no mês. Em comparação com janeiro de 2024, houve uma queda de 20,7%, já que no mesmo período do ano passado foram gerados aproximadamente 173,2 mil postos de trabalho com carteira assinada.
O ministro do Trabalho, Luiz Marinho, havia antecipado o número de 100 mil vagas preenchidas em janeiro, conforme divulgado pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) na segunda-feira, 24 de fevereiro.
Quatro dos cinco principais setores econômicos apresentaram saldo positivo em janeiro. A indústria liderou a criação de empregos, com 70 mil novas vagas, seguida pelos setores de serviços (45,1 mil), construção (38,3 mil) e agropecuária (35,7 mil). A negociação foi o único setor a registrar saldo negativo, com 52,4 mil demissões.
Entre as unidades federativas, 17 dos 27 estados apresentaram saldo positivo no mês, com destaque para São Paulo (36 mil), Rio Grande do Sul (26 mil) e Santa Catarina (23 mil).
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