Apple possui um valor de mercado estimado em R$ 18 trilhões contra R$ 2,1 trilhões das brasileiras
Saber quais são as principais empresas brasileiras é uma dúvida muito comum entre os investidores brasileiros, principalmente entre os iniciantes. Ao contrário de outros países, como os Estados Unidos, atualmente o Brasil possui apenas uma bolsa de valores, a B3, que concentra as principais companhias do país.
Segundo a instituição, as maiores empresas são aquelas que possuem o maior valor de mercado (Market Cap), ou seja, aquelas que têm o maior número de ações em circulação naquele momento.
Atualmente, essas são as 10 maiores empresas do Brasil listadas na bolsa de valores e seus respectivos market caps:
- Petrobras (PETR4): R$ 568 bilhões
- Itaú Unibanco (ITUB4): R$ 315 bilhões
- Vale (VALE3): R$ 309 bilhões
- Ambev (ABEV3): R$ 201 bilhões
- BTG (BPAC11): R$ 169 bilhões
- Banco do Brasil (BBAS3): R$ 165 bilhões
- WEG (WEGE3): R$ 140 bilhões
- Bradesco (BBDC3): R$ 136 bilhões
- Santander (SANB11): R$ 109 bilhões
- ITAÚSA (ITSA4): R$ 108 bilhões
Somando o valor de mercado de cada uma delas, temos um total de R$ 2,1 trilhões. Porém, no comparativo com a Apple, a empresa mais valiosa do mundo, esse valor é bastante superado, com a Big Tech estadunidense atingindo o patamar de US$ 3,18 trilhões (aproximadamente R$ 18 trilhões), segundo a revista Forbes, sendo inclusive a primeira empresa no mundo a atingir esses valores.
Por que a Apple é tão valiosa?
Segundo Henrique Castiglione, CEO da EWZ Capital, a confiança dos consumidores na marca consolidou a empresa na liderança do mercado.
“A Apple vale tanto porque conseguiu criar uma marca que todos conhecem e confiam. O Steve Jobs fez com que a empresa se tornasse sinônimo de inovação e alta qualidade, ele sempre acreditou em produtos que as pessoas amavam e que resolvessem problemas de forma intuitiva”, declara.
Além disso, a confiabilidade na marca e os princípios da empresa, como a missão e os valores focados no consumidor, contribuíram para seu sucesso.
“A marca lançou produtos marcantes e inovadores ao longo dos anos, como o iPhone, iPad, Mac e serviços como iCloud e Apple Music, criando um ecossistema integrado que fideliza os clientes. Sua visão de criar os melhores produtos do mundo e deixar o mundo melhor, junto com uma missão de tornar a vida dos consumidores mais fácil, desde CEOs até estudantes, sustenta seu sucesso”, afirma Hulisses Dias, especialista em investimentos.
Por que existe uma discrepância tão grande para as empresas brasileiras?
Essa diferença pode ser explicada pelo mercado em que a Apple e outras gigantes estadunidenses estão inseridas, já que o número de investidores nos Estados Unidos é muito maior que no Brasil.
“O mercado de investimentos de ações norte-americano é monstruosamente maior que o brasileiro. Na verdade, o mercado de investimentos americano responde por 60% do mercado de investimentos do mundo. E o Brasil nem por 1%. Então, consequentemente, as empresas que são listadas nos EUA estão expostas a um número muito maior de investidores”, explica o economista Bruno Corano.
Outro ponto importante é o número de empresas listadas na bolsa de valores, que é mais de 10 vezes menor que nos EUA.
“A B3 (Bolsa de Valores do Brasil) tem cerca de 400 empresas listadas, enquanto a Bolsa de Valores de Nova York e a NASDAQ, juntas, têm mais de 5.000. Isso mostra a diferença na quantidade de oportunidades de investimento e no acesso ao capital”, esclarece Castiglione.
É possível que alguma empresa brasileira atinja um patamar parecido?
Para Castiglione, a missão das empresas brasileiras é bastante complicada, mas não impossível, sendo necessária uma transformação no mercado brasileiro e na forma de empreender.
“É difícil, mas não impossível. Algumas empresas brasileiras já estão se destacando mundialmente, como a Embraer e a Natura. Para uma empresa brasileira atingir o nível da Apple, precisamos de um ambiente de negócios mais favorável, com menos burocracia e mais incentivos para inovação. Também é importante desenvolver o mercado de capitais no Brasil e incentivar a internacionalização das empresas”, afirma.
O que os empresários brasileiros podem aprender com a Apple?
Hulisses Dias acredita que a principal lição que a Big Tech pode deixar para os empresários brasileiros é a de prezar sempre pela qualidade.
“A excelência nos serviços e produtos é um dos pilares que sustentam o sucesso da Apple. A empresa é conhecida por sua obsessão em entregar produtos que não só atendam às necessidades dos consumidores, mas que também ofereçam uma experiência única e memorável. Cada detalhe é meticulosamente pensado, desde a concepção do design até a usabilidade final”, declara.
“A Apple se esforça para garantir que a interação com seus produtos seja fluida e satisfatória. Isso inclui tudo, desde a facilidade de navegação no sistema operacional até a forma como os produtos se integram perfeitamente uns com os outros”, complementa Dias.
Já Castiglione entende que o investimento em inovação e tecnologia é fundamental para o desenvolvimento do mercado brasileiro.
“E claro, a Apple investe pesado em pesquisa e desenvolvimento para sempre estar à frente, e não parar de avançar. Em 2023, a Apple investiu cerca de 27 bilhões de dólares em P&D, aproximadamente 7% de sua receita total, isso é crucial para manter a liderança no mercado e é uma lição valiosa para as empresas brasileiras”, conclui o especialista.
