Funcionários da Amazon entram em greve nos EUA

Na manhã desta quinta-feira (19), funcionários da Amazon em sete locais diferentes nos Estados Unidos começaram uma paralisação, no meio do período de compras de fim de ano, que é um dos mais movimentados para o comércio.

O principal motivo da greve foi pressionar a Amazon a negociar um contrato coletivo com o sindicato que representa esses trabalhadores, a Irmandade Internacional dos Teamsters (International Brotherhood of Teamsters).

Este sindicato, que é um dos maiores e mais antigos dos Estados Unidos, foi criado em 1903 e representa atualmente cerca de 10 mil trabalhadores da Amazon, espalhados por 10 centros diferentes da empresa.

Funcionários da Amazon em greve nos EUA buscando melhores condições de trabalho.
Greve histórica dos funcionários da Amazon nos EUA exige melhorias trabalhistas e destaca tensões entre empresa e sindicatos |Foto: Reprodução/Brendan McDermid/ Reuters

Os Teamsters chamaram essa greve de a maior já realizada contra a gigante do comércio eletrônico. Embora o número de trabalhadores paralisados seja pequeno em comparação com o total de empregados da empresa, o impacto simbólico foi significativo.

Trabalhadores de cidades como Nova York, Atlanta e São Francisco participaram, buscando pressionar a empresa a negociar com o sindicato para melhorar as condições de trabalho, os salários e os benefícios oferecidos aos funcionários.

Apesar da greve, a empresa tentou minimizar os efeitos, afirmando que suas operações não seriam afetadas de forma significativa, mesmo durante este período de grande movimentação, como é o caso do fim de ano.

A organização, que é o segundo maior empregador privado do mundo, atrás apenas do Walmart, afirmou que a paralisação atingiria apenas uma pequena parcela de seus funcionários.

Atualmente, apenas 1% dos trabalhadores dessa empresa são sindicalizados, o que representa uma parte muito reduzida do total de empregados.

Embora isso sugira que a greve não deve afetar muito as operações globais da companhia, o ato teve um grande impacto, chamando atenção tanto internamente quanto externamente.

Com mais de 600 centros de distribuição e estações de entrega espalhados por diversas regiões dos Estados Unidos, a empresa possui uma presença marcante nas grandes cidades.

Embora a greve tenha ocorrido em apenas alguns desses locais, ela simboliza uma pressão crescente sobre a empresa, que é constantemente criticada por suas condições de trabalho, como os baixos salários e a rotina difícil nos armazéns.

O sindicato Teamsters já havia dado até o dia 15 de dezembro para que a empresa iniciasse as negociações, mas a companhia não demonstrou interesse em atender a essa solicitação, o que levou os trabalhadores a autorizarem a greve.

Sean O’Brien, presidente dos Teamsters, culpou a empresa pela situação, dizendo que ela não cumpriu o prazo estabelecido e ignorou as necessidades dos trabalhadores.

O’Brien também fez uma declaração pública dizendo que, caso as entregas atrasem durante as festas, a culpa seria da “ganância insaciável” da gigante do comércio eletrônico. Ele afirmou que a empresa teve a chance de resolver a situação, mas preferiu ignorá-la, tornando a greve uma consequência direta das suas ações.

Esse confronto reflete a crescente frustração dos trabalhadores com a postura da empresa, especialmente quando se considera os grandes lucros que a companhia tem obtido nos últimos anos.

O posicionamento da empresa

A Amazon, por sua vez, reagiu negativamente às acusações feitas pelos Teamsters. A empresa acusou o sindicato de tentar manipular a opinião pública, afirmando que os Teamsters estavam fazendo uma campanha para enganar as pessoas sobre as condições da empresa.

A Amazon também alegou que o sindicato estava pressionando, intimidando e até mesmo coagindo motoristas e outros funcionários terceirizados a aderirem à greve, o que gerou um confronto entre as duas partes.

Em termos de mercado, a greve não teve grandes consequências imediatas, já que as ações da Amazon subiram 1,5% nas negociações de pré-mercado, o que sugere que os investidores não preveem grandes interrupções nas operações da empresa. Isso pode ser interpretado como uma confiança no poder da Amazon em manter suas operações, independentemente de disputas trabalhistas ou paralisações locais.

No entanto, especialistas observam que a postura da Amazon em relação aos sindicatos pode ser um fator importante a ser considerado no futuro. A empresa tem se mostrado resistente à ideia de negociar com sindicatos, especialmente porque isso poderia incentivar mais ações sindicais em suas instalações ao redor do mundo.

A resistência da empresa em negociar com os sindicatos é uma estratégia que pode ser vista como uma tentativa de evitar um movimento sindical mais forte, que poderia afetar seus custos operacionais e seu controle sobre a força de trabalho.

Atualmente, a Amazon emprega mais de 800 mil pessoas nos Estados Unidos, mas a maior parte desses trabalhadores não é sindicalizada. Isso é parte da estratégia da empresa de manter um controle rígido sobre as condições de trabalho e os salários, minimizando a possibilidade de ações sindicais que possam alterar essa estrutura.

Além disso, a Amazon tem uma rede de mais de 600 centros de distribuição, que são responsáveis por grande parte de sua logística e entregas rápidas, o que torna a operação da empresa extremamente complexa e difícil de afetar diretamente por uma greve em uma ou poucas instalações.

Enquanto isso, o conflito entre a Amazon e os Teamsters reflete uma disputa mais ampla sobre as condições de trabalho em grandes empresas de logística e varejo.

Os trabalhadores estão cada vez mais se organizando para exigir melhores condições de trabalho, incluindo salários mais altos, benefícios melhores e condições de segurança adequadas.

A greve dos Teamsters contra a Amazon pode ser vista como parte dessa onda crescente de mobilizações em todo o país, à medida que os trabalhadores buscam um reconhecimento mais justo e melhores condições no local de trabalho.

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