De acordo com o debate feito pelos especialistas em reunião, a expectativa é que a Taxa Selic se mantenha em 10,50% ao ano
Os quatro maiores bancos privados do Brasil – Itaú, Bradesco, Santander e BTG Pactual – não acreditam ser possível um corte de juros na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, marcada para quarta-feira (19). A expectativa é que a taxa Selic permaneça nos atuais 10,50% ao ano.
Anteriormente, a maioria dos bancos consultados pelo Banco Central na semana passada esperava uma redução de 0,25 ponto percentual, para 10,25% ao ano.
O que é a Selic?
A Selic, taxa básica de juros da economia brasileira, influencia outros índices de juros no país, como empréstimos e financiamentos, e é o principal instrumento do Banco Central para controlar a inflação.
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O que os bancos falam?
Bradesco: “Esperamos estabilidade nos juros. A comunicação mais enfática do Banco Central sobre a preocupação com a desancoragem das expectativas de inflação nos leva a crer que não haverá cortes de juros nas próximas decisões.”
Santander: “Na última reunião, o Copom mostrou preocupação com as expectativas de inflação. Acompanhando esse movimento, acreditamos que as expectativas pioraram ainda mais. Não esperamos cortes na reunião e revisamos nossa projeção para a Selic no fim de 2024 para 10%.”
Itaú: “Com expectativas de inflação crescentes, atividade econômica resiliente e incertezas internas e externas, não vemos mais espaço para cortes adicionais de juros. Revisamos nossa projeção da Selic para 10,50% no final de 2024 e 2025.”
BTG Pactual: “Esperamos que o Copom encerre o ciclo de cortes na taxa Selic, mantendo-a em 10,50% ao ano. Apesar de um grande dissenso, todos os membros do comitê concordaram em adotar uma política monetária mais cautelosa devido ao cenário global incerto e à resiliência na atividade doméstica.”
O patamar elevado da Selic tem sido criticado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que argumenta que os juros altos não condizem com a inflação atual de 4%. O Banco Central, no entanto, diz que suas decisões são técnicas e visam conter a inflação, prejudicial principalmente para a população de baixa renda.
Além disso, o lucro líquido dos bancos atingiu um novo recorde histórico de R$ 144,2 bilhões em 2023. Para definir a Selic, o Banco Central considera a inflação futura, uma vez que mudanças na taxa demoram de seis a 18 meses para impactar a economia.
Especialistas apontam que juros altos têm várias consequências, como:
- Juros bancários: A tendência é que as taxas cobradas dos clientes bancários se mantenham estáveis.
- Crescimento econômico: Juros altos podem conter o consumo e dificultar investimentos, impactando negativamente o PIB, emprego e renda.
- Contas públicas: Aumentam as despesas com juros da dívida pública, que somaram R$ 718 bilhões em 2023.
- Investimentos: Renda fixa pode se tornar mais atraente, enquanto o mercado acionário perde atratividade.
O cenário global incerto e a política do Banco Central norte-americano também influenciam a decisão de manter uma política de juros mais conservadora no Brasil.