Indústria cria menos vagas de trabalho, mas oferece salários mais altos

A indústria, tradicionalmente conhecida por oferecer os maiores salários médios aos trabalhadores formais no Brasil, foi o setor que menos gerou novas vagas de emprego em 2023. De acordo com os dados preliminares da Relação Anual de Informações Sociais (Rais), divulgados pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), a indústria registrou um crescimento tímido de 1,4% no número de empregos formais, equivalente à criação de 121.318 novos vínculos no último ano. No entanto, apesar de ser o setor que menos expandiu em termos de vagas, foi o que proporcionou os maiores salários médios, com R$ 4.181,51 por mês.

Crescimento geral no mercado de trabalho

De acordo com os dados da Rais, os cinco principais setores econômicos do país registraram um aumento no número de empregos formais em 2023. No total, foram criados 1.511.203 novos postos de trabalho, levando o número de trabalhadores com carteira assinada no setor privado a crescer de 42,95 milhões, em dezembro de 2022, para 44,47 milhões no fim de 2023. Portanto, uma variação positiva de 3,5%.

Os maiores destaques ficaram por conta da construção civil e dos serviços. O setor de construção aumentou seu número de empregos formais em 6,8%, com a criação de 181.588 novos vínculos, enquanto o setor de serviços gerou 962.877 novas vagas, resultando em um crescimento de 4,8% em relação ao ano anterior. Outros segmentos também registraram crescimento, como o comércio (2,1%) e a agropecuária (1,9%).

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Apesar da menor expansão em termos de vagas, a indústria continua a se destacar pelos salários oferecidos. O setor pagou, em média, R$ 4.181,51 por trabalhador formal, superando os serviços (R$ 3.714,89), a construção civil (R$ 3.093,97), o comércio (R$ 2.802,51) e a agropecuária (R$ 2.668,58). Além disso, a média salarial do trabalhador brasileiro como um todo subiu 3,6% no último ano, considerando a inflação do período. A média geral de salários pagos passou de R$ 3.390,58, em 2022, para R$ 3.514,24, em 2023.

Regiões e setores em destaque

Geograficamente, a Região Sudeste continua concentrando a maioria dos empregos formais, com 51,2% dos vínculos celetistas (contratos de trabalho regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho – CLT). O Sul (18,4%) e o Nordeste (16,4%) ocupam o segundo e o terceiro lugares, respectivamente, no ranking de empregos formais. No entanto, as regiões que registraram maior crescimento percentual no número de empregos formais em 2023 foram o Norte (5,4%), o Centro-Oeste (4,2%) e o Nordeste (4,2%).

Entre os estados, o Piauí teve o maior crescimento relativo no número de empregos formais, com um aumento de 7,3%, seguido por Amapá (6,8%), Tocantins (6,6%) e Roraima (6,3%).

Além disso, a Rais trouxe dados relevantes sobre outras modalidades de trabalho formal. O número de aprendizes, por exemplo, passou de 55.493 para 546.260, enquanto o número de trabalhadores temporários cresceu de 209.654 para 226.144. Os trabalhadores avulsos também aumentaram, passando de 92.716 para 121.044. No entanto, houve uma leve queda no número de trabalhadores com contratos a prazo determinado: de 148.553 para 133.968.

Inclusão no mercado de trabalho formal

A Rais também destacou o aumento na inclusão de pessoas com deficiência no mercado formal de trabalho. De 2022 para 2023, a proporção de pessoas com deficiência (PCDs) empregadas passou de 1,27% para 1,28%, com destaque para a inclusão de pessoas com deficiências físicas ou múltiplas.

Outro dado interessante foi o crescimento no número de trabalhadores estrangeiros em postos formais no Brasil. O grupo que mais cresceu foi o de venezuelanos, com 124.607 trabalhadores registrados em 2023, seguidos por haitianos (44.481) e paraguaios (13.469). Esse aumento reflete o impacto das migrações em busca de melhores condições de vida e emprego no país.

Mudança na faixa etária dos trabalhadores formais

Em 2023, também foi registrada uma mudança no perfil etário dos empregados formais no setor privado. Houve uma ligeira redução no número de empregados formais com até 39 anos, enquanto o número de trabalhadores mais velhos, especialmente na faixa etária de 40 a 49 anos, aumentou significativamente. Esse dado reflete uma tendência de envelhecimento da força de trabalho brasileira, ao mesmo tempo em que evidencia a necessidade de políticas voltadas para a retenção e qualificação de trabalhadores mais experientes.

Embora a indústria brasileira tenha criado menos vagas de emprego formal em 2023, o setor manteve seu destaque como o que oferece os maiores salários médios aos trabalhadores com carteira assinada. Simultaneamente, o mercado de trabalho como um todo continuou a se expandir, com aumentos expressivos em setores como serviços e construção civil, além de uma inclusão crescente de aprendizes, trabalhadores estrangeiros e pessoas com deficiência no mercado formal.

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