Em cargos de gerência, mulheres chegam a ganhar 25% menos que homens

O primeiro Relatório Nacional de Transparência Salarial revelou que as mulheres no Brasil recebem, em média, 19,4% menos do que os homens. Em cargos de gerência ou diretoria, essa disparidade salarial chega a 25,2%, com os salários das mulheres sendo substancialmente inferiores aos dos homens.
Este relatório foi elaborado em conjunto pelo Ministério do Trabalho e Emprego e pelo Ministério das Mulheres, após a promulgação da lei de igualdade salarial, que exige que empresas com mais de cem funcionários divulguem seus dados de empregados e remunerações ao governo federal.
Quando se analisa a disparidade salarial por raça e cor, observa-se que as mulheres negras são as mais desvalorizadas. Os números médios de salários mensais são os seguintes:
- O valor médio da remuneração no Brasil é de R$ 4.472;
- Homens não negros recebem, em média, R$ 5.718;
- A média de remuneração de homens negros é de R$ 3.844;
- Mulheres não negras ganham, em média, R$ 4.452;
- Mulheres negras recebem uma média de R$ 3.041.
Um total de 49.587 empresas respondeu aos questionamentos dos ministérios, representando 17,7 milhões de vínculos empregatícios, o que equivale a 41,6% do total de vínculos do país. Dentre essas empresas, 33% estão localizadas em São Paulo.
No entanto, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e a Confederação Nacional do Comércio (CNC) moveram uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) contestando partes da lei que promove a igualdade salarial entre homens e mulheres, com receio da exposição de dados e contratações das empresas.
O Ministério do Trabalho esclarece que o objetivo do governo não é expor os dados individuais das pessoas com a divulgação do relatório. A lista de cargos e salários fornecida pelas empresas ficará sob sigilo do governo. Os ministérios utilizaram a Classificação Brasileira de Ocupações (CBO) para classificar os cargos, cruzando os códigos de ocupação, os gêneros que ocupam os cargos (homens ou mulheres) e os respectivos salários.
Eu não quero discutir nomes, queremos saber a diferença, para a partir daí discutir a responsabilidade desse país. Para quem ganha um salario mínimo, 200 reais a menos faz muita diferença. Não vamos admitir atraso, retrocesso e conservadorismos no direito das mulheres
ministra das Mulheres, Cida Gonçalves
Apenas 32% das empresas no país, com mais de cem funcionários, implementaram alguma medida de incentivo à contratação de mulheres, enquanto 38% delas têm políticas de promoção de mulheres para cargos de gerência e diretoria.
Esses dados foram revelados após a entrada em vigor da Lei de Igualdade Salarial, aprovada em julho do ano passado. O governo estipulou um prazo até o dia 8 deste mês para que as empresas fornecessem essas informações, visando alimentar o relatório sobre a transparência salarial.
A bancada feminina no Senado sempre foi passada para trás quando o assunto era esse (igualdade salarial). Foi assim na reforma trabalhista. Por isso, no segundo turno, pedi ao presidente Lula o projeto de igualdade salarial
ministra do Planejamento e ex-senadora, Simone Tebet
Nos estados de Sergipe e Piauí, as diferenças salariais entre homens e mulheres também são menores, com elas recebendo 7,1% e 6,3% menos do que os homens, respectivamente. No entanto, é importante observar que ambos os estados têm uma remuneração média menor: R$ 2.975,77 em Sergipe e R$ 2.845,85 no Piauí.
Por outro lado, no Distrito Federal, onde a remuneração média é mais alta, atingindo R$ 6.326,24, a desigualdade salarial entre homens e mulheres é menor que a média nacional, com elas recebendo 8% a menos que os homens. Este dado é baseado em um universo de 1.010 empresas, totalizando 462 mil ocupados.
São Paulo se destaca como o estado com o maior número de empresas participantes, totalizando 16.536, e uma ampla diversidade de situações. Nesse estado, as mulheres recebem 19,1% a menos do que os homens, praticamente refletindo a desigualdade média nacional. A remuneração média em São Paulo é de R$ 5.387.