Como saber se meus dados foram vazados na internet? 5 dicas para protegê-los

O Brasil ocupa atualmente o sexto lugar no ranking mundial de vazamento de dados, o que coloca cerca de 10% da população em risco de sofrer algum tipo de fraude digital a qualquer momento. Com informações pessoais como CPF, e-mails e números de celular acessíveis a criminosos, a preocupação com a segurança digital se tornou essencial para os brasileiros. Wanderson Castilho, perito em crimes digitais, oferece orientações sobre como identificar vazamentos e adotar medidas de proteção.

O que está em jogo no vazamento de dados?

Dados pessoais são um dos alvos mais cobiçados pelos criminosos digitais. De acordo com informações do Banco Central, e-mails, números de celular e CPF são os principais elementos utilizados para fraudes, especialmente em transações que envolvem o uso do PIX, como explica Castilho:

“Muitos golpes virtuais visam apenas o dinheiro. Embora existam casos de sequestro de informações para chantagem, grande parte dos criminosos busca o lucro rápido, e o PIX é uma das formas mais fáceis para obter acesso direto a contas”.

O perito destaca que os criminosos frequentemente utilizam esses dados para clonar contas e realizar transferências não autorizadas. Isso torna fundamental que os cidadãos estejam atentos a qualquer atividade suspeita, além de adotarem medidas preventivas para proteger suas informações.

Leis e punições: desafios no combate aos crimes digitais

Embora o Brasil tenha avançado em questões de proteção de dados com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), a legislação ainda possui limitações, especialmente na punição de crimes virtuais. A LGPD impõe multas às empresas que permitem o vazamento de dados, podendo variar entre 2% e 10% do faturamento anual da companhia, com um teto de R$ 50 milhões. No entanto, não prevê sanções mais severas que possam desestimular as atividades criminosas.

“A falta de sanções às instituições que falham na proteção dos dados, além da impunidade dos criminosos, gera uma sensação de que esses crimes não têm consequências,” afirma Castilho.

Ele explica que, sem leis mais rígidas, a tendência é que os vazamentos continuem crescendo, expondo cada vez mais pessoas a fraudes. Segundo o perito, essa sensação de impunidade é um incentivo para que novos crimes sejam cometidos.

Como descobrir se seus dados foram expostos?

A prevenção e a prática de boas medidas de segurança digital são os melhores caminhos para evitar as consequências de um vazamento de dados | Foto: Reprodução/Canva
A prevenção e a prática de boas medidas de segurança digital são os melhores caminhos para evitar as consequências de um vazamento de dados | Foto: Reprodução/Canva

Para quem deseja verificar se suas informações foram vazadas, Castilho sugere o uso de ferramentas como o MyActivity, do Google. Esse recurso permite ao usuário monitorar o histórico de atividades e verificar se algum dado pessoal foi comprometido. “O MyActivity permite que o usuário controle suas informações e receba alertas sobre possíveis vazamentos, além de possibilitar a solicitação de remoção desses dados,” orienta o perito. Ele ressalta que esse controle dá ao usuário mais segurança e minimiza o risco de fraudes.

Outra maneira de monitorar a exposição de dados é observar sinais que possam indicar que informações estão sendo utilizadas indevidamente, como notificações de acessos não autorizados e mensagens suspeitas solicitando dados pessoais. Esses sinais podem ser indicativos de que as informações já estão nas mãos de terceiros.

Leia também: Brasil registra 1.379 ataques cibernéticos e se torna vice-campeão mundial

Dicas para proteger seus dados e evitar fraudes

Além de verificar a exposição de dados, é essencial adotar medidas que fortaleçam a segurança digital. Veja as recomendações do especialista para dificultar o acesso de criminosos às suas informações:

  1. Use senhas fortes e exclusivas para cada conta: Muitas pessoas ainda optam por senhas simples ou repetem a mesma combinação em diversas plataformas. Criar senhas complexas, com letras, números e caracteres especiais, e evitar a reutilização é um passo básico para garantir mais segurança.
  2. Ative a autenticação em duas etapas: Essa função adiciona uma camada extra de segurança ao exigir um segundo fator de autenticação, como um código enviado por SMS, além da senha. Segundo Castilho, essa medida é fundamental para proteger as contas, pois dificulta o acesso dos criminosos, mesmo que eles possuam as credenciais básicas.
  3. Cuidado com links e mensagens suspeitas: Golpistas frequentemente utilizam e-mails ou mensagens de texto para atrair vítimas. É importante verificar a procedência de qualquer comunicação que solicite informações pessoais e evitar clicar em links desconhecidos.
  4. Mantenha seus dispositivos atualizados: As atualizações de sistemas operacionais e aplicativos incluem melhorias de segurança que ajudam a proteger contra ameaças recentes. Portanto, manter o dispositivo sempre atualizado é essencial para minimizar vulnerabilidades.
  5. Evite expor informações pessoais em redes sociais: Dados como e-mail, telefone e até mesmo localização podem facilitar golpes, especialmente em redes sociais. Procure restringir ao máximo o compartilhamento dessas informações em perfis públicos.

A importância da conscientização digital

Além das dicas práticas, Castilho destaca a importância da conscientização digital como medida preventiva contra fraudes. “A educação digital é essencial para reduzir a vulnerabilidade das pessoas a crimes virtuais. Ter cuidado com os dados que se compartilha online e entender os riscos ajuda a diminuir os impactos dos vazamentos e reduz as chances de se tornar uma vítima.”

Com a crescente frequência de vazamentos de dados, estar informado sobre práticas de segurança digital é fundamental. Especialmente em um cenário onde leis e sanções ainda não acompanham a complexidade dos crimes virtuais, o poder de proteger as informações pessoais está, em grande parte, nas mãos dos próprios usuários.

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