Astrologia na bolsa de valores: tendência de 2024 ou ilusão?

A utilização da astrologia para guiar decisões financeiras tem se tornado uma tendência curiosa entre alguns investidores. Conhecidos como “investidores do zodíaco”, esses indivíduos recorrem aos astros na esperança de maximizar seus ganhos na bolsa de valores. A prática, embora inusitada, desperta interesse e também alerta de especialistas financeiros que questionam sua validade e relevância.

Segundo dados da B3, a Bolsa de Valores brasileira, há um crescente número de investidores que fazem suas escolhas de acordo com o mapa astral, associando os ciclos planetários à performance das ações. Os registros indicam que cancerianos são o maior grupo em número de investidores: somam mais de 400 mil pessoas com ações na B3. No entanto, os escorpianos detêm o maior patrimônio acumulado, enquanto os librianos, embora em menor número, possuem os maiores valores investidos individualmente.

Astrologia como orientação financeira: uma análise cética

Embora muitos vejam a astrologia como uma ferramenta que poderia influenciar aspectos da vida cotidiana, quando o assunto é investimento, especialistas recomendam cautela. Para Christianne Bariquelli, superintendente de educação da B3, a prática de confiar nos astros para decisões financeiras pode ser um grande risco. Segundo ela, o mais importante é conhecer o próprio perfil como investidor e compreender a tolerância ao risco.

“Para acessar determinados produtos financeiros, é fundamental que o investidor conheça seu perfil. Entender sua disposição para enfrentar perdas e os riscos envolvidos é a chave para tomar decisões mais acertadas”, explica Bariquelli.

Ela destaca que, embora a astrologia possa ser divertida e intrigante, o mercado financeiro exige conhecimento, estudo e preparação. “Investimento não é uma questão de sorte ou destino. Para escolher os ativos certos, o investidor precisa saber como eles funcionam, entender sua rentabilidade e os fatores que influenciam seu desempenho”, acrescenta.

A visão dos astros: o que diz a astrologia financeira?

Para muitos adeptos da astrologia, a ideia de que os astros possam influenciar o comportamento humano é uma crença antiga. No entanto, quando se trata de investimentos, até mesmo astrólogos reconhecem a necessidade de ponderação. Márcia Sensitiva, uma das videntes mais conhecidas do Brasil, afirma que frequentemente recebe perguntas sobre como usar a astrologia para enriquecer.

Apesar de sua fama e da crença de seus seguidores no poder dos astros, Márcia é categórica ao afirmar que não se deve usar o mapa astral para tomar decisões financeiras. “Sou taurina, e tenho os pés no chão. Comigo, a orientação é simples: compre um terreno, construa uma casa, pague seu apartamento e alugue”, diz Márcia. Para ela, a ideia de confiar cegamente nos astros para investimentos pode levar as pessoas a erros financeiros.

“Pare de ser louco. Invista em algo certo, não pare de sonhar, mas estude o mercado. A vida hoje não é mais para quem pula sem paraquedas”, alerta.

O papel do perfil de investidor e o planejamento financeiro

Especialistas financeiros continuam a reforçar a importância de uma abordagem mais racional e informada para quem deseja ter sucesso nos investimentos. Investir na bolsa de valores envolve riscos, e o primeiro passo para qualquer investidor é entender como funcionam os diferentes tipos de ativos disponíveis. Ao avaliar o perfil de investidor, os indivíduos podem tomar decisões com base em suas metas financeiras, horizontes de tempo e tolerância a perdas.

Segundo Bariquelli, o autoconhecimento financeiro é a chave para evitar armadilhas e garantir que os investidores estejam preparados para as oscilações do mercado. “Não há problema em ter crenças pessoais, mas quando falamos de dinheiro, especialmente em grandes quantias, é preciso garantir que suas decisões estejam baseadas em dados concretos e análises financeiras. Isso significa que estudar o mercado e contar com profissionais qualificados é essencial”, conclui.

Leia também: Investimentos sociais: o papel das empresas na transformação da sociedade

A astrologia como ferramenta complementar?

Ainda que a maioria dos especialistas financeiros seja cética em relação ao uso da astrologia como uma ferramenta confiável para investimentos, alguns investidores a veem como um complemento, não como a base de suas decisões. Eles acreditam que os ciclos planetários podem influenciar o comportamento coletivo, o que, em teoria, poderia impactar os mercados.

Contudo, essa visão encontra forte oposição. O mercado financeiro é movido por variáveis econômicas tangíveis, como política monetária, inflação e juros. Fatores psicológicos também desempenham um papel, mas relacioná-los diretamente com os astros não tem comprovação científica. O consenso entre os profissionais do setor é claro: o sucesso nos investimentos vem de estudo, planejamento e uma boa dose de paciência.

Razão ou crença?

A crescente popularidade dos “investidores do zodíaco” é, no mínimo, intrigante. Embora a astrologia tenha seus adeptos em diversas áreas da vida, usá-la como um guia principal para decisões financeiras levanta sérios questionamentos. Para os especialistas, o mercado de investimentos exige mais do que fé nos astros – exige conhecimento, preparação e análise criteriosa.

O conselho final, seja você de qualquer signo, é simples: conheça seu perfil de investidor, busque informações confiáveis e consulte profissionais especializados. Os astros podem até brilhar no céu, mas quem brilha na bolsa é quem se prepara.

Atualize-se.
Receba Nossa Newsletter Semanal

Sugestões para você