A companhia aérea Voepass entrou com um pedido de tutela preparatória para iniciar seu processo de reestruturação de dívida. A medida tem como objetivo reorganizar os passivos e o fluxo de caixa da empresa, fortalecendo sua estrutura de capital para garantir sustentabilidade no longo prazo. Segundo a empresa, suas operações seguem normalmente, sem impacto imediato para passageiros e colaboradores.
Reestruturação para manter a aviação regional feita pela Voepass
Com 30 anos de atuação na aviação regional, a Voepass se destaca por conectar o interior do Brasil a grandes centros urbanos. Em comunicado, a companhia ressaltou seu compromisso em preservar postos de trabalho e manter sua função social dentro do setor.
“Mesmo diante de tantas adversidades setoriais, considerando todos os desafios que a aviação no Brasil enfrenta há algum tempo, chegamos aos 30 anos de atuação pautando nossa história pela resiliência e pela busca de soluções”, afirmou José Luiz Felício Filho, CEO da Voepass, em entrevista para a CNN.
O executivo reforçou que a medida permitirá que a companhia retome seu equilíbrio financeiro e inicie uma reestruturação que assegure a continuidade de suas operações, garantindo que a aviação regional continue se desenvolvendo no país.
Impactos financeiros e acidente do voo 2283
Apesar de afirmar que possuía uma “ampla malha e saúde financeira” até meados de 2024, a Voepass atribui sua atual situação a diferentes fatores, entre eles a alta do dólar e do petróleo, além dos impactos prolongados da pandemia no setor aéreo.
O acidente com o voo 2283, ocorrido em agosto de 2024, também teve um impacto significativo para a empresa. A aeronave, que fazia o trajeto entre Cascavel (PR) e Guarulhos (SP), caiu no município de Vinhedo (SP), resultando na morte de 62 pessoas. O acidente foi o sexto mais letal da história da aviação brasileira.
A Voepass ressaltou, no entanto, que seu pedido de reestruturação não envolve os processos indenizatórios relacionados ao acidente, que serão resolvidos por meio da seguradora. “A companhia segue empenhada nas tratativas com as famílias para garantir a conclusão do processo da forma mais ágil e satisfatória possível”, informou a empresa em nota.
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Manutenção de compromissos e continuidade das operações
No comunicado oficial, a Voepass garantiu que seguirá honrando seus compromissos com passageiros, colaboradores, parceiros e credores. A empresa também enfatizou que continuará priorizando o pagamento de salários e benefícios de seus colaboradores e que manterá suas atividades operacionais normalmente durante o processo de reestruturação.
Para o setor aéreo brasileiro, o caso da Voepass reforça os desafios financeiros que as companhias enfrentam, especialmente no segmento de aviação regional, onde os custos operacionais são elevados e a dependência de variáveis externas, como preços de combustíveis e taxas cambiais, é maior.
A situação da Voepass ocorre em um momento de reaquecimento do setor aéreo, com fusões e consolidações entre grandes empresas, como a Azul e a GOL. Esse movimento pode redefinir o mercado e trazer novas possibilidades de parcerias ou investimentos para companhias em dificuldades financeiras.
Perspectivas para o futuro
A reestruturação financeira da Voepass será um processo determinante para o futuro da empresa e do setor de aviação regional no Brasil. Especialistas apontam que, se bem conduzida, a medida pode permitir a estabilização das finanças da companhia e possibilitar novos investimentos, garantindo a continuidade das operações e a preservação dos empregos.
Por outro lado, o sucesso da reestruturação também dependerá do comportamento do mercado e da economia nacional nos próximos meses. A volatilidade cambial, os custos do querosene de aviação e o apetite de investidores por empresas do setor serão fatores decisivos para o futuro da Voepass e de outras companhias aéreas em situação semelhante.