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Enchentes prejudicam produção de leite no RS: mais de 50% dos produtores foram afetados

As inundações impactaram todos os principais setores da atividade agropecuária no Rio Grande do Sul. No entanto, na pecuária leiteira, em especial, a tragédia pode ter acelerado um declínio já em curso há anos.

Os produtores rurais dedicados à pecuária leiteira estão enfrentando margens cada vez mais estreitas, principalmente devido ao aumento dos custos associados à atividade. Esta situação é especialmente preocupante no Rio Grande do Sul, um estado que sofreu uma grave estiagem por três anos consecutivos antes das chuvas de 2024.

Atualmente, apenas 32 mil propriedades fornecem matéria-prima para os grandes laticínios do estado, em comparação com as 80 mil de uma década atrás. Esse declínio dramático reflete os desafios crescentes enfrentados pelos produtores de leite, que agora precisam lidar não apenas com a seca, mas também com as consequências das inundações.

Prejuízos no setor

Atualmente, estima-se que cerca de metade dos produtores de leite no Rio Grande do Sul foram afetados pelas recentes inundações. As estradas bloqueadas e as mais de 50 pontes destruídas ou danificadas prejudicaram significativamente a logística de coleta de matéria-prima.

De acordo com Guilherme Portella, presidente do Sindilat e diretor da Lactalis, a captação de leite já sofreu uma queda de 30% devido às chuvas. Para contornar essa situação, a indústria local e as cooperativas estão se mobilizando para encontrar alternativas de transporte.

Em alguns casos, quando um laticínio não consegue acessar determinada área, empresas concorrentes com acesso por rotas alternativas assumiram a responsabilidade de coletar o leite, demonstrando uma colaboração essencial para evitar uma queda ainda maior na captação de matéria-prima.

Além dos desafios logísticos, os problemas no fornecimento de energia elétrica estão causando sérios impactos no setor leiteiro. Sem eletricidade, produtores e indústrias dependem de geradores para manter o leite resfriado.

No entanto, quando não há equipamentos disponíveis ou quando o combustível dos geradores se esgota, não resta outra opção senão descartar o leite. Estimativas preliminares indicam que a indústria deixou de receber entre 3 e 4 milhões de litros de leite por dia no estado.

Para lidar com esses desafios, o Sindilat solicitou ao Ministério da Agricultura e à Secretaria da Agricultura do estado uma flexibilização das regras para coleta de leite e inspeção de produtos de origem animal. Essa medida ajudou a reduzir os prejuízos em cerca de 10%, conforme relatado por Portella.

Apesar dos esforços para minimizar os impactos das inundações na atividade, muitos produtores perderam infraestrutura essencial para a produção, incluindo galpões, ordenhadeiras, tanques, pastagem e até mesmo parte do rebanho.

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