Em 2024, o Brasil registrou um aumento significativo no rendimento domiciliar per capita, que alcançou a marca de R$ 2.069, o que representa uma alta de 9,30% em relação ao ano anterior, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nesta sexta-feira, 28 de fevereiro.
Esse crescimento superou a inflação acumulada no período, que foi de 4,83%. Apesar dessa melhoria, a disparidade no rendimento entre os estados permanece um desafio estrutural, com diferenças substanciais que refletem as desigualdades socioeconômicas do país.
A desigualdade regional
A diferença entre o rendimento domiciliar per capita no Maranhão e no Distrito Federal ilustra de forma clara a disparidade que ainda persiste no Brasil. Enquanto o Maranhão registra o menor valor, com apenas R$ 1.077, o Distrito Federal apresenta o maior, com R$ 3.444. A diferença entre esses dois estados chega a impressionantes R$ 2.367, valor superior à média nacional, evidenciando a desigualdade entre as diversas regiões brasileiras.
Essa disparidade, já observada em 2023, quando o Maranhão teve um valor de R$ 945 e o Distrito Federal R$ 3.357, mostra que, apesar do aumento geral no rendimento nacional, as desigualdades regionais continuam acentuadas. A concentração de riqueza em algumas áreas e a falta de infraestrutura e oportunidades em outros são aspectos centrais para compreender essas diferenças.
PNAD Contínua e cálculo do rendimento domiciliar per capita
O cálculo do rendimento domiciliar per capita é feito dividindo o total de ganhos das pessoas de uma residência pelo número de moradores. Esse indicador considera tanto os salários do trabalho quanto outras fontes de renda, como pensões e ajudas.
É importante destacar que, mesmo com o crescimento geral na renda, uma pesquisa aponta que as regiões Norte e Nordeste ainda apresentam os menores valores. Estados como Maranhão, Amazonas e Ceará estão entre os que registram valores mais baixos, corroborando a ideia de que a desigualdade social e econômica no Brasil reflete fatores históricos e estruturais que ainda não foram superados.
A Lei Complementar 143/2013
Os dados do rendimento domiciliar per capita também são fundamentais para o cálculo dos impostos do Fundo de Participação dos Estados (FPE), que visa garantir a distribuição de recursos entre as unidades federativas. A Lei Complementar 143/2013 estabelece critérios para essa taxa, considerando o rendimento per capita como um fator essencial para a redistribuição das receitas da União.
Esse aspecto é crucial para entender como os recursos federais são alocados entre os estados. Enquanto estados com maior rendimento, como o Distrito Federal, recebem mais recursos, os estados com valores menores, como o Maranhão, acabam recebendo menos, perpetuando um ciclo de desigualdade.
O impacto das regiões Sul e Sudeste
Por outro lado, as regiões Sul e Sudeste destacam-se com rendimentos mais elevados. São Paulo, o estado mais populoso do país, liderou a lista com R$ 2.662, seguida pelo Rio de Janeiro, com R$ 2.490. Outras unidades da Federação, como Paraná e Santa Catarina, também figuram entre os estados com os maiores rendimentos, com valores acima de R$ 2.400. Esses estados beneficiam de uma economia mais desenvolvida e industrializada, com maior acesso a indústrias desenvolvidas e melhores condições de infraestrutura.
A predominância de valores mais altos nessas regiões reflete a concentração de indústrias, universidades e grandes centros financeiros. Em contrapartida, o Norte e o Nordeste, historicamente mais dependentes de atividades primárias e com menos investimentos em educação e tecnologia, ainda enfrentam grandes desafios para melhorar seus indicadores econômicos.
A recuperação pós-pandemia e o panorama de 2024
A pesquisa também reflete o impacto da pandemia de COVID-19 nos dados de rendimento. Durante os anos de 2020 e 2021, houve uma queda acentuada nas taxas de coleta devido às medidas de isolamento social e dificuldades de acesso aos domicílios. Em 2022, a recuperação foi visível, e em 2023, os níveis de coleta foram estabilizados, permitindo uma previsão mais precisa para 2024.
A recuperação da pesquisa e a retomada das taxas de aproveitamento das entrevistas em 2023 possibilitaram uma análise mais precisa dos dados, especialmente no que diz respeito aos indicadores de rendimento domiciliar per capita. Isso mostra que, apesar das adversidades enfrentadas nos últimos anos, o Brasil começa a apresentar sinais de recuperação econômica, com o crescimento da renda média, embora as disparidades regionais ainda representem um desafio específico.
Veja o rendimento domiciliar per capita médio de 2024 em cada estado:
- Maranhão: R$ 1.077
- Amazonas: R$ 1.238
- Ceará: R$ 1.225
- Acre: R$ 1.271
- Piauí: R$ 1.350
- Bahia: R$ 1.366
- Alagoas: R$ 1.331
- Pará: R$ 1.344
- Sergipe: R$ 1.473
- Pernambuco: R$ 1.453
- Roraima: R$ 1.538
- Amapá: R$ 1.514
- Rondônia: R$ 1.717
- Tocantins: R$ 1.737
- Rio Grande do Norte: R$ 1.616
- Paraíba: R$ 1.401
- Minas Gerais: R$ 2.001
- Espírito Santo: R$ 2.111
- Goiás: R$ 2.098
- Mato Grosso do Sul: R$ 2.169
- Mato Grosso: R$ 2.276
- Paraná: R$ 2.482
- Rio de Janeiro: R$ 2.490
- Rio Grande do Sul: R$ 2.608
- Santa Catarina: R$ 2.601
- São Paulo: R$ 2.662
- Distrito Federal: R$ 3.444
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