A demissão parece uma solução rápida em crises, mas pode aumentar custos. Entenda como evitar prejuízos analisar processos internos e focar em eficiência
Em momentos de crise, muitas empresas enxergam a folha de pagamento como uma forma rápida de cortar custos. Afinal, a despesa com pessoal é geralmente uma das mais altas, o que torna a demissão de funcionários uma solução que parece imediata e prática. No entanto, diversas pesquisas e evidências mostram que essa decisão pode resultar em mais prejuízos do que benefícios.
Segundo o The US Conference Board, 30% das empresas que optaram por demitir funcionários para reduzir despesas acabaram registrando um aumento nos custos. Isso ocorre, em parte, devido à má gestão dessas demissões, o que pode resultar na perda de profissionais essenciais ao sucesso da empresa.
Demissão não resolve problemas financeiros
A Deloitte destaca que 75% das empresas que demitiram funcionários tiveram que recontratar para as mesmas funções em menos de um ano, mostrando a falta de planejamento adequado.
Além disso, a McKinsey & Company revela que apenas 10% das tentativas de reduzir custos por meio de demissões foram bem-sucedidas após três anos, evidenciando o desperdício de recursos. O erro que muitas empresas cometem é não analisar detalhadamente seus processos antes de cortar custos.
Mantenha o foco no cliente
Segundo a The Economist, as organizações que conseguem sobreviver e prosperar em tempos de crise são aquelas que mantêm o foco em atividades que agregam valor ao cliente e são estratégicas para o negócio. Cortar custos sem uma avaliação criteriosa pode comprometer a eficiência e a qualidade dos serviços prestados.
Esse problema surge porque, ao demitir sem uma análise profunda de como melhorar os processos internos, as empresas reduzem o número de funcionários, mas mantêm a mesma carga de trabalho. Isso sobrecarrega os colaboradores restantes, que passam a lidar com retrabalho e processos ineficazes, o que gera uma queda na qualidade do serviço, afeta o bem-estar dos profissionais e diminui a satisfação dos clientes.
O paradoxo fica ainda mais claro quando observamos que empresas que batem recordes de vendas podem ver suas margens de lucro encolherem trimestre após trimestre. O problema muitas vezes não está apenas no faturamento, mas na gestão ineficiente de custos.
Como garantir uma boa saúde financeira?
Para garantir uma saúde financeira sustentável a longo prazo, é crucial não só vender mais, mas também fazer isso de maneira eficiente, com processos bem estruturados e alocação inteligente de recursos.
O debate não é simplesmente se a demissão deve ocorrer ou não, mas como ela deve ser feita de maneira coesa. Antes de optar por dispensar funcionários, as empresas devem realizar uma análise profunda dos processos internos, identificar ineficiências e concentrar-se em ações que realmente agreguem valor.
A chave para a sustentabilidade corporativa está em desenvolver um ambiente que valorize o talento humano, ao mesmo tempo em que busca eficiência operacional. Assim, é possível gerenciar os custos sem comprometer o futuro da empresa.
Quais os direitos trabalhistas ao ser demitido?
Quando um funcionário é demitido sem justa causa, ele tem direito a uma série de benefícios garantidos por lei. Entre esses direitos estão o aviso prévio, que pode ser trabalhado ou indenizado, o saldo de salário referente aos dias trabalhados no mês da demissão e as férias vencidas ou proporcionais, acrescidas de um terço.
O trabalhador também recebe o 13º salário proporcional ao tempo de serviço no ano. Além disso, o funcionário tem direito à multa de 40% sobre o saldo do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) que deve ser depositada pelo empregador.
Ele também pode sacar o saldo do FGTS e solicitar o seguro-desemprego, caso cumpra os requisitos previstos em lei, como o tempo mínimo de trabalho. Se a demissão for por justa causa, o empregado perde alguns desses direitos, como a multa do FGTS, o saque do fundo e o aviso prévio
Fonte: André Sansverino, Sócio Diretor da MyABCM