O comércio varejista brasileiro registrou uma retração de 1% no volume de vendas em junho de 2024, em comparação ao mês anterior, segundo a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Esse desempenho reflete uma desaceleração no setor, que havia experimentado um crescimento de 0,9% em maio.
Desempenho setorial
A queda de 1% nas vendas foi influenciada por retrações em várias atividades do comércio. Os segmentos de hiper e supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo tiveram uma diminuição de 2,1%. O setor de outros artigos de uso pessoal e doméstico também recuou 1,8%, seguido por tecidos, vestuário e calçados, com uma queda de 0,9%, e livros, jornais, revistas e papelaria, com uma leve redução de 0,3%.
Por outro lado, algumas categorias de produtos conseguiram compensar parte das perdas. O setor de combustíveis e lubrificantes cresceu 0,6%, enquanto equipamentos e material para escritório, informática e comunicação tiveram uma alta de 1,2%. Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria registraram um aumento de 1,8%, e o setor de móveis e eletrodomésticos apresentou o melhor desempenho, com uma alta de 2,6%.
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Comparações anuais e acumuladas sobre vendas
Apesar do resultado negativo de junho, o comércio varejista apresentou crescimento em outras bases de comparação. Em relação a junho de 2023, houve um aumento de 4% nas vendas. No acumulado de 2024, o setor registrou um avanço de 5,2%, e, nos últimos 12 meses, a alta foi de 3,6%.
No que diz respeito à receita nominal, os dados também são mistos. Houve uma leve queda de 0,1% em relação a maio de 2024, mas um crescimento significativo de 9% na comparação anual. No acumulado do ano, a receita aumentou 8,3%, e nos últimos 12 meses, o avanço foi de 5,9%.
Varejo ampliado
O comércio varejista ampliado, que inclui os segmentos de veículos e materiais de construção, teve um desempenho mais robusto, com um crescimento de 0,4% em junho, comparado a maio. Especificamente, o setor de materiais de construção registrou uma alta de 4,8%, enquanto o de veículos, motos, partes e peças subiu 3,9%.
Comparando com junho de 2023, o varejo ampliado cresceu 2%. O acumulado do ano até junho de 2024 apresentou um avanço de 4,3%, e, nos últimos 12 meses, o crescimento foi de 3,5%. A receita nominal do varejo ampliado teve um aumento de 0,8% em relação a maio, 6% na comparação anual, 6,7% no acumulado de 2024 e 5,5% nos últimos 12 meses.
Perspectivas e análises
O recuo nas vendas de junho pode ser visto como um reflexo das incertezas econômicas e das oscilações no consumo das famílias, influenciadas por fatores como inflação, crédito mais caro e um mercado de trabalho que ainda enfrenta desafios. Entretanto, o crescimento em categorias específicas indica que o consumo não foi completamente retraído, mas redistribuído entre diferentes setores.
A continuidade do crescimento no acumulado do ano e nos últimos 12 meses sugere uma resiliência do comércio varejista, apesar dos desafios econômicos. A expectativa para os próximos meses dependerá da capacidade do setor de se adaptar a um cenário econômico volátil e da resposta dos consumidores a essas mudanças.