Os acionistas da Apple votaram nesta terça-feira, 25 de fevereiro, para manter as políticas de diversidade, equidade e inclusão (DEI) da empresa. Isso foi uma vitória para a administração da Apple, que rejeitou a tentativa de um grupo conservador de acabar com o programa.
A votação aconteceu na reunião anual da fabricante do iPhone e mostrou o que os acionistas pensam sobre a importância das iniciativas DEI. Muitas empresas começaram ou fortaleceram essas políticas depois de 2020, especialmente com o movimento Black Lives Matter.
Nos últimos anos, grupos conservadores têm pressionado grandes empresas dos EUA, como Meta e Google, a deixarem de lado essas iniciativas, ainda mais com a volta de Donald Trump à presidência. Trump já criticou esses programas, dizendo que são discriminatórios, e sugeriu que o Departamento de Justiça dos EUA poderia investigar se eles violam alguma lei.
O National Center for Public Policy Research, um grupo conservador que defende menos intervenção do governo e mais liberdade para empresas, propôs na reunião dos acionistas da Apple que a empresa parasse com seus esforços DEI. Mas a proposta foi rejeitada por uma grande diferença de votos: 210,45 milhões a favor e 8,84 bilhões contra.
Os apoiadores da proposta disseram que mudanças recentes nas leis poderiam levar a processos por discriminação se a Apple continuasse com essas políticas. A empresa respondeu que tem mecanismos para evitar problemas legais e que a proposta seria uma interferência desnecessária na gestão da companhia.
Embora a Apple compartilhe informações sobre a diversidade de seus funcionários, a empresa não estabelece metas ou cotas. Seus esforços incluem iniciativas como um programa de justiça racial que apoia universidades historicamente negras nos EUA. Fora do país, a Apple investe em projetos de inclusão, como aulas de programação para comunidades indígenas no México e parcerias com grupos aborígenes na Austrália para reformar a justiça criminal.
No passado, acionistas da Apple já rejeitaram propostas para divulgar mais detalhes sobre desigualdades salariais entre diferentes raças e gêneros. Na reunião de terça-feira, o CEO da Apple, Tim Cook, disse que a força da empresa vem da diversidade de talentos e do trabalho em equipe entre pessoas com diferentes histórias e pontos de vista.
No entanto, Cook reconheceu que, se as leis mudarem, a empresa pode precisar fazer ajustes para continuar dentro das regras, mas garantiu que seu compromisso com respeito e dignidade para todos não mudará.
O mesmo grupo conservador que pressionou a Apple também tentou convencer a Costco Wholesale a revisar os riscos de suas iniciativas DEI. Mas, em uma reunião em janeiro, os acionistas da empresa rejeitaram a proposta por ampla maioria.
Apple investirá US$ 500 bilhões nos EUA em quatro anos
A Apple anunciou na segunda-feira, 24 de fevereiro, um plano ambicioso de investir US$ 500 bilhões (R$ 2,865 trilhões) nos Estados Unidos nos próximos quatro anos. O projeto inclui a expansão da produção de servidores para inteligência artificial (IA), investimentos em sua infraestrutura tecnológica e fortalecimento do setor de conteúdo para streaming.
Um dos principais destaques é a construção de uma nova fábrica no Texas, com 23 mil metros quadrados, dedicada ao desenvolvimento de servidores para IA. A unidade deve ser concluída até 2026 e gerar cerca de 20 mil empregos, principalmente em pesquisa e desenvolvimento.
Além disso, a Apple firmou parceria com a Foxconn para construir uma fábrica em Houston, onde será feita a montagem de servidores para a central de processamento de dados do “Apple Intelligence”, conjunto de serviços de IA da empresa. Com isso, a produção desses servidores, antes realizada fora dos EUA, passará a ser feita no país.
O anúncio reflete a estratégia da Apple de reforçar sua presença nos Estados Unidos. Durante o primeiro governo de Donald Trump, a empresa já havia comprometido US$ 350 bilhões (R$ 2,008 trilhões) em investimentos no país ao longo de cinco anos. Agora, o novo plano de investimentos também acompanha mudanças no cenário global, incluindo tensões comerciais com a China.
A Apple também ampliou seu Fundo de Manufatura Avançada, que passou de US$ 5 bilhões (R$ 28,65 bilhões) para US$ 10 bilhões (R$ 57,3 bilhões). Parte desse investimento será destinada à fábrica da TSMC no Arizona, onde são produzidos chips avançados essenciais para os dispositivos da empresa. Embora não tenha divulgado detalhes do acordo com a fabricante taiwanesa, a Apple afirmou que o fundo tem sido essencial para o desenvolvimento da infraestrutura necessária para manter sua cadeia de suprimentos nos EUA.
Com esse novo investimento, a Apple reforça sua aposta na inovação e no desenvolvimento de inteligência artificial, ao mesmo tempo em que fortalece sua base industrial nos Estados Unidos, gerando empregos e reduzindo sua dependência de fornecedores estrangeiros.
Trump comemora investimento da Apple de US$ 500 bi nos EUA
O ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, celebrou nas redes sociais o anúncio da Apple sobre um investimento de US$ 500 bilhões no país ao longo dos próximos quatro anos.
“A Apple acaba de divulgar um investimento histórico de US$ 500 bilhões nos Estados Unidos. Isso acontece porque eles confiam no nosso trabalho – sem essa confiança, esse valor não seria investido. Obrigado, Tim Cook e Apple”, publicou Trump na Truth Social.
Na semana passada, Trump e o CEO da Apple, Tim Cook, tiveram uma reunião para discutir os planos da empresa no território americano.
Atualmente, a maior parte dos produtos da Apple é fabricada no exterior por fornecedores terceirizados. Muitos dos itens montados na China podem ser afetados por uma tarifa de 10% aplicada pelo governo dos EUA, embora a empresa tenha recebido incentivos durante o primeiro mandato de Trump.
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