O preço do café atingiu níveis recordes em mais de uma década, gerando preocupações de que a bebida popular possa se tornar um produto de luxo. Diversos fatores contribuem para essa disparada, incluindo mudanças climáticas e questões econômicas globais. Entenda o que está por trás desse aumento e o que isso significa para os consumidores e a indústria.
Sendo uma das principais bebidas mais consumidas no mundo, preocupa devido a elevação significativa em seus preços. O Índice de Preço Indicador Composto da Organização Internacional do Café (OIC) alcançou recentemente uma média de US$ 2,27 por libra (cerca de 0,45 kg), o maior valor dos últimos 13 anos.
Esse aumento é resultado de uma combinação de fatores, principalmente as mudanças climáticas e problemas na oferta global.
Fatores que impulsionam o aumento
- Mudanças climáticas
O impacto das mudanças climáticas na produção de café é um dos principais motores do aumento dos preços. Tomas Edelmann, produtor no México, relata que as alterações no clima, como secas prolongadas, afetam diretamente a produção. Com menos grãos disponíveis, os custos de produção aumentam, o que eleva o preço final do produto.
Michael Hoffmann, professor da Universidade Cornell, destaca que o café é especialmente sensível às mudanças de temperatura. Eventos climáticos extremos, como altas temperaturas e secas, são mais frequentes e prejudicam a produção. - Impactos da geada no Brasil
O Brasil, sendo o maior produtor de café Arábica, sofreu com uma geada severa em 2021, que afetou gravemente suas plantações. Essa geada provocou um choque de oferta no mercado, levando a um aumento significativo nos preços dos futuros da mercadoria. Além disso, o custo elevado do Arábica faz com que o Robusta, uma variedade mais barata, também experimente altas nos preços, impactando ainda mais o mercado global. - Problemas na produção de robusta
O café Robusta, utilizado em cafés instantâneos e mais resistente a secas, também está enfrentando problemas. O Vietnã, o maior produtor de Robusta, teve uma queda na exportação devido a condições climáticas adversas. Isso contribui para o aumento geral dos preços, já que o Robusta também se torna mais caro quando a oferta é limitada.
Efeitos no mercado e no consumo
A alta dos preços está começando a ser sentida pelos consumidores e empresas. As fabricantes Lavazza e a Nestlé, proprietária da Nescafé, já relataram aumentos nos preços de seus produtos. A empresa Lavazza mencionou uma “tempestade perfeita” de fatores que elevaram os preços, enquanto a Nestlé citou o aumento dos custos do Robusta como uma razão para a queda em suas margens de lucro.
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Por outro lado, empresas como a Starbucks, que utilizam contratos de preço fixo e estratégias de hedge, podem proteger seus clientes das oscilações temporárias dos preços. Isso significa que os consumidores da Starbucks podem não ver um aumento imediato nos preços, apesar das flutuações no mercado.
O futuro do café
Os especialistas afirmam que, mesmo com o aumento dos preços, a demanda continua forte. Ryan Delany, da Coffee Trading Academy, observa que, para muitos, o preço do café não altera o consumo diário. No entanto, se os preços continuarem a subir, pode-se esperar que se torne um bem mais caro e, eventualmente, um produto de luxo para alguns consumidores.
Enquanto isso, o setor enfrenta uma série de desafios relacionados a mudanças climáticas e questões de oferta. Com a demanda global permanecendo alta e os preços elevados, o futuro do café pode ver uma transformação significativa na maneira como é consumido e percebido.
Em resumo, a alta dos preços do café é uma combinação de fatores climáticos e econômicos, e as mudanças podem fazer com que a bebida se torne um produto de luxo para alguns consumidores. Acompanhar esses desenvolvimentos é crucial para entender as dinâmicas do mercado e o impacto nas nossas xícaras de café.