Alexandre Bompard, presidente da gigante francesa, fez o anúncio em uma carta ao sindicato agrícola e publicou em suas redes sociais
O CEO do Carrefour, Alexandre Bompard, divulgou nesta quarta-feira (20) um comunicado em suas redes sociais, no qual declarou que a empresa francesa de varejo “assume o compromisso de não comercializar carne proveniente do Mercosul”, bloco que inclui Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai.
A carta foi endereçada a Arnaud Rousseau, presidente da FNSEA (Federação Nacional dos Sindicatos de Agricultores da França), e publicada nas contas de Bompard no Instagram, X e Linkedin. Esse anúncio ocorre em meio aos protestos de agricultores franceses contra o acordo entre a União Europeia e o Mercosul.
O Carrefour ainda não especificou se essa decisão afetará todas as suas lojas na Europa ou se será limitada à operação francesa. No entanto, o Grupo Carrefour Brasil informou ao g1 que a medida não terá impacto nas operações brasileiras, indicando que as unidades no país continuarão adquirindo carne de fornecedores brasileiros.
Apesar disso, o Carrefour não revelou a quantidade de carne do Mercosul ou do Brasil que comercializa. O g1 tentou obter mais informações do Ministério da Agricultura e Pecuária, da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), da Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo) e da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), mas não obteve resposta até a última atualização.
Esse anúncio do Carrefour ocorre um mês após um episódio envolvendo a Danone, outra gigante francesa, que gerou controvérsia ao afirmar que havia interrompido a importação de soja brasileira, o que foi posteriormente desmentido pela Danone Brasil. A legislação da União Europeia, que proíbe a importação de produtos de áreas desmatadas, que foi inicialmente programada para entrar em vigor no final deste ano, foi adiada para 2025.
O impacto do Carrefour na economia brasileira
No terceiro trimestre de 2023, o Carrefour Brasil alcançou vendas brutas de R$ 29,5 bilhões, um aumento de 4,8% em relação ao mesmo período do ano anterior, incluindo a receita de combustíveis. Excluindo os combustíveis, o total foi de R$ 28,7 bilhões, com o mesmo crescimento de 4,8%.
A principal contribuição para esse desempenho veio da divisão de atacarejo, representada pelo Atacadão, que registrou R$ 21,4 bilhões em receita bruta, um crescimento de 8,3% comparado ao ano anterior. Esse aumento foi impulsionado pela abertura de 13 novas lojas no último ano.
O crescimento nas vendas mesmas lojas do Atacadão foi de 5,6%, e no varejo, o aumento foi de 7,1%, excluindo a venda de combustíveis. Apesar da desaceleração no consumo, especialmente entre clientes B2B devido à deflação observada nos meses de julho e agosto, o desempenho do Atacadão foi positivo.
Além disso, o Carrefour Brasil anunciou a venda de 15 imóveis próprios onde estão localizadas lojas Atacadão, por R$ 725 milhões, em um acordo com um fundo de investimento imobiliário. A operação, no modelo “sale-leaseback”, inclui contrato de locação com prazo inicial de 13 anos, renováveis por mais 5 anos, com despesas mensais de aluguel de cerca de R$ 4,8 milhões.
Sobre o Mercosul
O Mercosul (Mercado Comum do Sul) é um bloco econômico formado por países da América do Sul com o objetivo de promover a integração comercial e a cooperação entre seus membros. Criado em 1991, o Mercosul inclui Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e Venezuela como membros plenos.
A Bolívia também foi incorporada recentemente. O bloco busca facilitar o comércio e a circulação de bens, serviços e pessoas entre os países membros, além de adotar políticas comuns em áreas como economia, comércio e transporte.
O Mercosul também mantém acordos comerciais com países fora do bloco, como a União Europeia, embora esses acordos às vezes gerem controvérsias internas. A principal meta é fortalecer a economia regional e promover o desenvolvimento sustentável e a cooperação política e social entre os países membros.
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