O número de setembro foi apenas o segundo resultado negativo em relação ao emprego nos últimos 12 meses
O Indicador Antecedente de Emprego (IAEmp) caiu 1,4 ponto em setembro para 81,7 pontos, após três meses seguidos de alta. Os números foram divulgados nesta quinta-feira, 3 de outubro, pela Fundação Getulio Vargas (FGV). Na média móvel trimestral, o IAEmp avançou 0,7 ponto.

Segundo Rodolpho Tobler, economista do FGV/Ibre, apesar da queda no mês, é preciso analisar o dado com cautela.
“Embora a queda possa indicar um período de desaceleração nos próximos meses, este é apenas o segundo número negativo nos últimos 12 resultados. O cenário do mercado de trabalho ainda é de aquecimento, e será necessário observar os próximos resultados para confirmar essa expectativa de redução no ritmo de contratação”, afirmou em nota.
Impacto dos juros na geração de emprego
O especialista lembrou que o novo período de alta de juros deve impactar a atividade econômica e, consequentemente, o mercado de trabalho, mas esse efeito será sentido principalmente na virada do ano.
A queda do IAEmp em setembro resultou da contribuição negativa de 4 dos 7 componentes do indicador. Os destaques negativos ficaram com os indicadores de Tendência dos Negócios e de Emprego Previsto da Indústria, que tiveram reduções de 1,0 e 0,7 ponto, respectivamente.
Entre os indicadores que contribuíram positivamente, estão os de Tendência dos Negócios e de Emprego Previsto de Serviços, com 0,4 e 0,3 ponto.
O que é o IAEmp?
O Indicador Antecedente de Emprego (IAEmp) é um índice econômico desenvolvido pela Fundação Getulio Vargas (FGV) que visa antecipar as tendências do mercado de trabalho no Brasil. Ele funciona como um sinalizador do comportamento futuro do emprego, fornecendo previsões sobre a geração de postos de trabalho nos meses seguintes.
O IAEmp é construído com base em dados de diversos setores da economia, como a confiança dos empresários e consumidores, a atividade industrial e o setor de serviços. Com isso, o indicador reflete a percepção dos agentes econômicos sobre as expectativas de contratação, crescimento ou retração do mercado de trabalho.
Esse indicador é importante porque permite que empresas, investidores e o governo se preparem para mudanças no cenário de emprego, ajudando na tomada de decisões estratégicas. Quando o IAEmp apresenta crescimento, é um sinal de que o mercado de trabalho tende a se expandir. Já uma queda no índice pode indicar uma possível retração ou aumento do desemprego em breve.
Inteligência Artificial no mercado de trabalho
Um relatório divulgado pelo Citigroup em junho afirmou que a área de finanças deve ser a mais afetada pela automatização de empregos com a inteligência artificial, já que a tecnologia tende a transformar o setor e aumentar a produtividade dos trabalhadores.

O estudo aponta que 54% dos empregos têm potencial para serem automatizados, segundo o banco. Além disso, há um adicional de 12% de funções que podem ser expandidas com a chegada da tecnologia.
No entanto, a introdução de novas tecnologias nem sempre significa a extinção de cargos ou profissões. O Citigroup exemplifica que o número de atendentes humanos de caixa aumentou entre as décadas de 1970 e 2000, mesmo com a introdução dos caixas de autoatendimento.
Transformações provocadas pela Inteligência Artificial
Em 2023, os maiores bancos do mundo começaram a realizar testes com IA, atraídos pela promessa de aumento de produtividade e corte de custos. No Citigroup, os mais de 40 mil funcionários terão a oportunidade de utilizar diferentes tecnologias.
Além disso, o banco usou inteligência artificial generativa, capaz de produzir frases e até poesias a partir de comandos simples do usuário, para analisar várias páginas de propostas regulatórias.
O JP Morgan tem buscado cada vez mais profissionais especializados em IA, e o CEO do banco acredita que a tecnologia permitirá uma redução da jornada de trabalho para 3,5 dias por semana. Já o Deutsche Bank utiliza IA para analisar carteiras de clientes e possíveis riscos.